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Os Limites do Crescimento

Hoje vou começar pelo fim…

Desde o final da Segunda Guerra Mundial que o mundo tem vivido sobe a égide do crescimento, do PIB. Tem sido quase uma corrida contra o tempo a ver quem conseguia crescer mais e mais depressa – uma loucura. O crescimento passou a ser sinónimo, nas folhas de cálculo dos economistas e nas análises dos políticos, de felicidade e de bem-estar, de riqueza e de prosperidade. Era muito bom que tais cálculos ou análises se baseassem num mundo sem fronteiras, sem barreiras e ilimitado. Mas não o é. O mundo em que vivemos é esférico, tem barreiras, tem fronteiras e é limitado. Logo aqui são colocados em xeque os cálculos do necessário crescimento eterno para sustentar um sistema económico que não está desenhado para encontrar limites.
O crescimento que nós como sociedade temos vivido neste mundo desde a década de 1940 – em média aproximadamente 4,5% ao ano – foi um crescimento que assenta as suas bases numa fórmula matemática que foge ao entendimento da maioria do comum dos habitantes deste planeta; O crescimento exponencial.
Vou tentar explicar isso de forma o mais simplista possível.
– Uma taxa de crescimento de 4,5% em média por década significa que a cada 15 anos o mundo está a consumir aproximadamente o dobro daquilo que consumia há 15 anos de modo a conseguir alimentar esse crescimento – mais petróleo, mais carvão, mais matérias-primas, etc.
– Agora imagine que todos os recursos disponíveis no planeta equivaliam a 100.
– Imagine que na década de 1940 o consumo de recursos no planeta equivalia a 4.
– 15 anos depois, 1955, com o mundo a crescer 4,5%, o consumo de recursos no planeta equivalia a 8.
– Passados outros 15 anos, 1970, com o mundo a crescer 4,5%, o consumo de recursos no planeta equivalia a 16.
– Mais 15 anos, 1985… equivalia a 32.
– Mais 15 anos, 2000… equivalia a 64.
– Mais 15 anos, 2015… equivalia a 128.
(P.S: Uma explicação mais aprofundada do crescimento exponencial está no artigo O Petróleo, a Economia e os 7%)
Mas se este nosso mundo “imaginário” só tem 100 para servir de recursos, como então se adaptarão os cálculos e análises do crescimento, do PIB,  a um número que devia ser 128 para sustentar o tão necessário crescimento que serve de sustento a este sistema económico?
Pois é, pois é… as fronteiras, as barreiras e as limitações existem e estão sempre presentes no nosso mundo real.
Não poderá estar já actualmente o  nosso mundo a chocar de frente com as reais fronteiras, as barreiras e as limitações de um mundo que é esférico e não ilimitado?

Richard Heinberg:

A maré do crescimento económico que nos tem banhado desde a Segunda Guerra Mundial, poderá estar finalmente a perder força. Para os políticos e para a maioria dos economistas, é o mesmo que se dizer que o céu está a cair sobre as nossas cabeças. O crescimento tornou-se o guia e o Santo Graal, o sine qua non da existência económica. (…) o crescimento do PIB é impossível de sustentar a longo prazo, porque vivemos em um planeta com recursos naturais limitados. (…) No mundo “real” da política e da economia, questionar o crescimento é como questionar a gasolina numa corrida de fórmula 1. (…) À medida que as indústrias extractoras foram consumindo o produto que estava mais à mão no mundo do petróleo, carvão, gás natural e outros minerais, e se viraram para qualidades inferiores e, consequentemente para minérios e combustíveis mais dispendiosos, os gestores da economia tentaram preservar o crescimento acumulando dívida com a enganadora crença de que é apenas o dinheiro que faz a economia carburar, não a energia e as matérias-primas. (…) Com tanto os recursos energéticos como o crédito esticados ao limite, significa que poderá simplesmente não ser possível mais crescimento económico nos Estados Unidos e na Europa, independentemente da nossa opinião sobre o assunto. Se os políticos não reconhecerem isto e continuarem a assumir que a actual crise da dívida é apenas outro ciclo normal, então poderemos perder as oportunidades que ainda nos restam para tentar evitar um crash que poderá deixar a civilização de joelhos.
In The Guardian

Neste texto é-nos dito que a nossa sociedade já chocou de frente com os limites do planeta e que esses limites têm sido “escondidos” artificialmente nas contas do crescimento do mundo, no PIB, através da injecção de mais e mais dívida no sistema de forma a tentar encontrar um caminho para uma equação matemática que não levou em consideração limites aquando da sua criação, fórmula que serve de análise à felicidade ao bem-estar, à riqueza e à prosperidade… querem-nos fazer querer, nem que seja à força da mentira.
Qual está então a ser o caminho que os economistas e os bananas [políticos] estão a defender?
Abordar o problema central que afecta o sistema económico -barreiras ao crescimento, ou injectar mais dívida no sistema?

“O Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão, o Banco Central Europeu, o Federal Reserve americano e o Banco Nacional Suíço anunciaram hoje medidas coordenadas para ampliar sua capacidade de proporcionar liquidez ao sistema financeiro mundial”, anunciou o BCE.
In AFP

Pois é, pois é…
E então se lermos isto?

«Hoje, o Banco do Canadá, o Banco de Inglaterra, o Banco Central Europeu, a Reserva Federal, o Banco do Japão e o Banco Nacional da Suíça vêm anunciar uma medida coordenada que intenta aliviar as continuadas e elevadas pressões sobre o dólar americano nos mercados de financiamento.»
In Independet.ie

Não, não me enganei e coloquei uma repetição da mesma informação.
Ora, leiam:

Isto foi o que os bancos centrais fizeram ontem mas o testemunho acima foi feito a 18 de Setembro de 2008. Já aqui estivemos.
In Independet.ie

Pois é, pois é… deja vu.
A solução avançada esta semana como sendo a “solução” é nada mais nada menos a mesma “solução” que foi avançada como a “solução” final há três anos. Mesmo que esta “solução” funcione, quantos mais anos acham que ela irá ser solução?

«Desta forma, tal qual viciados, só estamos a comprar tempo. E sem a essencial terapia, só estamos a tornar o tratamento e a recuperação cada vez mais difícil»
In Der Spiegel

Pois é, pois é…
“Solução”? Terapia?
Mas analisemos então a qualidade da “solução” avançada pelos casinos centrais do nosso mundo.

A liquidez do mercado interbancário secou esta madrugada e os bancos tiveram de se socorrer dos empréstimos disponibilizados pelo BCE.
In Jornal de Negócios

Dois dias depois da grande “solução”, eis que o caso se torna ainda mais grave. Estas “soluções” diabólicas avançadas pelos mestres dos casinos com o apoio cego dos bananas e a anuência pela ignorância, ou pela preferência da irrealidade, dos Zé Esquecidos do mundo [povos], faz com que estas “soluções” só agravem o problema e não resolvam absolutamente nada de nada, bem pelo contrário. E quanto mais tempo os Zé Esquecidos continuarem cegamente esquecidos, o seu futuro irá continuar, dia-após-dia, a ser-lhes roubado em virtude de tal cegueira.

O Painel de Avaliação dos Auxílios Estatais da Comissão Europeia (CE) revelou, esta quinta-feira, que “o apoio nacional a favor do sector financeiro de que os bancos efectivamente beneficiaram no período compreendido entre Outubro de 2008 e 31 de Dezembro de 2010 ascendeu, no total, a cerca de 1,6 biliões de euros”, o que corresponde a 13% do PIB comunitário.
In Jornal de Negócios

Por acaso aqueles que ainda têm preferência em acreditar na irrealidade, ou os que desejam ardentemente continuar na ignorância, já pensaram que a crise dos periféricos e as medidas de austeridade adoptadas possam ser “apenas” fruto para dar frutos para alimentar os biliões de euros que estão a ser dados aos casinos que moram na Europa? Já sequer colocaram isso em questão?
Não?

O empenho foi tão grande que o Governo conseguiu transferir o fundo de pensões da banca mais do que uma vez. Transferiu-o uma vez e meia: uma para cá, meia para lá. (…) Não perca o fio à meada: seis mil milhões dos actuais pensionistas da banca estavam aplicados, “a render”, para pagar as pensões ao longo da sua velhice. Esse valor foi transferido para o Estado, em dinheiro vivo e em títulos de dívida pública. A dívida pública eventualmente consolidará (o Estado deve a si mesmo, logo abate a dívida pública); o dinheiro… será gasto. Entra por uma porta e sai pela outra. Voltando à casa da partida: ao banco.
In Jornal de Negócios

Provavelmente esta informação ainda não chegará para que os preferencialmente irrealistas desejem avançar um pouco mais no seu entendimento. Tal como em muitas coisas da nossa vida, há os que precisam primeiro que a casa lhes cai em cima para conseguirem entender que a sua estrutura tinha sido montada sobre mentiras.
E preparem-se, porque tal como em 2008, depois dos casinos centrais do mundo terem avançado para “salvar” o mundo, o mundo dos Zé Esquecidos poderá novamente vir a ser capitulado para salvar casinos que estão a ser “salvos” pelos casinos centrais do nosso mundo. Confuso? Pois é, pois é… é que os casinos centrais do mundo não salvam absolutamente nada, quem é chamado à salvação é o dinheiro dos contribuintes, dos Zé Esquecidos!
E para que tal afirmação não passe de forma ligeira:

Os bancos britânicos poderão vir a pedir mais dinheiro aos contribuintes.
In The Telegraph

Preparem-se que em breve voltaremos a ver o filme que já vimos há uns anos atrás, com as mesmas pieguices, choradeiras e clamores de fim do mundo. Aos que desejam continuar esquecidos e como parte adormecida do Zé Esquecido, desejo um bom assalto à vossa carteira e ao vosso futuro. O problema é que sendo poucos os que já acordaram para as mentiras, também eles terão de pagar pela cegueira amada dessa maioria surda do Zé Esquecido. Enfim, é característica da nossa espécie… a estupidez…

O défice de emprego global atingiu 64 milhões este ano, e serão necessários pelo menos quatro anos para regressar às taxas de emprego pré-crise de 2008, se o crescimento económico global continuar anémico, alertou hoje a ONU. (…) “Três anos depois do desencadear da Grande Recessão, a persistência do elevado desemprego continua a ser o calcanhar de Aquiles da recuperação económica na maioria dos países desenvolvidos”, refere o relatório.
In Destak

Calcanhar de Aquiles, o desemprego. “Soluções” avançadas em 2008 que levaram ao aumento do desemprego. Desemprego que está a conduzir a economia global para a recessão. “Solução” avançada em 2011 para resolver os problemas da economia mundial? A mesma aplicada em 2008 que piorou a situação em quase todos os vectores económicos. Pois é, pois é… daqui a três anos estaremos a falar do quê?
Pois é, pois é… austeridade…

A desigualdade aumenta quando os países usam os cortes nos gastos (…)
In Huffington Post

Vem aí mais austeridade para reduzir os efeitos da massiva injecção de dinheiro fiduciário (papel) no sistema e dessa forma controlar aquilo que poderá vir a ser inflação descontrolada pelo mundo fora. A austeridade está a servir de medida de controlo da inflação e não para controlo das despesas públicas dos estados, pois austeridade conduz ao aumento dos défices…

Como podem os países esperar superar a crise quando retiram dinheiro da economia através de mais impostos, quando mais dinheiro é retirado da economia através dos cortes nos gastos públicos e ainda quando mais dinheiro é retirado da economia pela redução dos salários e dos benefícios fiscais?
In Pravda

Pois é, pois é… E os que ainda acreditam na história da carochinha de que tais medidas são vitais para a sobrevivência do seu país, gostava de os relembrar do valor já colocado neste texto – a Europa até 2010 já DEU aos casinos que moram na nossa Europa 1,6 biliões de euros. A quem andam a tirar para poderem dar aos queridos amados meninos dos bananas? A quem?
Pois é, pois é…
E para os que preferem continuar a acreditar na irrealidade, ou para os que preferem continuar mergulhados na ignorância:

Contra factos não há argumentos e nem as agências de rating conseguem ignorar os efeitos positivos das decisões políticas. «A economia da Islândia está a recuperar das falhas sistemáticas dos seus três maiores bancos e voltou a um crescimento positivo depois de dois anos de contracção severa», disse esta semana a Standard & Poor’s, depois de ter subido o rating do país para BBB/A-3 (a Fitch mantém a Islândia com rating “lixo”). Das consecutivas decisões que o país foi tomando – e que continua a tomar – desde 2008 que não há vítimas a registar, a não ser os banqueiros e políticos que levaram à crise da dívida pública.
In Jornal I

Pois é, pois é… talvez também ainda não chegue para que quem deseja continuar agarrado com unhas e dentes à irrealidade consiga ver que nem sempre o que nos dizem ser a visão perfeita o é na realidade. E para aqueles que preferem nem saber, então fiquem a saber que a vossa desconexão e afastamento consciente ou inconsciente da realidade vos torna culpados por omissão da provável morte da vossa tão amada sociedade construida de ignorância.
Pois é, pois é… e voltando ao início que foi aqui anunciado como sendo o fim…

(…) a longo prazo irá indubitavelmente existir vida depois do crescimento, e não terá de significar que se desenrolará em condições piores. Com menos energia para alimentar a globalização e a mecanização, deverá acontecer um crescendo na procura da produção local e no trabalho manual. Poderemos conseguir suprir as necessidades básicas de todos dando prioridade ao trabalho na indústria transformadora e na agricultura, enquanto diminuímos as indústrias financeira e militar. Também teremos de reduzir as desigualdades económicas e a corrupção (…) Enquanto fazemos essas coisas, teremos de reformar a economia para reflectir a realidade ecológica: a Natureza, ao fim ao cabo, não é apenas um monte de matérias-primas à espera de serem transformadas em produtos e depois em desperdício; bem pelo contrário, a integridade dos ecossistemas é uma pré-condição para a sobrevivência da sociedade. (…) Existe luz ao fim do túnel. Se nos focarmos a melhorar a qualidade de vida em vez de aumentarmos a quantidade daquilo que consumimos, poderemos vir a ser mais felizes mesmo que a nossa economia regrida até se estabilizar dentro dos limites da Natureza. Mas é improvável que transpire um futuro benigno se todos continuarmos a viver num mundo de faz-de-conta onde o crescimento não conhece limites, onde a dívida pode ser paga com mais dívida e onde se assume que os recursos naturais são eternos. Os alarmes estão a soar. Acordem para a economia do pós-crescimento.
In The Guardian

Conclusão:
O crescimento cresce de ar feito de nada… de dinheiro que é dado a uns retirando a quem menos tem… num mundo de cegos conscientes e de conscientes na ignorância… consciência de nada que não conduz a nada de bom… entre mártires da cegueira e cegos na destruição… o mundo avança imparavelmente para um momento de decisão…
Ou abrimos os olhos ou então deixaremos de ver… futuro.

Ainda se Recorda da Democracia?

O nosso filme…

Cerca de 43 milhões de pessoas estão em risco de carência alimentar na Europa e não têm meios para pagar uma refeição completa e 79 milhões vivem abaixo do limiar de pobreza, indicam dados do Programa Europeu de Apoio Alimentar.
In Sol

Num mundo desenvolvido? Sociedade desenvolvida? Para quem? Por quem?

A União Europeia está a considerar cortar aproximadamente 75% nos fundos de um programa que ajuda a alimentar 18 milhões dos seus cidadãos mais pobres. Os cortes irão ter efeito a partir do novo ano, e chegam numa época de aumento no desemprego e no preço dos alimentos em muitas áreas da Europa, assim como um tumulto económico generalizado no continente.
In Yahoo! News

Estaremos sentados na fila do meio de uma qualquer sala de cinema de segunda categoria a assistir a um filme de terror onde os nossos auto-proclamados heróis e eternos defensores da democracia (bananas), nossos parceiros na defesa das injustiças, se transformaram em canibais sanguinários sem pingo de humanidade e sentido de colectivo?
A comparação até poderá ser macabra, mas dificilmente será mais macabra que a opção que está a ser considerada pelos nossos heróis eurocratas, tal a insensibilidade e desconexão com a realidade que consome o dia-a-dia do comum dos Zés Esquecidos [povo] da Europa. Tiram o pão a quem já nada mais tem, para o darem a…

Um relatório recente afirma que desde “a última grande onda” de alargamento na União Europeia em 2004, o volume de mão-de-obra na instituição cresceu de 3.946 para 6.245 mesmo que os membros de representantes eleitos no Parlamento Europeu só tenha crescido de 732 para 736 durante o mesmo período. (…) E o relatório afirma que os números ilustram um orçamento “fora de controlo” (…)
In The Telegraph

… para o darem a mais uns quantos burocratas que de tão longe estarem da realidade que assola os Zés Esquecidos da Europa, já nem se recordam que democracia verdadeira é uma democracia que representa as vontades e necessidades dos Zés Esquecidos. Nem se recordam que tudo o que não siga por esse caminho já, em diversos momentos na História, foi adjectivado com as mais “singelas” das palavras: corporativismo, autoritarismo, ditadura, totalitarismo e a que mais insultuosa se apresenta, fascismo. Cá pela minha mOsca isto é apresentado como demo-cracia.

Ainda se lembram quando os bananas [políticos] trabalhavam a pensar no Zé Esquecido? Ainda se recordam de tais tempos, ou terá sobrado apenas a vã dor da memória?

(…) por cada 1.000 euros de salário bruto, entre 2000 e 2013, os funcionários públicos perdem em média, sem contar com o aumento dos impostos, 350 euros por mês.
In Correio da Manhã

A culpa é do Zé Esquecido que trabalha para o estado! Que desperdício, dirão alguns que se afiguram como muitos, porque basta uns quantos Zés Esquecidos estarem contra outros Zés Esquecidos para ser sempre um atentado à união dos muitos que são poucos porque estão desunidos.
Por isso, essa desunião, praia de deleite para o bananal, vai servindo para servir de bandeja os desperdícios que alimentam os nossos heróis da história de terror e os seus mais-que-tudo escudeiros.

A eliminação dos subsídios de Natal e de férias a funcionários públicos e pensionistas que ganhem mais de mil euros não chega para cobrir o novo buraco do Banco Português de Negócios (BPN) que, segundo o primeiro-ministro, acaba de engordar 350 milhões de euros.
A factura a passar aos contribuintes sobe, assim, para 2.750 milhões de euros, quando o encaixe com os dois subsídios que não serão pagos rondará os 2,6 mil milhões de euros.

In Dinheiro Vivo

BPN, nosso querido BPN. Sem ti a nossa praia não seria a mesma, pois sem ti não haveria como justificar que salvar escudeiros do privado com os interesses do público é feito em nome do Zé Esquecido. Corta, corta, corta, corta mais um pouco no futuro do Zé Esquecido para que um, ou mais, be-pe-énes continuem a servir de nevoeiro ao corporativismo, à  demo-cracia. Corta!

O salário mínimo nacional teve um acréscimo de apenas 88 euros desde 1974, enquanto que as pensões mínimas de velhice e invalidez aumentaram apenas 38 euros nos últimos 36 anos, segundo dados da Pordata.
In RTP

A culpa é dos salários do Zé Esquecido que subiram demasiado desde os tempo em que os adjectivos “corporativismo”, “autoritarismo”, “ditadura”, “totalitarismo” e “demo-cracia” eram pronunciados sem nevoeiro a envolvê-los. Corta! Corta, que assim o Zé Esquecido estará cada vez mais próximo dos tempos em que não eram necessários subterfúgios nas palavras para adjectivar os tempos que eram vividos. Corta no futuro para nos apresentarem uma vez mais o passado!
Saímos da sala de cinema para apanhar um pouco de ar…

As distorções tributárias do país prejudicam a classe média, que contribui com mais impostos do que os bancos. Análise feita pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), e confirmada por especialistas, indica que os trabalhadores pagaram o equivalente a 9,9% da arrecadação federal somente com o recolhimento de Imposto de Renda ao longo de um ano. As entidades financeiras arcaram com menos da metade disso (4,1%), com o pagamento de quatro tributos.
In Economia&Negócios

Publicidade! Publicidade! Exclamam alguns ainda cegos pelo ar de herói do herói do nosso filme de terror. Isso é no Brasil! Isso é lá longe!
Era bom que fosse longe. Era bom que fosse apenas no Brasil. Principalmente era bom que tivéssemos direito e acesso a um estudo no mínimo similar em Portugal. Portanto até têm razão, isso é no Brasil, isso é lá longe! Por cá ainda estamos pior!
Existem estudos da realidade portuguesa, sim senhor, feitos e conduzidos por elementos do Zé Esquecidos que foram e são votados ao esquecimento do nevoeiro do corporativismo, da demo-cracia. (Isto é um segredo…)

Voltemos para a sala que vai começar a segunda parte do nosso filme… de terror…

Os subsídios políticos à energia estavam abaixo dos 500 milhões de euros em 2005, quando José Sócrates tomou posse, e foram subindo até que, em 2011, obrigam famílias e empresas a um extra nas facturas de electricidade superior a 2.500 milhões de euros, três vezes o corte no subsídio de Natal decidido para este ano. (…) Nas facturas estão incluídos subsídios de 747 milhões de euros às renováveis, que ganharam o direito de vender à rede toda a energia que produzam, ao dobro do preço de mercado. E há ainda 1.075 milhões em subsídios às centrais a gás e carvão, subsidiadas para conterem a sua produção a níveis reduzidos.
In Agência Financeira

Sentámo-nos e eis que o nevoeiro do corporativismo, da demo-cracia, volta a assumir o papel principal na história do nosso filme… de pavor.
É para o nosso desenvolvimento futuro. Clamam os nossos heróis e seus mais-que-tudo escudeiros. Sem isso não existe capacidade para sustentar as eólicas, as solares e alimentar as centrais a carvão…
A carvão?!?! Mais um buraco no fundo do nosso chão!

Quase três vezes o défice de Portugal é quanto o Estado vai pagar à EDP e à Iberdrola, as concessionárias das futuras barragens na bacia do Douro, durante os próximos 70 anos. (…) As concessionárias das futuras barragens vão produzir “metade da energia prevista” no plano, com o dobro do investimento pedido, mediante o pagamento anual de um subsídio do Estado de 49 milhões de euros e ainda de 20 mil euros por megawatt produzido, (…) que produzirão apenas 0,5% da energia consumida em Portugal, representam só 2% do potencial de energia que poderia ser obtida através de um programa de eficiência energética e respondem por 3% do aumento das necessidades energéticas do país.
In Dinheiro Vivo

Só pode ser mais um erro de casting atribuível ao nevoeiro que envolve o corporativismo, a demo-cracia com que se deleitam os nosso heróis, porque uma real democracia não permitiria, nem permite e muito menos irá permitir que o futuro continue cada vez mais igual ao passado de 1974… ou irá permitir?

O memorando, assinado em maio, com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, previa o reforço do fundo de capitalização do sistema bancário para 12 mil milhões de euros e do limite máximo das garantias que o Estado pode prestar à banca para emissão de dívida para 35 mil milhões. (…) A nacionalização dos bancos é o temor que está na cabeça de todos os banqueiros, já que o recurso ao capital público significa a entrada do Estado nas instituições, apesar de o governador do Banco de Portugal ter garantido que essa entrada não significa uma nacionalização porque “não altera o controlo acionista das sociedades”, visto que a operação será “através de ações preferenciais”.
In RTP

Ajuda que é privado e ajuda porque é escudeiro desta praia de corporativismo, de demo-cracia!
Este é o nosso mundo feito de buracos atrás de buracos fortemente unidos aos corporativismos da nossa demo-cracia. Buracos que são remendados com o futuro de quem dá futuro à democracia, com o futuro do Zé Esquecido. Serão sempre apenas remendos, porque a insaciabilidade dos corporativistas é sempre maior do que os remendos à sua fome. Eis então que damos por nós numa encruzilhada: ou saímos da sala de cinema e clamamos pelos nossos direitos esquecidos pela demo-cracia, ou continuamos sentados a assistir à projecção do terror…  eis a opção que trará sempre consigo dor. A dor da perda da inocência, ou a dor da anuência e aceitação…

Conclusão:
De pão a pão enche o comilão o papo! E de mão entre mão é destituída a democracia…

As Últimas Fronteiras

O nosso mundo está a chegar até às últimas fronteiras… às fronteiras económicas, às fronteiras sociais, às fronteiras alimentares e às fronteiras energéticas. Todas estas fronteiras foram durante este último século da nossa civilização sendo protegidas pela abundância de energia barata e acessível no planeta. Mas agora este mundo começa a ter de lidar com o facto de já não conseguir providenciar energia suficientemente barata, em quantidade e acessível para assegurar os pilares que estruturaram este planeta em que vivemos. Estaremos já hoje a olhar para um passado que já o terá sido?
Quase todos os dias somos bombardeados com informação de que existem soluções e que essas soluções servirão para cobrir o que iremos perder nos próximos tempos, e que ainda por cima essas soluções irão ser melhores para o planeta e para a vida… por consequência, então não nos teremos de preocupar com o futuro porque ele já está assegurado neste presente. Mas será isso realmente real?

Vivemos num sistema económico-social quase totalmente dependente do petróleo – para além do carvão e do gás natural… petróleo que, ficámos este ano oficialmente a saber, atingiu o seu pico de produção em 2006. A qualidade do petróleo por extrair continua a decair, as reservas descobertas nas últimas décadas não cobrem nem de perto o nível de quebra na produção, a extracção é cada vez mais onerosa e tecnicamente mais difícil. Isto é uma realidade sentida e vivida por todos nós no dia-a-dia nos preços do bens que consumidos e na energia que necessitamos.
As principais soluções para tentar suprir essa diminuição na oferta do petróleo chegam-nos através das renováveis, segundo nos querem fazer crer.
Mas quanto disso é realidade, quanto é fantasia e quanto é insensível mentira?

“Há dois anos, pesquisadores das Nações Unidas afirmavam que custaria «no máximo 600 mil milhões de dólares por ano durante a próxima década» para se conseguir efectuar a transição para as energias verdes. Agora, um novo relatório das Nações Unidas mais que triplica esse valor para os 1,9 biliões de dólares por ano durante 40 anos. Por isso vamos fazer as contas: Isso representa um total de 76 biliões de dólares, durante 40 anos — ou mais do que cinco vezes o produto interno bruto dos Estados Unidos (14,66 biliões por ano). Isto é parte de uma «remodelação tecnológica» «à escala da primeira revolução industrial»
In Fox News

Como está economicamente o nosso mundo?
Não muito bem, correcto?
O nosso mundo necessita de estar economicamente vibrante para conseguir levar a cabo uma revolução tecnológica como a que é exigida que ocorra nas próximas décadas, e 1,6 biliões de dólares de investimento por década, sem contabilizar a inflação, não me parece de todo viável actualmente, mas… o Homem por vezes consegue superar as dificuldades que lhe são impostas com muito engenho, mas… analisemos então se esse engenho está actualmente a conseguir superar as realidades económicas…

“Pesquisas demonstram que o investimento na Europa em renováveis caiu mais de 1\5 em 2010 enquanto nos países em desenvolvimento cresceu. […] No ano passado, o investimento nas renováveis cresceu mais de 1\3 para um recorde de 211 mil milhões de dólares, com um aumento significativo do investimento na China, principalmente em energia eólica.”
In The Guardian

Não! No mundo desenvolvido, que está a mãos com uma contracção da sua realidade económica, o tão indispensável investimento em renováveis está a acompanhar de perto as dores da economia e a contrair. Por outro lado, no outro lado do mundo, nas economias dos países em desenvolvimento, o investimento continua a acompanhar as vibrantes economias e a crescer. 1+1=2… economia em alta, investimento em alta, economia em baixa, investimento em baixa… uma lei económica deste sistema em que vivemos.
Qual o futuro que se apresenta mais provável para a economia mundial?
Como já tentei responder a isso noutros artigos recentes nem sobre tal me irei debruçar, apenas deixar aqui a ressalva que até mesmo as economias em desenvolvimento estão a começar a abrandar, e quando a economia abranda o mesmo acontece com o investimento… por isso, para o ano ainda teremos um crescimento no investimento nas renováveis ao nível do que se verificou em 2010 nas economias emergentes?
A resposta fica convosco…

Mas imaginemos que o mundo irá no futuro continuar economicamente a crescer sem sobressaltos… até que ponto é realmente viável o futuro de renováveis tal como nos andam a querer pintar?
Existe um ponto singular que é quase constantemente «banido» de todas as informações que nos chegam sobre o futuro das energias verdes… esse ponto é qual a abundância das matérias-primas que servem de base à tecnologia?

“Canada Lithium Corp. (CLQ), a construir uma mina no Quebec, afirmou que a oferta poderá ser inferior à procura global por volta de 2015, porque a China irá necessitar de mais baterias que contêm o metal. […] o país asiático planeia construir 5 milhões de carros eléctricos por ano, o que irá requerer a triplo da produção actual de lítio. […] A procura por lítio irá crescer para uso nos computadores portáteis e telemóveis, assim como para os projectos de energia eólica e solar que venham a incorporar baterias para armazenamento de energia”
In Bloomberg

Hmmm… não são lá muito abundantes, correcto?
O futuro já não parece ser assim tão azulinho e simples, correcto?
E vejamos, esta notícia só incorporou a China na sua análise. Qual será realmente a realidade do lítio para as tecnologias verdes e para as tecnologias de ponta?
A realidade é que não existe lítio para tudo, pelo menos não em quantidade de produção.
Das duas uma, um investimento enorme terá de ser feito na extracção e desenvolvimento de lítio de modo a acomodar a revolução verde que anda a ser apregoada aos sete ventos, e já no imediato o que iremos assistir é a um aumento do preço do lítio e consequente aumento de todas as tecnologias dependentes dele… tudo isto num mundo que não anda lá muito bem economicamente.

Ah, mas isso foca-se apenas num metal – lítio – e o engenho do Homem conseguirá contornar esse «pequeno» obstáculo, poderão alguns de vós afirmar. Concordo, mas infelizmente essa escassez é hoje em dia visível em quase todos os elementos raros do planeta, metais que dão vida a toda a revolução verde que este mundo necessita para conseguir sobreviver ao declínio do petróleo.
Ah, mas alguns de vós poderão indicar que mesmo há pouco tempo foram descobertas vastas quantidade desses elementos, o que é verdade, mas…

“Foram descobertos no fundo do oceano abundantes e ricos depósitos de materiais que são usados para construir a electrónica moderna, sugerindo que a China poderá perder o controlo apertado que mantém sobre a oferta mundial.
A China controla actualmente 97% da produção mundial de elementos raros e do metal yttrium, […] Conforme foi crescendo a procura pelos elementos, a China tem vindo a aumentar as taxas e colocando restrições às exportações. O preço dos elementos raros cresceu aproximadamente 700% na última década.”

In CBC

Num mundo que economicamente anda meio cambaleante, a solução para a produção abaixo do par de elementos raros no planeta é explorá-los nas vastas profundezas dos oceanos?!?!? O nosso futuro estará então dependente de um colossal investimento em tecnologia que ainda não existe, ou a existir é imensamente mais onerosa que a utilizada em terra, para explorar áreas que nunca foram exploradas e com condicionalismos ao nível – quase – da ida à Lua?!?!?!
Sabem, acho que tal só irá ser economicamente viável quando quase deixar de existir esses elementos à superfície do planeta e com isso muito do futuro das tecnologias verdes e de ponta fica dependentemente dependente de um futuro aparentemente muito pouco animador ou até mesmo parcialmente utópico quando aplicado à real realidade que as envolve.

Então que futuro nos espreita? Onde nos podemos agarrar enquanto sociedade e sistema económico?

“Uma guerra de trinta anos pelo domínio? Não se deseja tal coisa nem num planeta desesperado. Mas é para onde nos estamos a dirigir, e não existe como voltar atrás. […] Porquê 30 anos? Porque é o tempo que irá demorar para que os sistemas experimentais de energia como o hidrogénio, o poder das ondas, o combustível de algas e os reactores nucleares avançados passem do laboratório para um desenvolvimento em larga escala. […] Isto será uma guerra porque o lucro, até mesmo a sobrevivência, das corporações mais poderosas e ricas do mundo estará em risco, e porque todas as nações têm uma competição potencialmente de vida ou de morte. […] Quando passarem estas três décadas, tal como aconteceu com o tratado de Westphalia, o planeta terá muito provavelmente as fundações de um novo sistema de organização – desta vez em torno das necessidades energéticas.”
In The Guardian

Esta é uma visão muito mais negra quando comparada com o constante ribombar de soluções milagrosas que estão aí mesmo ao virar da esquina. Mas esta sociedade já não necessita apenas de esperança, tem é de começar a enfrentar a realidade de modo a conseguir devolver a esperança a um sistema económico-social que está décadas atrasado no estudo e desenvolvimento de soluções para contornar as dores que se advinham causadas pelo petróleo, pelo carvão e pelo gás natural. Este mundo deixou para o amanhã aquilo que já devia ter feito há muito, onde até mesmo as actuais soluções estão quase totalmente presas a matérias-primas que não conseguem suprir as necessidades! Chegou a hora de apertar o cinto e enfrentar a realidade, e a realidade é esta:

“A Rússia afirmou que vai entregar um pedido formal à ONU (Organização das Nações Unidas) no próximo ano para redesenhar o mapa do Ártico, ficando, assim, com uma fatia maior.”
In A Folha

Uma corrida às últimas fronteiras do planeta! Para além do fundo dos oceanos, o Ártico. Mas no Ártico não é em busca dos elementos raros é atrás do petróleo, atrás das últimas réstias de esperança para estender no tempo e encontrar tempo para desenvolver as tecnologias que actualmente são apenas paliativos quando perante o tamanho da montanha que terão de escalar.
Poderemos estar a assistir ao delinear de um retornar aos tempos da Cortina de Ferro, a um recrudescer das lutas por recursos, ao início de um início já muitas vezes visto na História desta sociedade humana?

“Os Estados Unidos estão a colocar-se ao centro do debate sobre o futuro do extremo Norte numa época em que estamos a assistir a uma nova «corrida fria» ao petróleo e minerais […] O movimento da marinha americana acontece depois da Rússia ter aumentado os testes balísticos com mísseis na região e a Noruega ter deslocado a sua principal base militar mais para Norte. […] Os interesses comerciais em competição no Ártico são complexos por falta de um acordo abrangente sobre quem é dono do quê.”
In The Guardian

O mundo já presenciou isto! Isto é um déja vu!
Um mundo em que as soluções verdes, renováveis, pouco mais possam ser que quase meros contos de fadas, ou apenas um pequeno alívio para algumas das elites vigentes, tal a sua limitada capacidade de acção, é o petróleo, ou o que resta dele – se é que por lá irão encontrar algo que seja realmente significativo – que continua a movimentar esta sociedade, este sistema económico e tudo o resto que ainda não passa de quase meras balelas sonhadoras num mundo que volta a trilhar um caminho verdadeiramente déja vu, em direcção a um possível escalar de tensões, para uma nova corrida aos armamentos, tudo isto em simultâneo com o mesmo mundo a entrar em verificável forte contração económica!
Alguns poderão estar achar estes últimos parágrafos um acentuado exagero, por isso:

“Com a missão canadiana de combate no Afeganistão a retroceder, os militares estão a preparar uma grande mostra de força no Alto Ártico […] «Tudo isto tem muito a ver com o alargar da nossa pegada numa permanente presença sazonal no Norte», afirmou o Sr. Mackay. «É algo que nós enquanto governo temos intenção de continuar a investir.»”
In The Globe and Mail

Enquanto a tecnologia verde, ou melhor, a tecnologia de substituição for apenas um paliativo, o mundo não irá investir realmente no seu desenvolvimento, irá continuar a tentar garantir o que neste último século garantiu a riqueza e poder das nações do mundo, o acesso ao petróleo. Poderemos estar perante o arrancar de uma nova página negra na História do Homem, com homens que se mantiveram cegos, surdos e mudos por opção enquando os conspiracionistas do passado, agora pessoas com a razão, avisavam sobre os potenciais perigos de se tentar esconder a todo o custo o futuro que era inevitável acontecer a uma sociedade que mais tarde ou mais cedo teria de dar de caras com a realidade. Agora a realidade poderá ser um desviar dos já de si parcos fundos para o imensamente atrasado desenvolvimento das mais que necessárias soluções para reduzir a dependência do petróleo para um aparatoso aparato militar que se começa a vislumbrar estar a começar a entrar em acelerada rotação.

Conclusão:
Pelo mar, pela terra e pelo ar, as esperanças destes homens sem visão são sempre soluções completas… mas na realidade estão quase sempre totalmente e completamente desfasadas do real… um real que poderá significar uma nova e irreal guerra… seja ela fria, ou um pouco mais quente… uma guerra que a sê-lo será uma guerra aberta ao futuro de um sistema sócio-económico já de si suspenso e com o futuro no limbo…
É no fundo do mar!!! É no Ártico!!! Grita de salvação esta sociedade!!! Mas a realidade é que nas últimas fronteiras só se costuma vislumbrar que o fim… fica mesmo bem ali ao lado…

A Tempestade Perfeita

Muitos dias passaram desde a última vez que por aqui deixei um rasto do nosso mundo através da minha escrita pessoal… coisas da vida e tempo para pensar mais e melhor sobre o nosso presente em formato de futuro.

A meu ver este verão poderá vir a ser marcante para o nosso presente formatado para o futuro, tão marcante quanto inevitável se afigura a possível perfeita tempestade económica que se está a formar. Quase não há canto nem recanto na economia mundial que não esteja a ser abanada nas suas bases.

Vou começar por onde anda a maioria da cabeça das pessoas que vivem na Europa, a crise nos periféricos, a crise do euro:

“O problema da dívida nos países periféricos da Europa é estrutural. Não pode ser resolvido adicionando dívida à dívida já existente. Existe uma analogia a um sistema em pirâmide, onde cada vez mais dinheiro é injectado para evitar que o edifício em formato de pirâmide colapse. Ratio de dívida para o PIB aumenta com o tempo porque novos empréstimos são dados para pagar dívidas antigas e para financiar o buraco fiscal existente.”
In Yahoo Finance

Esta é a forma mais realista, sem subterfúgios, de descrever este sistema económico actual. Contrai-se dívida para pagar dívida ficando cada vez mais endividado. Mesmo que essa nova dívida ajude a salvar o hoje, amanhã será cada vez mais difícil de salvar os hojes futuros, porque nada no mundo real sustenta um crescimento eterno.
A Europa e o mundo estão num beco com muito poucas saídas e ainda menos tempo para se encontrar o caminho para fora desta espiral de dívida.
Mas voltando à Europa…
Quem senão primordialmente as políticas da UE colocou os países menos preparados à beira do abismo?
Não foi e é a UE que «obriga» a contrair dívida para receber fundos de apoio, eles próprios dívida?
Sem esses fundos de apoio estariam os países agora afectados tão endividados? Duvido convictamente!
A pirâmide da Europa foi montada ao ritmo da Alemanha, e de poucos mais, e todos os outros que não conseguem, conseguiram, nem irão alguma vez conseguir, acompanhar esse ritmo estão a ser sugados pela inevitabilidade de um sistema que traçou o caminho nessa mesma direcção, e só não o viu quem acredita, acreditou, que o mundo económico iria crescer para sempre de modo a com esse crescimento do PIB conseguir sustentar um volume de dívida que se tornaria, mais tarde ou mais cedo, incomensurável para muitos dos países envolvidos nesta experiência económica que se chama UE.
E em resposta a este problema os mesmos bananas que definiram as políticas da acumulação de dívida na UE, decidiram agora virar 180º e exigir austeridade às economias que não conseguiram acompanhar o ritmo.

“«As austeras medidas fiscais falharam em reduzir o défice ao ritmo desejado», disse o Chefe Global de Estratégia Devina Mehra numa nota de estudo.”
«Com juros cada vez mais elevados para pagar e um PIB em declínio, a Grécia apenas pode fantasiar sobre um rácio significativamente menor de dívida para o PIB,» disse Mehra.”
In CNBC

Um sistema viciado na dívida sustentado por uma contínua e constante expansão do PIB [riqueza] não sustenta qualquer medida de aperto do cinto, de redução de gastos, de aumento de impostos que coloquem em causa o aumento constante de investimento nas economias. O resultado já era o esperado, pelo menos para mim, logo no início da tragédia grega, assim como irá ser o mesmo para a Irlanda e para Portugal, pois os ritmos económicos e a dependência do crescimento são exactamente as mesmas.
E já que falei em Portugal:

“O Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica avançou esta quinta-feira que o consumo privado sofreu a sua pior contracção desde, pelo menos, 1978.”
In Agência Financeira

Acham que Portugal irá estar diferente da Grécia daqui a um tempo? Eu não, porque o sistema económico é o mesmo, as políticas são as mesmas, os sintomas são os mesmos, as reacções económicas são as mesmas… um caminho em direcção ao ponto sem retorno.
Mas se ainda assim acharem que não:

“Portugal teria de crescer ao ano 8% para conseguir em 2020 atingir um nível de dívida pública em relação ao PIB de 60% como o exige o Tratado de Maastricht. A estimativa foi feita por Christophe Donay, estratega-chefe da Pictet & Cie, um banco de gestão de fortunas sediado em Genebra, na Suíça.”
In Expresso

O barco da Europa anda à deriva e a tempestade está a adensar… trovões, raios e coriscos estão a caminho…

Mas se os problemas se cingissem à Europa a coisa ainda seria moldável pelo resto do mundo, mas… Jim rogers:

“«As dívidas que existem neste país estão a chegar ao céu,» disse. «Nos últimos três anos o governo gastou quantidades incríveis de dinheiro e a Reserva Federal está a assumir quantidades incríveis de dívida.
Quando os problemas voltarem a emergir… o que irão fazer?Não podem quadruplicar a dívida novamente. Não podem voltar a imprimir tanto dinheiro outra vez. Irá ser muito pior da próxima.»”

In CNBC

O mesmo ciclo de dívida que está a matar a Europa do euro está a comprimir os EU, e tanto que na China e na Alemanha já se baixa o rating dos EU, e as bolsas americanas, que costumam ser o recanto dos doidos -digo eu- que crescem mesmo quando tudo parece estar a ruir, desta vez já estão em queda há seis semanas:

“Os índices Dow Jones e Standard & Poor’s 500 cravaram a sexta semana de perdas nesta sexta-feira, conforme novos sinais de uma desaceleração econômica global preparam o cenário para mais perdas.”
In Reuters

Desaceleração económica global…
Enquanto isso os Estados Unidos começam agora a receber em moeda de troca os resultados das suas políticas de dinheiro fácil, as políticas da impressora rápida, do excesso de dinheiro no mercado, dos QEs:

“«Preços mais elevados devido a um dólar mais fraco são algo com que a economia terá de lidar daqui para a frente,» disse Russell Price, economista sénior da Ameriprise Financial Inc. em Detroit.”
In Bloomberg

Já não bastava a crise do euro, o excesso de dívida da economia americana e a isso ainda temos de juntar uma pressão inflacionária que condiciona ainda mais a geração de riqueza e o crescimento dos PIBs e por inerência a capacidade para pagar a dívida. O mesmo sistema que condiciona a Europa pressiona os Estado Unidos… o mesmo sistema viciado na dívida para pagar divida que exige um crescimento cada vez mais acentuado… mas num mundo que está a desacelerar…

Portanto, tem de se juntar ao barco à deriva da Europa o barco de leme partido dos Estados Unidos, ambos a enfrentarem uma tempestade que se está a adensar… aos trovões, raios e coriscos que estão a caminho se unem os ventos fortes e o granizo…

E a China, exemplo máximo dos mercados emergentes?

“O preço das casas novas na cidade capital caíram em Maio mais de 20% quando comparado com o ano passado, e os analistas dizem que outras cidades irão seguir essa tendência na segunda metade deste ano.”
In Peopel’s Daily

Lembram-se do que despoletou a crise de 2008 e a queda do Lehmans? Não? Uma bolha imobiliária, exactamente o mesmo que estamos a começar a assistir a acontecer na China.
Estará a fábrica do mundo a sentir as desventuras de um mundo que está a contrair, e principalmente a começar a contrair na criação de nova dívida, motor deste sistema económico?
Os sinais começam a ficar cada vez mais claros, tão claros quanto as deficiências estruturais que assolam a China, assim como a maioria dos países emergentes:

“Durante muitos anos, para atingir um crescimento económico acelerado, a China seguiu plena de fé políticas monetárias, fiscais e económicas expansivas. A fábrica do mundo baseou-se durante tempo demais nas exportações e no investimento para fazer crescer o seu PIB e reduzir a taxa de desemprego. De acordo com a agência noticiosa Xinhua, nos últimos dez anos, o suprimento de dinheiro na China aumentou 450% e atingiu as 2,6 vezes do seu PIB em Setembro de 2010. […] A China também tem o hábito de utilizar gastos fiscais e investimentos não prioritários de modo a estimular o crescimento económico quando começa a desacelerar, um belo exemplo disso foi o pacote de estímulo à economia de 4 biliões de yuans por parte do governo central em 2008. Também como dupla garantia contra a rápida desaceleração económica num mundo em crise económica, o governo central utilizou ferramentas políticas para guiar o sistema bancário a imprimir mais de 10 biliões de yuans em empréstimos em 2008 e 8 biliões em 2010.”
In Business Insider

Que políticas vem usando a China? As mesmas que estão a esmagar parte da Europa e a comprimir os Estados Unidos. Que futuro podemos esperar para a China tendo por base os ensinamentos passados do mesmo tipo de acções económicas?
Não augura mesmo nada de bom…
Mas podíamos ficar por aqui sobre a China, mas não. A inflação por lá é das mais prevalentes de todo o mundo. Para além dos biliões de yuans que foram injectados na economia para que o PIB chinês ajudasse o mundo a superar a crise de 2008, a maioria dos estímulos à economia lançados na Europa, nos Estados Unidos e no resto do mundo foi parar ao mercado chinês em forma de investimento estrangeiro, inundando ainda mais um mercado que já estava sobreaquecido por excesso de moeda sem levar em conta a moeda estrangeira, os dólares.
E agora?
Bem, agora o mundo vai pagar muito caro o desplante de ter criado dinheiro à doida para tentar suavizar a queda económica de 2008, pois se até 2008 a China servia como contra-peso para a inflação, principalmente no mundo ocidental com os seus produtos baratos, a partir de agora os produtos ainda baratos provenientes da China serão os que mais rapidamente irão subir de preço pelo mundo fora. O mundo vai perder nos próximos meses o seu colchão anti-inflação!
Duvidam?

“Produtos baratos «Made in China» encheram as prateleiras nos Estados Unidos e na Europa durante a última década. Mas agora, o aumento dos custos com a mão-de-obra em conjunto com a valorização do yuan têm ultimamente desafiado o estatuto da China como sendo a fábrica do mundo.
E ainda falta a última  palha, uma severa falta de energia, o que levou ao aumento dos preços e que é provável que pressione os preços de outras commodities, parece impossível que a segunda maior economia do mundo continue a ser um exportador de bens baratos.
Em vez disso, a inflação poderá ser adicionada à lista das mais recentes exportações do país, chegando até aos portos americanos com preços cada vez mais elevados para os produtos chineses.”

In China Daily

Portanto, aos barco à deriva da Europa e dos Estados Unidos temos de lhes juntar o barco da China em velocidade descontrolada, todos a enfrentarem uma tempestade que se está a adensar… aos trovões, raios e coriscos, os ventos fortes e o granizo, tem de se unir um furacão de força 4, ou 5, talvez 6, dependendo de onde tocar o solo com mais intensidade…

E então como está o sangue vital para esta economia de dívida exponencial?

“o mundo irá estar em falta de 1,73 milhões de barris de petróleo por dia– suficiente para suprir a procura de uma economia do tamanha de França — se a organização de países exportadores não aumentar a oferta.”
In Reuters

Hmmm… oferta, procura, falta… mas e se então formos um pouco atrás até ao passado, até 2007, e compararmos o consumo diário no mundo de petróleo, que números encontraremos?
Estão bem instalados?
Portanto, em 2007, a oferta por parte da OPEP foi de 35,3 milhões de barris por dia… Fonte: Departamento de Energia dos Estados Unidos

“No seu relatório mensal publicado da sexta-feira, a OPEP diz que a procura mundial pelo seu petróleo irá em média chegar aos 30,7 milhões de barris por dia, na segunda metade deste ano.”
In Reuters

Ok, o mundo está a consumir, pelo menos da produção da OPEP, menos 7 milhões de barris por dia. Pode ser que até achem isto normal, mas gostava de relembrar a quem já não se recorde que o preço do barril de petróleo em 2007 esteve sempre abaixo dos 100 dólares enquanto este ano andou até agora quase sempre acima dos 100 dólares. Ora, menos 7 milhões de barris consumidos por dia em comparação com 2007 mas a preços mais elevados. Portanto, a procura não aumentou quando se compara com 2007, indubitavelmente, a oferta é mais reduzida, indubitavelmente, quando se compara com 2007. Então isto levanta uma questão premente:
Porque razão está o barril de petróleo mais caro?
Será por culpa dos especuladores? Não, isso é apenas uma «desculpa» para tentar justificar algo muito mais simples, mesmo que tenha o seu peso no preço do petróleo mas não é o que o impulsiona. Será que os países produtores querem capitalizar lucros ao máximo? Em parte sim, mas não só e também não é o factor mais importante. Então qual a razão?

“Existem muitos factores a afectar o preço do petróleo para além dos objectivos de produção da OPEP. O principal de todos é o destino do dólar, a moeda com que é tabelado o petróleo.”
In Reuters

Portanto o mesmo factor que está a colocar em risco os Estados unidos, que está a ajudar a cozinhar em fogo bravo a inflação na China, que está a pressionar as economias europeias, é o mesmo que impulsiona o preço do petróleo pelo mundo fora, mesmo que possamos dizer, tal como foi confirmado pela AIE já este ano, que o pico de produção de petróleo atingiu o seu pico em 2006.
Portanto é quase seguro escrever que se o petróleo baixar de preço nos mercados então isso poderá ser sinal de que o mundo esteja a entrar em contracção no consumo, ou seja, a entrar em travagem, em recessão, porque não se afigura nos próximos tempos que a inflação que grassa pelo mundo impulsionada pelos dólares que saltitam pelo mundo, lançados pelo QE2 que termina este mês, venha a acalmar, poderá apenas abrandar em consequência de uma redução no consumo de petróleo e inerente baixa do preço, com ligação directa ao caminhar direito a uma recessão mundial.

Portanto, aos barco à deriva da Europa, dos Estados Unidos e da China, temos de lhes juntar o facto do combustível que  este mundo usa para manobrar os seus barcos estar a ficar fora de mão, ajudando a piorar a resposta a uma tempestade que se está a adensar… aos trovões, raios e coriscos, os ventos fortes, o granizo e o furacão temos de lhes juntar uma corrente frontal de ar quente…

E o que falta para juntar à tempestade?
O Japão!
Temos a fábrica do mundo, a China, a braços com problemas graves, mas então o que dizer da fábrica de tecnologia de ponta do mundo, o que dizer do Japão?

“A suspensão da produção de componentes electrónicos e de partes para automóveis desde o grande terramoto que afectou a zona Este do Japão conduziu a um recorde do défice comercial nos primeiros 20 dias de Maio.”
In Asahi

Isto não se cinge apenas ao Japão, quase todas as indústrias que necessitam de componentes electrónicos de ponta, ou as indústrias automóveis, estão a ser afectadas, quer seja pela falta das peças ou pelo aumento do custo das mesmas.
Que indústrias sobraram ao mundo desenvolvido depois deste ter despachado o seu tecido produtor para o país-fábrica China?
As indústrias de tecnologias de ponta e as indústrias automóveis — mais umas quantas, mas estas são das mais importantes.
Que áreas do globo estão a ser mais afectadas economicamente pelo terramoto\tsunami?
Os Estados Unidos e a Europa, os mesmos que já estavam a braços com problemas talvez sérios demais para os conseguirem resolver. Se haviam economias no mundo que dispensavam totalmente mais qualquer problema, eram essas.
Mas não termina por aqui… para onde estão a passar as pressões de produção depois do Japão ter ficado destruído?
Estão a passar para a China, na sua maioria, China ela que está a braços com falta de mão-de-obra, com inflação escalante no preço das matérias-primas e com falta de energia para suprir a demanda.
O que acham que vai acontecer aos preços desses bens?
Disparar.
O que acham que vai acontecer ao consumo nos mercados desenvolvidos?
Cair.
O que acontece neste sistema económico quando o consumo cai?
Essa já devem saber de cor…
Mas e se o acidente nuclear no Japão for muito mais grave que o de Chernobyl, como alguns especialistas já afirmam? Como irá ficar o mundo e a economia mundial?

“Combustível nuclear nos três reactores na central nuclear de Fukushima No. 1 terão possivelmente derretido através do sarcófago e acumulado no fundo das estruturas que albergam os reactores, de acordo com um relatório do governo obtido na terça-feira pelo Yomiuri Shimbun.
Um “melt-through”– quando existe uma fuga de combustível nuclear que derrete o fundo do sarcófago nuclear até atingir o compartimento exterior — é muito mais grave do que uma fusão do núcleo e é o pior cenário possível num acidente nuclear.”

In Daily Yomiuri

Bem, podia aprofundar o facto de depois do combustível nuclear ter derretido o seu caminho para fora do sarcófago, que é muitíssimo mais resistente e denso do que o revestimento exterior, ser uma hipótese bem real que combustível dos três reactores afectados tenham perfurado toda a estrutura e penetrado no solo… para quem ainda não tenha ouvido falar em tal, aconselho a leitura sobre o Síndroma da China, que vem tão a calhar com tudo o que por aqui escrevi até agora.
Mas indo apenas à economia… onde irá parar este nosso mundo se o Japão tiver de deixar até quase 1\3 do seu território inabitado e perder grande parte das suas indústrias?!?!? A tempestade perfeita????

Conclusão:
Até parece que a tempestade começou na periferia, nada mais enganoso, a tempestade foi plantada pelos Deuses do Olimpo europeu, e o barco que é a Europa navega à deriva em direcção ao olho da tempestade… enquanto nos Estados Unidos plantaram outra parte da tempestade, a da dívida que chega até à Lua e da inflação com que banharam o mundo, e agora terão de remar pois estão a ser vítimas do seu próprio engodo em direcção ao olho da tempestade… Na China quiseram copiar o mundo lá do ocidente e vão ter de colher a tempestade que quiseram copiar… E todos estes barcos estão quase secos, secos do sangue que é vida na economia, quase sem ouro negro… BRUUUMMMMM, troveja o destino… E o Japão? Pode vir a ser o centro do furacão que será o rastilho que criará a tempestade perfeita… de verão…

A Verdade é uma Aberração

Hoje vou começar pelo aberrante histerismo patente em muitas das parangonas dos meios de comunicação generalistas para escrever sobre os mais recentes desenvolvimentos que nos ajudam a compreender um pouco melhor o que podemos esperar, nos próximos tempos, do excedente de energia indispensável para o carburar desta sociedade moderna.

Ora então… nos espaço de 11 horas, os meios de comunicação deram destaque de parangona a isto:

Petróleo mais forte com reconstrução do Japão.
In Agência Financeira
Preços do petróleo recuam com receios de descida na procura pelo Japão.
In Jornal de Negócios

Compreendo que ainda todos andem a tentar compreender que influência na economia irão ter os problemas que assolam o Japão, mas um pouco mais de tino e bom senso, de modo a não nomearem logo os culpados mais fáceis, seria uma forma muito mais correcta de abordar esta questão e seria principalmente muito menos histérica. Este é apenas um dos incontáveis “erros” expostos diariamente nos meios de comunicação generalistas, culpa do aberrante copy\paste, pois, na maioria das vezes, nem se dão ao trabalho de verificar se o que escrevem hoje não choca de frente em incongruências fatais com o que escreveram ontem… mas enfim…
Continuando…
O engraçado nestas duas parangonas antagónicas é que ambas poderão reflectir o que se irá passar no futuro mais próximo com o preço do petróleo e, por inerência, a pressão da inflação, e não só, sobre todo o globo.
É uma verdade que os preços do petróleo tenderão nos tempos mais próximos a descer, culpa da quase paragem das industrias no Japão e de muitas outras noutros países que estavam e estão dependentes daquilo que as industrias japonesas produzem. É também verdade que quando as industrias japonesas voltarem a carburar a fundo, essa desalavancagem de pressão sobre a oferta de petróleo irá desaparecer, isto para além de que com o desaparecer de parte da capacidade geradora de energia eléctrica no Japão, especialmente das centrais nucleares que irão ser desactivadas, iremos assistir a um aumentar da pressão sobre a oferta de petróleo e consequente aumento do seu preço.
Podemos juntar a estes sinais de pressão mais um… quase todos os investimentos que estavam a ser feitos no mundo em novas centrais nucleares estão parados, novas centrais que iriam ajudar este mundo a reduzir uma fatia daquilo que consome de petróleo… iriam – nos tempos mais próximos…

A pressão que o Japão irá gerar sobre a oferta mundial de petróleo é apenas mais um dos factores que irão muito provavelmente conduzir este mundo até a um choque económico que porá todo o globo de gatas, que poderá ser em breve… se até lá isto não estoirar por culpa do vício da banca ao jogo, ou pelo excessivo endividamento das economias (ditas) desenvolvidas.

Para nos ajudar a compreender um pouco melhor as pressões que estão a ser exercidas sobre o petróleo, Robert Lenzner escreveu um excelente artigo na Forbes, que nos diz:

Iremos necessitar de 126 milhões de barris de petróleo por dia dentro de duas décadas – dos 90 milhões que actualmente a economia global requer. E metade desses 36 milhões de barris adicionais por dia estão ainda por desenvolver, até mesmo descobrir, de acordo com o relatório anual da Schlumberger para 2011.
In Forbes

Portanto, este mundo irá necessitar de mais 36 milhões de barris por dia daqui a 20 anos – isto claro se a economia global “não der o peido” até lá, sendo que mais de metade desse valor ainda não está desenvolvido, até mesmo descoberto e o que está actualmente a ser explorado nunca irá reduzir a sua produção? (Não existem poços de petróleo infinitos, por isso daqui a 20 anos a maioria poderá já ter deixado de produzir – isto nem vou levar em consideração, o que faria aumentar exponencialmente a insuficiência de petróleo para os próximos 20 anos)
Hmmm… portanto isto indirectamente diz-nos que o mundo tem uma margem de manobra para acomodar um aumento da procura de petróleo inferior a, na melhor das hipóteses, 18 milhões de barris por dia – a outra metade está por descobrir ou perfurar… ainda não conta, tal como ainda não conta para estas contas as reservas que daqui a 20 anos irão estar a produzir muito menos que hoje em dia, se é que mesmo grande parte delas ainda existirão como tal.
Para os mais incautos, que vivem num presente que para eles será sempre de crescimento eterno, tal número seja mais que suficiente para que este globo económico consiga continuar a crescer e que o amanhã venha a ser sempre melhor do que este presente… mas…

“Para encontrar petróleo, tem de perfurar. Mas não tem apenas de perfurar, também tem de aumentar a intensidade com que perfura em termos de sofisticação tecnológica, complexidades com os poços e reservatórios e eficiência operacional e a sua efectividade.”
In Forbes

Portanto, esses 18 milhões de barris aventados como colchão para o crescimento futuro deste mundo estarão intimamente dependentes dos factores acima destacados… hmmm… então este mundo está dependente da capacidade da tecnologia conseguir resolver essas questões, a mesma tecnologia que causou indirectamente o derrame de petróleo no Golfo do México e o acidente com as centrais nucleares no Japão… a mesma tecnologia que terá de ser cada vez mais infalível porque a margem será cada vez menor para acolchoar erros… hmmm…
Sabem, como pessoalmente não gosto nada de basear a minha vida em contos de fadas em que o bem triunfa sempre sobre o mal, gosto de fazer contas com os números que me vão surgindo à frente… Ora então, tendo este mundo actualmente capacidade de produzir, para lá do que consome, “apenas” mais dois milhões de barris por dia e que terá de encontrar\desenvolver mais 16 milhões barris por dia nos próximos 10 anos (metade do aventado na notícia da Forbes), ou seja, mais 1,6 milhões de barris a mais por ano durante os próximos 10 anos, significa que o mundo terá de margem apenas pouco mais de um ano de colchão para amparar problemas… Não sei se compreendem que 1 ano é igual a quase nada neste mundo económico que baseia todas as suas assumpções de que a economia irá continuar a crescer eternamente… 1 ANO!!!!
O nosso futuro está dependente que nada de mal corra que possa colocar em causa esse ANO de margem entre o precipício e o eterno crescimento eterno…
Sabem como reagem os mercados económicos mundiais quando colocados perante o risco?
1 ANO é NADA!

E que tal juntar a esta noção os problemas que estão a assolar actualmente o globo e a economia mundial?

O mundo está actualmente em modo de crise, culpa de um impensável desastre natural no Japão até às revoltas que assolam o Médio Oriente e a África do Norte.
Como se estes eventos não fossem já de si suficientemente preocupantes, está provavelmente a desenvolver-se uma crise ainda maior que poderá “abanar os mercados globais”, afirma o colunista da Forbes Gordon Chang: A luta pelos recursos globais de energia irá crescer conforme se forem agravando as pressões e os receios de uma diminuição na oferta de energia, já de si com preços bastante elevados.
In Yahoo! Finance

Portanto, este mundo, que tem pouco mais de 1 ano de colchão, está a ser acossado por problemas… hmmm…
E acho que o Gordon Chang não estava a falar sobre o futuro mas sim sobre o presente, pois a “guerra” na Líbia encaixa na perfeição na sua última frase – digo eu.
1 ANO… hmmm

E voltando um pouco atrás nesta história, quem no mundo tem capacidade para aumentar a produção diária de petróleo?A Arábia Saudita, correcto?

Impulsionada pelo crescimento populacional, aumento da qualidade de vida e crescimento da industrialização, está em crescendo a demanda de energia da região e uma diminuição não se perfila no horizonte.
Nos últimos anos, Kuwait, Qatar, Arábia Saudita e UAU, todos sentiram falhas no fornecimento de energia que resultaram em “blackouts” localizados que por vezes se estenderam durante vários dias. O consumo por vezes ultrapassa a capacidade de oferta disponível, principalmente nos meses de Verão quando o consumo destes países atinge o pico em resultado de aumento no uso dos ar condicionado.
In Arabian Business

Hmmm… a zona do planeta que é o colchão do globo – 1 ANO – está ela a braços com falta de energia?!?!?!
1 ANO, onde?!?!?!
Talvez haja 1 ANO a mais para esses países, ou então… guerra… por… petróleo… quer dizer, já está a ser tudo preparado para tal! Verdade? Será? Líbia? Bahrein? Síria? Iémen? Arábia Saudita? Todos?
1 ANO? Para quem? Para onde?

Conclusão:
E não é que as aberrações por vezes dizem a verdade… mesmo que a verdade seja antagónica da real verdade? E não é que é verdade que este globo poderá crescer ainda mais além… além das fronteiras da razão?
E não é verdade que um ano é mais que nenhum… mesmo que o nada seja apenas pouco mais que um?
E não é verdade que quem ainda tem já pouco mais terá?
Sabem… as ditas verdades são suspeitas nesta aberração…

Notícia da Agência Financeira – Petróleo mais forte com reconstrução do Japão
Notícia do Jornal de Negócios – Preços do petróleo recuam com receios de descida na procura pelo Japão
Notícia da Forbes – We Need To Find 36 Million More Barrels Of Oil A Day
Notícia do Yahoo! Finance – World at Crossroads Over Energy Supply: “This Is Not Over Yet,” Chang Says
Notícia do Arabian Business – Energy, not politics is Gulf’s top challenge

Tsunami Económico

Continuação do artigo: Tsunami Nuclear

As certezas da vida moderna foram num pequeno instante colocadas em causa por um terramoto imenso, por um tsunami de dimensões cataclísmicas e por um desastre nuclear.
O Japão, a terceira maior economia deste nosso mundo, ficou de rastos. Quais os impactos para o restante do mundo deste tsunami económico que se está a formar?
Esta é a pergunta que vou tentar parcialmente responder, e escrevo parcialmente porque a amplitude de tal solavanco para a economia mundial tem tantas ramificações que se torna quase impossível de conseguir extrair todos os seus impactos directos e indirectos.

Antes demais, para não variar, muita da informação que iremos ter acesso nos meios de informação generalistas tenderá a fornecer-nos uma visão optimista, na melhor das hipóteses… isto caso os meios de comunicação generalistas sigam com a sua conduta habitual, tal como podemos facilmente constatar neste caso:

Desastres no Japão não causarão recessão mundial, acreditam economistas.
In Deutsche Welle

Mas pior, é que esta informação anda quase esquecida nos meios de informação… e quando escrevo “quase”, estou a ser simpático para com a ausência de análises a este problema, pelo menos nos meios de comunicação em língua portuguesa.
Mas seguindo com as palavras dos economistas optimistas:

Wolfgang Leim, acredita que no momento não há perigo de recaída numa recessão. Ele acredita que, como ocorre após grandes greves, a redução provocada pelo cancelamento da produção em alguns setores pode ser recuperada. Parte da produção pode ser deslocada das empresas afetadas para suas unidades em outros países.
O economista-chefe do Unicredit, Andreas Rees, opina que, mesmo havendo um recuo nas atividades econômicas japonesas nos próximos dois ou três meses, este efeito será compensado posteriormente.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, (…) o Japão pode até mesmo experimentar um boom econômico, comparável ao dos Estados Unidos na década de 1930, durante o “New Deal” do presidente Franklin Roosevelt.
In Deutsche Welle

Quase tudo positivo e bonito, não é verdade? O Japão vai recuperar num instante, o mundo não sofrerá consequências e isto até poderá mesmo representar um “boom” económico para o Japão. Estarão estas noções correctas? Porque razão quase só deram voz a noções positivas? Será isto uma vez mais informação tendenciosa, a quase regra da informação presente nos meios de comunicação generalistas? A ver vamos, mas os indicadores…

Quais os impactos para o sistema económico, para as energias e para o crescimento económico deste mundo?

O desastre na terceira economia do mundo é um factor inesperado que veio baralhar todos os outros que estavam previstos e descontados por analistas e mercados financeiros.  (…) está agora em risco não só o crescimento económico no Japão e na Ásia, como também a nível global. Para além do drama humano, começam-se a fazer cálculos económicos, após os efeitos imediatos da destruição de cidades, infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias, fábricas, bens de consumo duradouro, campos agrícolas e fontes energéticas.
Também serão severamente afectadas as relações comerciais com os seus principais parceiros, nomeadamente a China que é o seu principal fornecedor. Não só se quebrará parte da procura nipónica para as suas cidades e fábricas na parte norte do país (no cenário futuro de reconstrução esta situação será fortemente invertida), como as exportações serão menores, com os efeitos que tudo isto acarreta a montante e a jusante.
In Diário Económico

Comecemos então pelo sistema económico:

Weinberg questiona se as pessoas afectadas pelo desastre irão pagar as suas hipotecas, os seus créditos e as dívidas dos seus cartões de crédito.
Ele afirma: “Poderemos assistir aos bancos a terem de assumir perdas em parte do seu portefólio de empréstimos.”
In CNBC

Esta é uma questão de análise tão simples no entanto nem sequer tem sido identificada pela grande maioria dos meios de comunicação generalistas.
Que perdas terão de ser assumidas pela banca japonesa que está intimamente ligada à banca mundial?
Sabemos que o Banco Central japonês já injectou mais de 300 mil milhões no mercado. Terá de injectar quanto mais para “salvar” os portfolios dos seus bancos? E a inflação que daí resultará?

A economia japonesa, já enfraquecida, talvez já mesmo em recessão antes da calamidade, irá ficar ainda mais fraca.
In New York Times

Portanto, é quase uma inevitabilidade o Japão entrar em recessão, Japão que representa aproximadamente 6% do PIB do mundo…6%! Se o Japão entrar em acentuada recessão o que irá acontecer ao crescimento no mundo? Sabem, em matemática 1+1=2, e neste caso é igual a uma provável recessão…

“Uma acentuada desaceleração no PIB do mundo, na segunda metade deste ano, é algo que não pode ser descartado.”
In The Globe and Mail

Num mundo já assolado pela crise no petróleo, pelas “revoluções” no Norte de África e Médio Oriente, pela alta da inflação na Ásia e nos mercados emergentes, pelas crises do crédito e descrédito com a banca, e pela dívida monumental que assola as economias desenvolvidas do mundo, tem agora de se juntar a isso tudo a crise de fundo no Japão.

Analistas dizem ser possível que as consequências venham a ser sentidas pelo mundo na forma de inflação mais elevada, diminuição no crescimento, ou num choque potencial para o sistema financeiro.
In The Washington Post

Porquê uma aceleração da inflação?

Especialistas em logística afirmam que o terramoto expôs pontos fracos críticos para uma vasta gama de negócios comerciais, tal como para as indústrias electrónicas e de produção automóvel.
In The Wall Street Journal

Uma aceleração na inflação porque o Japão representava quase 40% das exportações de componentes electrónicos para o mundo. A destruição das áreas costeiras japonesas levou com elas tanto as centrais nucleares como outras centrais geradoras de energia eléctrica, assim como muitas fábricas produtoras. O Japão não tem actualmente capacidade geradora de energia eléctrica para alimentar todo o seu tecido produtor, nem tal será exequível num espaço de tempo inferior a seis meses. O mundo terá de encontrar novos fornecedores, ao mesmo tempo em que a oferta diminui, o que fará inevitavelmente disparar o preço dos bens… preço que daqui a uns meses estará reflectido no mercado para os consumidores.
E há outro factor que está a ser recorrentemente “esquecido”… o Japão tenderá a passar de economia exportadora para uma economia importadora de forma a conseguir reabilitar as infra-estruturas que ficaram destruídas, assim como para conseguir aumentar a sua produção de energia através dos métodos convencionais, petróleo e carvão, que irão ser mais um dos factores a criar pressão inflacionária sobre o mundo. O Japão irá aumentar a pressão da procura sobre matérias-primas que já estavam sobre pressão na produção, e em vários casos, até mesmo em declínio, o que criará uma vaga inflacionária sobre o mundo.

Para além de que esta falta de componentes já estar a arrasar com parte da economia mundial:

Na quinta feira passada, a General Motors Co. tornou-se no primeiro produtor de automóveis a ter de encerrar uma fábrica por causa da crise no Japão.
In The Wall Street Journal

Desengane-se quem pensar que será apenas um problema para as fábricas de automóveis… Quase todas as indústrias que necessitam de componentes electrónicos estão a ser afectadas de forma violenta, levando que a maioria das fábricas produtoras no mundo estejam a reduzir a produção de modo a tentar evitar a todo o custo a paragem, e a tentarem arranjar tempo para encontrar novos fornecedores num mercado já de si espremido.

Mas existe um problema que poderá vir a ser mesmo uma bomba atómica para a economia mundial:

As suas corporações e bancos estão imensamente interligadas com o mundo e fazem parte do tecido que liga a economia global.
In The Washington Post

O Japão foi o segundo maior comprador de bilhetes do Tesouro americanos, e comprou em Janeiro mais de 20% (…) da dívida emitida pelo Fundo de Estabilidade do Euro para financiar os países em dificuldades na periferia do Euro.
In The Globe and Mail

O Japão é um dos maiores e mais activos financiadores das economias mundiais. O Japão é o segundo maior detentor de dívida americana e um dos maiores de dívida dos países europeus. Se actualmente já é tão difícil para a maioria dos países encontrarem financiadores para a sua dívida, o que irá acontecer daqui para a frente com o quase desaparecer do Japão do mercado enquanto comprador?

“As suas poupanças irão agora ser redireccionadas, directa ou indirectamente (através da aquisição de títulos japoneses), para a reconstrução, estes fundos deixarão de estar disponíveis para financiar economias estrangeiras.”
In The Globe and Mail

Mas há ainda pior… e se o Japão tiver de vender os seus investimentos em dívida dos outros países de modo a conseguir financiar a sua reconstrução?

O iene ganhou terreno durante toda a semana ao dólar – o oposto que se poderia esperar. Mas as companhias japonesas e investidores estiveram a fazer retornar o seu dinheiro para o território japonês, de modo a conseguirem pagar os imensos custos de reparação.
In New York Times

O Japão poderá vir a vender parte dos seus investimentos em dívida estrangeira, incluindo dívida dos Estados Unidos, para financiar um aumento da despesa depois do maior terramoto registado no país ter deixado milhões sem electricidade e sem água, de acordo com a Brown Brothers Harriman & Co.
In Bloomberg

Este é o terceiro factor de pressão inflacionária directamente ligado aos problemas que afectam o Japão. Mais dólares e mais euros entrarão no mercado se o Japão começar a vender os títulos de dívida de países estrangeiros. Eis o porquê do desespero dos bancos centrais das sete economias mais fortes do mundo andarem que nem doidos a vender ienes de modo a tentar controlar uma implosão das moedas mundiais.
Se o Japão começar a vender dívida de terceiros o mundo económico irá mais que provavelmente explodir em inflação e em contracção económica.

E o que fará este mundo casineiro e bananeiro quando tiver de enfrentar pelos cornos estes problemas?
O mesmo que tem vindo a fazer até aqui (Já o está a fazer)… irá imprimir dinheiro para tentar acolchoar a queda, acção que irá aumentar e agravar as pressões inflacionárias sobre o mundo… que irão por si ajudar a contrair ainda mais fortemente a economia mundial…

E falta juntar a todos estes tópicos a cereja no topo do bolo.
Se acontecer um desastre nuclear tipo Chernobyl no Japão, como se afigura cada vez mais provável? Pois é… todos estes factores tenderão a ser exponencializados N vezes… e a seguir será apenas o início do fim há muito anunciado…

Conclusão:
Japão papão em apagão… apagão que já se estende a todo o mundo… e inflação que irá papar tipo comilão aquele mundo que julgava estar desenvolvido… mas desenvolvido poderá ser apenas um desenvolver em marcha-atrás… atrás daqueles sonhos que são na realidade mais pesadelos, criados por homens que se julgavam superiores ao planeta… mas este planeta é vida, e a vida não se padece com sonhos de crescimento eterno… e de inflação em inflação iremos chegar até ao porto da desgraça em que seremos violentamente consumidos pela onda de um tsunami económico que engolirá todo este mundo… de eterno… e ilusório… crescimento.

Notícia do The New York Times – Certainties of Modern Life Upended in Japan
Notícia do Deutsche Welle – Desastres no Japão não causarão recessão mundial, acreditam economistas
Notícia do Diário Económico – Godzilla existe!
Notícia da CNBC – Nikkei Losses to Double: Economist
Notícia do The New York Times – A Crisis That Markets Can’t Grasp
Notícia do The Globe and Mail – Global economy faced with a new recession
Notícia do The Washington Post – Japan earthquake’s aftermath: Economists more pessimistic about long-term impact
Notícia do The Wall Street Journal – Crisis Tests Supply Chain’s Weak Links
Notícia do The New York times – Stress Test for the Global Supply Chain
Notícia da Veja – Catástrofe no Japão pode mudar planos de montadoras
Notícia da Bloomberg – Japan May Sell U.S. Treasuries After Earthquake, Brown Brothers’ Thin Says