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Na Ignorância dos Comuns

Mais uns dias passaram e mais uma vez senti que informação extremamente importante acabou por passar quase despercebida por entre as malhas da racionalidade colectiva. Foi informação que se foca especialmente em Portugal, mas que infelizmente é em larga medida reveladora do racional das elites institucionalizadas presentes um pouco por todo o mundo ocidental, e não só.

 1bancos

o Governo quer que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social passe a investir 90 por cento da carteira da poupança dos portugueses em dívida pública nacional. Na prática, significa aumentar de 6 para 10 mil milhões de euros as aplicações da Segurança Social em dívida nacional.
Jornal de Notícias

Antes de mais, o significado de “investir”: “ECONOMIA – aplicar capitais com o intuito de obter um valor suplementar”
A pergunta que se segue é: que valor suplementar existe para a Segurança Social, e para as pensões, que o dinheiro seja “investido” em dívida pública nacional? Que valor? Algum?
Alguns com um racional menos matemático irão provavelmente afirmar que tal serve para garantir a sustentabilidade das contas públicas. Para esses digo apenas isto: peguem numa máquina de calcular e façam contas à dita sustentabilidade das contas públicas – são impagáveis qualquer que seja o caminho tomado que não o de não pagamento de uma parte significativa da mesma. E não, não é não pagar porque assim desejamos, mas porque é matematicamente impossível. É só fazer contas.

se o Estado português claudicar no falhanço das reformas estruturais e o Estado nunca controlar o défice (continuando a endividar-se), isso significa que os trabalhadores portugueses vão ser o primeiro dano colateral dessa política. Quem faz descontos estará literalmente a financiar a dívida pública, sem qualquer diversificação, prudente, dos ativos da Segurança Social
Jornal de Notícias

Ainda poderia existir uma esperança aninhada em bons resultados das políticas seguidas, mas nem isso serve de porto minimamente seguro para justificar a aceitação passiva desta medida, porque como todos estão a par, ou deviam, não tem sido alcançado quase nenhum dos resultados económicos propostos.
E se então é matematicamente impossível, porque razão as nossas elites institucionalizadas queimam o racional incontornável da impossibilidade e tentam tornar o impossível em possível?

É um plano maquiavélico de Gaspar e da troika. […] sempre que alguém reclamar perdão da dívida para Portugal isso significará, não só uma hecatombe nos bancos portugueses, carregados de dívida pública, mas também a perda das poupanças amealhadas pelos portugueses na Segurança Social. […] Portanto, não nos esqueçamos: sempre que quisermos um perdão de dívida de (30… 40… 50… por cento) será essa percentagem que desaparecerá da Segurança Social. Com uma diferença entre os credores internacionais e nós: eles beneficiaram de juros elevados, durante muitos anos; nós entramos com a casa a arder apenas para os ajudar a perder menos dinheiro.
Jornal de Notícias

Eis o trabalho que há muito anda a ser feito. Perante a impossibilidade matemática de pagamento, estes anos têm sido quase exclusivamente usados para espoliar o máximo possível tudo o que seja passível de transferência para os credores internacionais – Elites institucionalizadas, mesmo que isso venha a significar a destruição do sistema social que segura a democracia, ampara a sociedade moderna e que, para uma fatia cada vez mais significativa da população, significa a diferença entre vida e morte. Eles – elites institucionalizadas – estão bem a par do dano que tais medidas irão causar. Estes são sinais que nos comprovam que a sua causa não é a nossa, por muito que os sound bytes nos desejem fazer crer o contrário.
Esta medida é imensamente mais gravosa do que era a TSU, e no entanto o povo ficou sereno, está sereno e quase nem se manifestou mentalmente perante este racional que em nada defende o futuro e o interesse público. Mais um silêncio da ignorância auto-infligida e, em muito casos, desejada.
Mas tal como reza a História, o povo é sereno até ao dia em que deixa de ser. Tal como assistimos hoje na Turquia, depois de silêncios de ignorância acumulados ao longo dos anos, o povo deixou a serenidade de lado e reagiu de forma descontrolada perante algo quase supérfluo, quase incrível, uma gota de água. O copo transborda quase sempre quando menos se espera e, quando transborda dessa forma, explode invariavelmente de forma violenta…

Turquia proíbe consumo de álcool das 22h às 6h e restringe publicidade
Folha

Portanto, estamos em Portugal, na Europa e não só, perante uma elite institucionalizada que não segue a causa dos comuns, que continua a encher gota-a-gota o copo do descontentamento, que continua na esperança que a ignorância auto-infligida da maioria dos comuns lhes continue a dar margem para espoliar ainda mais e mais, até…

O potencial para a instabilidade social em países da União Europeia é maior do que em qualquer outro lugar no mundo e as lacunas já abissais entre ricos e pobres, um importante gatilho, tendem a aumentar globalmente
Reuters

Será o mesmo neoliberalismo [palavra que esconde o espoliar dos comuns em favor de uma elite institucionalizada] político que tanto encanta as elites, a causa da sua própria destruição. O problema mor é que essa destruição significará muito provavelmente uma destruição acentuada nos comuns, na sociedade e na democracia.

O paradoxo que mais me revolta é o dos países que enriquecem mas cujos habitantes empobrecem. […] Qual a utilidade da democracia, interrogam-se, se ela não consegue protegê-los deste insólito abandono? Se ela não aperfeiçoa rapidamente as condições materiais da sociedade? […] as revoltas voltarão – e o Portugal de hoje é um exemplo disso. É uma questão de oportunidade e de tempo. […] É isto que a globalização pretende? É isto que o actual governo de Portugal pretende?
Jornal I

De que serve a democracia quando deixa de funcionar em prol dos comuns e passa funcionar em benefício das elites institucionalizadas, democracia essa que foi delapidada principalmente por causa da desresponsabilização dos comuns perante uma das suas mais importantes obrigações em democracia: controlar os abusos? A resposta, como reza invariavelmente a História, será primeiro uma convulsão contra a democracia, seguido de um tempo de anarquia, acabando nas mãos de um líder que arrasta as massas.
Que líder frequentemente acaba por ser esse?

Não era apenas porque os seus símbolos se pareciam com suásticas. […] Mas sim porque eram tantos. Homens e mulheres enraivecidos gritando furiosamente “A Grécia é dos gregos” […] Como os soldados que lhes servem de modelo, os gregos que subscrevem o dogma ultra-nacionalista neo-fascista do Golden Dawn são os primeiros a dizer que estão em guerra.
Business Insider

Na ignorância auto-infligida da maioria dos comuns costumam nascer resultados que são contrários aos desejos da esmagadora maioria deles mesmos. A falta de um porto seguro, uma democracia viva e dinâmica – culpa do seu alheamento do controlo de abusos –  conduz frequentemente à capitulação da sociedade a ideais que lhes dizem oferecer espaço para um novo e mais seguro porto. A restante história desse novo e aparente porto seguro está escrita na História recente da Alemanha, de Itália, do Brasil, da Argentina, de Portugal, de Espanha, da Tunísia, do Uruguai, do Chile, do Panamá, do Zimbabué, da África do Sul, do Japão, da China, da Rússia, de Mianmar e de tantos e tantas outras largas dezenas de exemplos iguais de tiranias.

Irá desta vez ser diferente?
Iremos desta vez largar a ignorância auto-infligida e promover um espaço comum melhor?

Os sinais são tudo menos auspiciosos. Uma vasta maioria dos comuns continua a defender e acreditar nas elites institucionalizadas, as mesmas elites que mentem, manipulam, espoliam e destroem a democracia, a sociedade e a vida. E não, não é estar contra e culpar tudo o que  os político fazem e dizem que os comuns estarão a conseguir escapar da ignorância auto-infligida, bem pelo contrário! As pseudo-elites políticas são alvos de arremesso posicionados pelas verdadeiras elites que dominam o mundo para afastar a atenção dos comuns. As verdadeiras elites são transnacionais, são apátridas, não têm os valores dos comuns e traçaram o caminho da destruição, porque é na destruição que mais capitalizam as suas valias; na guerra, na fome, na destruição ambiental, no roubo da economia que devia ser para todos.

O capital global, na forma de corporações multinacionais assim como multimilionários, estão a ganhar enorme poder de negociação sobre os países. As empresas globais não estão interessadas em melhorar a qualidade de vida num determinado país nem na melhoria de competitividade de uma nação. O seu único objectivo é a maximização dos retornos para os seus investidores.
Business Insider

São estas as verdadeiras elites institucionalizadas.
Muitos perguntam: O que podemos fazer contra elas?

Qualquer tentativa de aumentar o poder das nações ou grupos de nações em relação às corporações e multimilionários globais irá certamente provocar uma reacção feroz. Os lóbies financiados pelas corporações, os seus advogados, os seus operacionais políticos, os impérios de média, as doações de campanhas políticas, os grupos de intelectuais e o engodo de lugares bem pagos no estado irão todos ser destacados em oposição a tais intenções.
Business Insider

E voilá, ei-los – as elites – realmente preocupados. E então não será antes por aqui e não ficar apenas a lançar tomates às cores e caras políticas que são trocadas pelas verdadeiras elites como quem muda de fralda, e direccionar o colectivo dos comuns exigindo às verdadeiras elites imutáveis a cedência de controlo para as nossas mãos, as mãos do povo?
Quando os comuns não conseguem ver o verdadeiro inimigo, a História já está escrita, será apenas e novamente revista.

O 1% mais rico controla actualmente 39% da riqueza no mundo, e é provável que o seu quinhão continue a crescer
CNBC

Como poderão a democracia e a sociedade moderna sobreviver num mundo em que uma mão cheia de indivíduos são mais ricos que nações, em que se podem dar ao desplante de comprar “todos” os políticos que desejam?
Já chega de andarem a fazer cócegas às elites culpando as caras dos políticos por tudo. Já chega!
O que está a acontecer não é algo novo, a História está repleta de momentos em que a sociedade viveu exactamente o mesmo tipo de situação que hoje vive, é apenas na ignorância auto-infligida dos comuns que tudo parece ser a primeira vez.
Para os mais esquecidos e mergulhados na sua ignorância talvez as palavras de Plutarco, que viveu de 46 – 120 d. C, possam ajudar uma qualquer coisinha:
“Uma desigual distribuição de riqueza entre os ricos e os pobres é a doença mais antiga e fatal de todas as repúblicas.”

E assim vamos caminhando para o fim deste texto, e também talvez estejamos todos a caminhar para um reinício civilizacional – frase que poderá agradar a muitos daqueles que já se consideram “acordados” para estas questões, dos quais muitos dos que conheço se esquecem, ou desejam não ter de se lembrar, que antes de um reinício existe sempre um fim, fim que só muito raramente termina de forma pacífica e sem avultados danos nas vidas comuns. Portanto, também para aqueles que lutam cegamente por um reinício, ficam as palavras de que lutar por um reinício sem acautelar os danos do fim e sem se tratar da forma de como reiniciar com o menor de danos é ignorância auto-infligida equiparável à ignorância auto-infligida dos comuns que ainda não “acordaram”. Destruição é sempre destruição…

O tempo acaba sempre por levar os grandes projectos e organizações humanas, incluindo as civilizações, ao seu fim. As civilizações são sistemas adaptativos complexos que funcionam em equilíbrio instável à beira do caos.
Público

E talvez, como no último texto que escrevi, a informação seguinte seja demasiada para aqui estar. Mas tal como no outro texto, há informação que dada a sua possível perversidade para com a sociedade e silêncio dos meios de informação para as massas será sempre vista e sentida como “demasiada”.

A reunião anual que junta realezas, primeiros ministro e chefes de multinacionais – famosa por ser envolta em secretismo – vai este ano ter lugar no Reino Unido […] O véu de secretismo que envolve estas reuniões, que bane a participação de jornalistas, tem alimentado muitas teorias da conspiração, incluindo que os participantes estão a conspirar para dominar o mundo.
Daily Mail

E pronto, assim fechei este texto com mais uma história de “doidinhos”, mas – apenas como um ínfimo exemplo – relembro aos “sãos” que ainda ontem a União Europeia era uma instituição só com virtudes e que quem se atrevesse a dizer o contrário era conotado como “doidinho”…

Os Antípodas da Realidade que nos é Pintada…

Nos antípodas da realidade que nos é pintada (à força) estão a Islândia e a Grécia, ou Portugal, ou a Irlanda, ou a Espanha, ou a Itália, ou os outros que obviamente se seguirão, a não ser que o mundo “acorde”. Desses antípodas é-nos continuadamente dito, transmitido, exclamado, escrito, proclamado de forma descomplexada que a presença de um país no euro é essencial, vital, importante, inquestionável, positivo, entre outros adjectivos, de tal forma que a esmagadora maioria do Zé Esquecido (povo) é esmagado pela sua própria incapacidade critica em relação à relação de promiscuidade existente entre os poderes políticos, económicos (casinos) e aqueles que deviam ter a função de informar. Chega a ser cómica a forma como o mundo nos é pintado pelos meios de comunicação generalistas, pelos seus pseudo-experts, pelos seus comentaristas de banca(da), tal a forma tendenciosa/silenciosa, pretensiosa e insistentemente quase ignorante como aborda os temas centrais que afectam o nosso dia-a-dia, o nosso futuro mais próximo, o nosso real futuro daqui a uns anos.

Islândia. Quantas vezes nos últimos anos ouvimos, lemos, vimos na televisão falar dela?
Porquê o continuado silêncio em relação ao que se passa na Islândia?

Quando em 2008 emergiu a crise dos mercados de crédito, os três maiores bancos comerciais islandeses colapsaram. O rating da dívida da Islândia caiu a pique até ao nível de lixo. O valor da sua moeda, a krona, desvalorizou-se acentuadamente e entrou numa profunda recessão económica.
In Marketwatch

Não foi a Islândia o primeiro país a cair por culpa da crise de 2008?
Se foi, porque razão desapareceu dos escaparates da comunicação que nos fazem chegar (à força) a nossas casas, às nossas mentes?
Porquê? Alguma razão terá de existir…

Na sexta-feira, a Fitch subiu o rating da Islândia de BBB- para BB+. A subida marca a passagem da dívida da Islândia de lixo de volta para nível de investimento. Ao mesmo tempo, a Fitch declarou as expectativas económicas para a Islândia como estável, algo que era visto como inatingível há três anos.
In Marketwatch

Wow! Mas o que fez de diferente a Islândia para andar em contra-ciclo com a Europa do euro?
O que fez a Islândia para fazer da desgraça que a envolveu em 2008 forças para se reerguer?

(…) os islandeses reconheceram imediatamente que tinham construído uma casa de cartas e tomaram medidas drásticas para recuperar o que fora envolvido, entre outras coisas, nacionalizaram um banco e passaram o controlo dos três maiores bancos para o equivalente a uma comissão de credores.
In Marketwatch

Não parece substancialmente diferente daquilo que foi feito pela Europa fora, não é verdade? Mas cuidado, as aparências iludem…

A estratégia de desvalorização e de controlo de capitais salvou a economia. (…] O país manteve intacto o seu sistema social nórdico e preservou a coesão social. Está novamente calmamente a voltar à prosperidade, mesmo que as dívidas privadas ainda sejam um fardo. (…) O resultado é justificativa para moedas nacionais e bancos centrais nacionais com capacidade para responder a choques.
In The Telegraph

Eis a diferença substancial; (para além do enorme “detalhe” da Islândia ter congelado os pagamentos de dívidas externas dos seus bancos que foram judicialmente consideradas abusivas e lesivas do estado de direito ) o controlo de capitais e a independência. Tudo aquilo que a Grécia, Portugal, entre outros, perderam com a entrada no euro foi o mesmo que salvou a Islândia, não só mas também.
E agora, Srs. dos meios de comunicação generalistas, pseudo-experts e comentaristas de banca(da), qual a justificação para justificar a lenta morte do estado social, o aumento do desemprego, a baixa de salários, a austeridade? Acho que terão de começar a cozinhar outras explicações para justificar o que se apresenta como injustificável.
Sabem uma coisa, a Islândia também adoptou a austeridade, mas foi uma austeridade virada para os interesses do país e não para os interesses dos credores de um país, não em favor dos casinos (banca), não em defesa das elites. E eis o seu resultado:

O desemprego irá cair de 7% no ano passado para 6,1% este ano e para 5,3% em 2013. O défice era de 11,2% em 2010. Irá encolher para 3,5% este ano, e será quase inexistente no próximo ano.
In The Telegraph

Em comparação…

(…) a Grécia está a evoluir para algo sem precedentes na experiência ocidental moderna.  Desde 2009 faliram um quarto de todas as empresas gregas, e metade de todos os pequenos negócios no país dizem não conseguirem cumprir as suas obrigações com os salários. A taxa de suicídio aumentou 40% na primeira metade de 2011. Surgiu uma economia de troca directa, com as pessoas a tentarem viver num sistema financeiro falido. Quase metade da população com menos de 25 anos está desempregada. Em Setembro, organizadores de um seminário patrocinado pelo governo de emigração para a Austrália, o evento tinha tido uma adesão de 42 pessoas um ano antes, foi inundado quando se inscreveram 12.000 pessoas. Os banqueiros gregos disseram-me que as pessoas levantaram um terço do seu dinheiro das contas bancárias; muitos, ao que parece, guardam as suas poupanças debaixo do colchão ou enterram-nas no jardim de casa. Um banqueiro, que hoje em dia parte do seu trabalho é tenatr persuadir as pessoas a deixar o seu dinheiro no banco, disse-me, “Quem pode confiar num banco grego?”
In Business Insider

Quem realmente pode confiar numa comunicação social que se remete constantemente ao silêncio daquilo que é contraditório à verdade que à força desejam passar?
Quem pode acreditar nos pseudo-experts e comentaristas de banca(da) que preenchem as páginas de opinião, a opinião na rádio e na televisão?
A Islândia não é um “case study”, a Islândia é apenas mais um exemplo de como reagir a choques económicos. Este tipo de acção foi anteriormente também tomado pela Argentina -apenas como mais um exemplo-, essa que actualmente cresce 9% ao ano há uma década. E que tal o Equador?

Por cá, pelo nosso burgo de burgueses mentais, as coisas estão como estão… não como na Islândia, infelizmente, pois por cá o silêncio das verdades inconvenientes para as elites é a chave de ouro que sela a ignorância que pauta o estar do seu Zé Esquecido.

Nove meses depois da troika, tudo falha (…) Está a falhar na economia. Ela encolheu 1,5% em 2011. (…) Está a falhar nas contas públicas. O défice em 2011 foi superior, em 1.893 milhões de euros, ao previsto no Orçamento do Estado. Sim, a despesa desceu mais 440 milhões de euros do que estava previsto, mas as receitas ficaram 2.332 milhões de euros abaixo. Dados da Unidade Técnica Orçamental da Assembleia da República. A dívida portuguesa aumentou em quase 20% do PIB entre o terceiro trimestre de 2010 e o mesmo período de 2011. (…) Está a falhar na vida das pessoas. O desemprego atingiu os 13,6 por cento. É a terceira maior taxa de desemprego da OCDE. Em Dezembro, 31% dos jovens portugueses com menos de 25 anos estavam desempregados. (…) Desculpem só ter números para vos dar e faltarem-me as frases mobilizadoras sobre os efeitos regeneradores da austeridade. Está a ser um desastre.
In Expresso

E para os amantes incondicionais das mais valias do euro – sejam elas o que forem…

A taxa de desemprego de 2011, hoje divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), é mais do triplo da registada em 2001.
In Sol

Coincidências com o ano de entrada no euro, apenas coincidências. Também apenas uma coincidência com o ano de perca de autonomia do nosso banco central, apenas coincidência, tal como tantas outras coincidências que irão continuar a ser apenas coincidências porque os nossos meios de comunicação serão incapazes de criar paralelismos entre a realidade de hoje e os efeitos das medidas assumidas desde 2001, porque tal poria em causa a linha condutora do discurso das elites cá do nosso burgo, as suas “verdades” pintadas à força.
Talvez por isso, o Zé Esquecido vá continuando pacificamente a encaixar pontapé atrás de pontapé na lógica da lógica perante uma ilógica que à força se torna lógica. Confuso, pois… tal como isto:

(…) o Estado vai ter que registar nas contas deste ano os 600 milhões de euros que se comprometeu a injectar no banco, antes de o vender ao BIC.
In Diário Económico

Mais 600 milhões retirados do estado social para pagar algo que de benefícios para a sociedade trás zero, ou algo muito próximo disso.
Ah! É agora que se levantam as vozes a dizer: “Mas se não fizéssemos isso os mercados deixariam de nos emprestar dinheiro e entraríamos numa falência violenta!”
Ah! Como uma mentira contada tantas vezes soa tão fortemente a verdade!
A Fitch subiu o rating da Islândia porque as medidas tomadas fizeram decrescer imensamente as probabilidades de quem agora lhe emprestar dinheiro não vir a receber o que lhe emprestou. Ao contrário dos países que se estão a auto-mutilar com medidas que destroem o sua independência económica e o seu tecido social. Quem quer emprestar dinheiro a um país que se auto-mutila a caminho do abismo e destroi o seu tecido social? Emprestam à Islândia ou a Portugal? Talvez à Grécia? A Espanha, Itália? Pois é…

E o que fazer contra este estado de coisas?
Pois…
Estando a elite a dominar e a controlar os meios de comunicação, as bancadas do bananal (parlamento), de mão dada com os casinos (bancos), a coisa não se afigura nada fácil para quebrar as barreiras da ignorância patenteada pelo Zé Esquecido.
Talvez tenha de dar razão a John Holloway, colunista no The Guardian, quando intitula um dos seus artigos desta forma “singela”: “Os gregos mostram-nos como protestar contra um sistema falhado”

A raiva demonstrada nas cidades gregas contra as medidas de austeridade inspira todos os que estão a sofrer em benefício dos bancos e dos ricos (…) Como podemos pedir às pessoas que aceitem docilmente os ferozes cortes na qualidade de vida que as medidas de austeridade implicam? Queremos que eles aceitem que o imenso potencial de tantos jovens seja pura e simplesmente eliminado, com os seus talentos enleados numa vida de desemprego de longo prazo? Tudo isso para que os bancos possam receber o seu dinheiro, os ricos ficarem ainda mais ricos? Tudo isso, apenas para manter um sistema capitalista que há muito passou a sua data de validade, que agora oferece ao mundo apenas destruição? (…) quanto tempo mais iremos ficar a assistir ao aumento das injustiças, a ver os sistemas de saúde serem desmantelados, a educação reduzida até a um nível acrítico, as águas do mundo sendo privatizadas, as comunidades destruídas e o planeta rasgado para o lucro das empresas de mineração? (…) Por todo o lado o dinheiro está a submeter toda a vida humana e não humana à sua lógica, à lógica do lucro. (…) Todos somos gregos. Somos todos sujeitos cuja subjectividade está pura e simplesmente a ser espalmada pelo rolo compressor de uma história determinada pelo movimento dos mercados financeiros. (…) A raiva pode facilmente transformar-se num evento nacionalista, numa raiva fascista; uma raiva que não faz nada para tornar o mundo melhor. Então é importante ser bem claro que a nossa raiva não é uma raiva direccionada aos alemães, nem mesmo uma raiva direccionada a Angela Merkel, ou a David Cameron, ou a Nicolas Sarkozy. Estes políticos são apenas símbolos arrogantes e patéticos do verdadeiro objecto da nossa raiva – o governo do dinheiro, a submissão de toda a vida à lógica do lucro. (…) Por detrás do espectáculo de bancos a arder na Grécia está uma processo mais profundo, um movimento mais silencioso de pessoas que se recusam a pagar os transportes públicos, as contas da electricidade, as portagens, as dívidas aos bancos; um movimento, nascido da necessidade e convicção, de pessoas que estão a organizar as suas vidas de forma diferente, criando comunidades de apoio mútuo e cadeias de bens alimentares, a ocupar edifícios abandonados e terras ao abandono, criando zonas agrícolas comunitárias, voltando para o campo, virando as suas costas aos políticos (que hoje em dia têm medo de aparecer na rua) e criando formas de democracia directa para tomar as decisões sociais. Talvez ainda não seja o suficiente, talvez ainda esteja em fase experimental, mas crucial. Por detrás das espectaculares chamas, é a procura por esta criação de uma forma diferente de vida que irá determinar o futuro da Grécia e de todo o mundo.
In The Guardian

Os Limites do Crescimento

Hoje vou começar pelo fim…

Desde o final da Segunda Guerra Mundial que o mundo tem vivido sobe a égide do crescimento, do PIB. Tem sido quase uma corrida contra o tempo a ver quem conseguia crescer mais e mais depressa – uma loucura. O crescimento passou a ser sinónimo, nas folhas de cálculo dos economistas e nas análises dos políticos, de felicidade e de bem-estar, de riqueza e de prosperidade. Era muito bom que tais cálculos ou análises se baseassem num mundo sem fronteiras, sem barreiras e ilimitado. Mas não o é. O mundo em que vivemos é esférico, tem barreiras, tem fronteiras e é limitado. Logo aqui são colocados em xeque os cálculos do necessário crescimento eterno para sustentar um sistema económico que não está desenhado para encontrar limites.
O crescimento que nós como sociedade temos vivido neste mundo desde a década de 1940 – em média aproximadamente 4,5% ao ano – foi um crescimento que assenta as suas bases numa fórmula matemática que foge ao entendimento da maioria do comum dos habitantes deste planeta; O crescimento exponencial.
Vou tentar explicar isso de forma o mais simplista possível.
– Uma taxa de crescimento de 4,5% em média por década significa que a cada 15 anos o mundo está a consumir aproximadamente o dobro daquilo que consumia há 15 anos de modo a conseguir alimentar esse crescimento – mais petróleo, mais carvão, mais matérias-primas, etc.
– Agora imagine que todos os recursos disponíveis no planeta equivaliam a 100.
– Imagine que na década de 1940 o consumo de recursos no planeta equivalia a 4.
– 15 anos depois, 1955, com o mundo a crescer 4,5%, o consumo de recursos no planeta equivalia a 8.
– Passados outros 15 anos, 1970, com o mundo a crescer 4,5%, o consumo de recursos no planeta equivalia a 16.
– Mais 15 anos, 1985… equivalia a 32.
– Mais 15 anos, 2000… equivalia a 64.
– Mais 15 anos, 2015… equivalia a 128.
(P.S: Uma explicação mais aprofundada do crescimento exponencial está no artigo O Petróleo, a Economia e os 7%)
Mas se este nosso mundo “imaginário” só tem 100 para servir de recursos, como então se adaptarão os cálculos e análises do crescimento, do PIB,  a um número que devia ser 128 para sustentar o tão necessário crescimento que serve de sustento a este sistema económico?
Pois é, pois é… as fronteiras, as barreiras e as limitações existem e estão sempre presentes no nosso mundo real.
Não poderá estar já actualmente o  nosso mundo a chocar de frente com as reais fronteiras, as barreiras e as limitações de um mundo que é esférico e não ilimitado?

Richard Heinberg:

A maré do crescimento económico que nos tem banhado desde a Segunda Guerra Mundial, poderá estar finalmente a perder força. Para os políticos e para a maioria dos economistas, é o mesmo que se dizer que o céu está a cair sobre as nossas cabeças. O crescimento tornou-se o guia e o Santo Graal, o sine qua non da existência económica. (…) o crescimento do PIB é impossível de sustentar a longo prazo, porque vivemos em um planeta com recursos naturais limitados. (…) No mundo “real” da política e da economia, questionar o crescimento é como questionar a gasolina numa corrida de fórmula 1. (…) À medida que as indústrias extractoras foram consumindo o produto que estava mais à mão no mundo do petróleo, carvão, gás natural e outros minerais, e se viraram para qualidades inferiores e, consequentemente para minérios e combustíveis mais dispendiosos, os gestores da economia tentaram preservar o crescimento acumulando dívida com a enganadora crença de que é apenas o dinheiro que faz a economia carburar, não a energia e as matérias-primas. (…) Com tanto os recursos energéticos como o crédito esticados ao limite, significa que poderá simplesmente não ser possível mais crescimento económico nos Estados Unidos e na Europa, independentemente da nossa opinião sobre o assunto. Se os políticos não reconhecerem isto e continuarem a assumir que a actual crise da dívida é apenas outro ciclo normal, então poderemos perder as oportunidades que ainda nos restam para tentar evitar um crash que poderá deixar a civilização de joelhos.
In The Guardian

Neste texto é-nos dito que a nossa sociedade já chocou de frente com os limites do planeta e que esses limites têm sido “escondidos” artificialmente nas contas do crescimento do mundo, no PIB, através da injecção de mais e mais dívida no sistema de forma a tentar encontrar um caminho para uma equação matemática que não levou em consideração limites aquando da sua criação, fórmula que serve de análise à felicidade ao bem-estar, à riqueza e à prosperidade… querem-nos fazer querer, nem que seja à força da mentira.
Qual está então a ser o caminho que os economistas e os bananas [políticos] estão a defender?
Abordar o problema central que afecta o sistema económico -barreiras ao crescimento, ou injectar mais dívida no sistema?

“O Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão, o Banco Central Europeu, o Federal Reserve americano e o Banco Nacional Suíço anunciaram hoje medidas coordenadas para ampliar sua capacidade de proporcionar liquidez ao sistema financeiro mundial”, anunciou o BCE.
In AFP

Pois é, pois é…
E então se lermos isto?

«Hoje, o Banco do Canadá, o Banco de Inglaterra, o Banco Central Europeu, a Reserva Federal, o Banco do Japão e o Banco Nacional da Suíça vêm anunciar uma medida coordenada que intenta aliviar as continuadas e elevadas pressões sobre o dólar americano nos mercados de financiamento.»
In Independet.ie

Não, não me enganei e coloquei uma repetição da mesma informação.
Ora, leiam:

Isto foi o que os bancos centrais fizeram ontem mas o testemunho acima foi feito a 18 de Setembro de 2008. Já aqui estivemos.
In Independet.ie

Pois é, pois é… deja vu.
A solução avançada esta semana como sendo a “solução” é nada mais nada menos a mesma “solução” que foi avançada como a “solução” final há três anos. Mesmo que esta “solução” funcione, quantos mais anos acham que ela irá ser solução?

«Desta forma, tal qual viciados, só estamos a comprar tempo. E sem a essencial terapia, só estamos a tornar o tratamento e a recuperação cada vez mais difícil»
In Der Spiegel

Pois é, pois é…
“Solução”? Terapia?
Mas analisemos então a qualidade da “solução” avançada pelos casinos centrais do nosso mundo.

A liquidez do mercado interbancário secou esta madrugada e os bancos tiveram de se socorrer dos empréstimos disponibilizados pelo BCE.
In Jornal de Negócios

Dois dias depois da grande “solução”, eis que o caso se torna ainda mais grave. Estas “soluções” diabólicas avançadas pelos mestres dos casinos com o apoio cego dos bananas e a anuência pela ignorância, ou pela preferência da irrealidade, dos Zé Esquecidos do mundo [povos], faz com que estas “soluções” só agravem o problema e não resolvam absolutamente nada de nada, bem pelo contrário. E quanto mais tempo os Zé Esquecidos continuarem cegamente esquecidos, o seu futuro irá continuar, dia-após-dia, a ser-lhes roubado em virtude de tal cegueira.

O Painel de Avaliação dos Auxílios Estatais da Comissão Europeia (CE) revelou, esta quinta-feira, que “o apoio nacional a favor do sector financeiro de que os bancos efectivamente beneficiaram no período compreendido entre Outubro de 2008 e 31 de Dezembro de 2010 ascendeu, no total, a cerca de 1,6 biliões de euros”, o que corresponde a 13% do PIB comunitário.
In Jornal de Negócios

Por acaso aqueles que ainda têm preferência em acreditar na irrealidade, ou os que desejam ardentemente continuar na ignorância, já pensaram que a crise dos periféricos e as medidas de austeridade adoptadas possam ser “apenas” fruto para dar frutos para alimentar os biliões de euros que estão a ser dados aos casinos que moram na Europa? Já sequer colocaram isso em questão?
Não?

O empenho foi tão grande que o Governo conseguiu transferir o fundo de pensões da banca mais do que uma vez. Transferiu-o uma vez e meia: uma para cá, meia para lá. (…) Não perca o fio à meada: seis mil milhões dos actuais pensionistas da banca estavam aplicados, “a render”, para pagar as pensões ao longo da sua velhice. Esse valor foi transferido para o Estado, em dinheiro vivo e em títulos de dívida pública. A dívida pública eventualmente consolidará (o Estado deve a si mesmo, logo abate a dívida pública); o dinheiro… será gasto. Entra por uma porta e sai pela outra. Voltando à casa da partida: ao banco.
In Jornal de Negócios

Provavelmente esta informação ainda não chegará para que os preferencialmente irrealistas desejem avançar um pouco mais no seu entendimento. Tal como em muitas coisas da nossa vida, há os que precisam primeiro que a casa lhes cai em cima para conseguirem entender que a sua estrutura tinha sido montada sobre mentiras.
E preparem-se, porque tal como em 2008, depois dos casinos centrais do mundo terem avançado para “salvar” o mundo, o mundo dos Zé Esquecidos poderá novamente vir a ser capitulado para salvar casinos que estão a ser “salvos” pelos casinos centrais do nosso mundo. Confuso? Pois é, pois é… é que os casinos centrais do mundo não salvam absolutamente nada, quem é chamado à salvação é o dinheiro dos contribuintes, dos Zé Esquecidos!
E para que tal afirmação não passe de forma ligeira:

Os bancos britânicos poderão vir a pedir mais dinheiro aos contribuintes.
In The Telegraph

Preparem-se que em breve voltaremos a ver o filme que já vimos há uns anos atrás, com as mesmas pieguices, choradeiras e clamores de fim do mundo. Aos que desejam continuar esquecidos e como parte adormecida do Zé Esquecido, desejo um bom assalto à vossa carteira e ao vosso futuro. O problema é que sendo poucos os que já acordaram para as mentiras, também eles terão de pagar pela cegueira amada dessa maioria surda do Zé Esquecido. Enfim, é característica da nossa espécie… a estupidez…

O défice de emprego global atingiu 64 milhões este ano, e serão necessários pelo menos quatro anos para regressar às taxas de emprego pré-crise de 2008, se o crescimento económico global continuar anémico, alertou hoje a ONU. (…) “Três anos depois do desencadear da Grande Recessão, a persistência do elevado desemprego continua a ser o calcanhar de Aquiles da recuperação económica na maioria dos países desenvolvidos”, refere o relatório.
In Destak

Calcanhar de Aquiles, o desemprego. “Soluções” avançadas em 2008 que levaram ao aumento do desemprego. Desemprego que está a conduzir a economia global para a recessão. “Solução” avançada em 2011 para resolver os problemas da economia mundial? A mesma aplicada em 2008 que piorou a situação em quase todos os vectores económicos. Pois é, pois é… daqui a três anos estaremos a falar do quê?
Pois é, pois é… austeridade…

A desigualdade aumenta quando os países usam os cortes nos gastos (…)
In Huffington Post

Vem aí mais austeridade para reduzir os efeitos da massiva injecção de dinheiro fiduciário (papel) no sistema e dessa forma controlar aquilo que poderá vir a ser inflação descontrolada pelo mundo fora. A austeridade está a servir de medida de controlo da inflação e não para controlo das despesas públicas dos estados, pois austeridade conduz ao aumento dos défices…

Como podem os países esperar superar a crise quando retiram dinheiro da economia através de mais impostos, quando mais dinheiro é retirado da economia através dos cortes nos gastos públicos e ainda quando mais dinheiro é retirado da economia pela redução dos salários e dos benefícios fiscais?
In Pravda

Pois é, pois é… E os que ainda acreditam na história da carochinha de que tais medidas são vitais para a sobrevivência do seu país, gostava de os relembrar do valor já colocado neste texto – a Europa até 2010 já DEU aos casinos que moram na nossa Europa 1,6 biliões de euros. A quem andam a tirar para poderem dar aos queridos amados meninos dos bananas? A quem?
Pois é, pois é…
E para os que preferem continuar a acreditar na irrealidade, ou para os que preferem continuar mergulhados na ignorância:

Contra factos não há argumentos e nem as agências de rating conseguem ignorar os efeitos positivos das decisões políticas. «A economia da Islândia está a recuperar das falhas sistemáticas dos seus três maiores bancos e voltou a um crescimento positivo depois de dois anos de contracção severa», disse esta semana a Standard & Poor’s, depois de ter subido o rating do país para BBB/A-3 (a Fitch mantém a Islândia com rating “lixo”). Das consecutivas decisões que o país foi tomando – e que continua a tomar – desde 2008 que não há vítimas a registar, a não ser os banqueiros e políticos que levaram à crise da dívida pública.
In Jornal I

Pois é, pois é… talvez também ainda não chegue para que quem deseja continuar agarrado com unhas e dentes à irrealidade consiga ver que nem sempre o que nos dizem ser a visão perfeita o é na realidade. E para aqueles que preferem nem saber, então fiquem a saber que a vossa desconexão e afastamento consciente ou inconsciente da realidade vos torna culpados por omissão da provável morte da vossa tão amada sociedade construida de ignorância.
Pois é, pois é… e voltando ao início que foi aqui anunciado como sendo o fim…

(…) a longo prazo irá indubitavelmente existir vida depois do crescimento, e não terá de significar que se desenrolará em condições piores. Com menos energia para alimentar a globalização e a mecanização, deverá acontecer um crescendo na procura da produção local e no trabalho manual. Poderemos conseguir suprir as necessidades básicas de todos dando prioridade ao trabalho na indústria transformadora e na agricultura, enquanto diminuímos as indústrias financeira e militar. Também teremos de reduzir as desigualdades económicas e a corrupção (…) Enquanto fazemos essas coisas, teremos de reformar a economia para reflectir a realidade ecológica: a Natureza, ao fim ao cabo, não é apenas um monte de matérias-primas à espera de serem transformadas em produtos e depois em desperdício; bem pelo contrário, a integridade dos ecossistemas é uma pré-condição para a sobrevivência da sociedade. (…) Existe luz ao fim do túnel. Se nos focarmos a melhorar a qualidade de vida em vez de aumentarmos a quantidade daquilo que consumimos, poderemos vir a ser mais felizes mesmo que a nossa economia regrida até se estabilizar dentro dos limites da Natureza. Mas é improvável que transpire um futuro benigno se todos continuarmos a viver num mundo de faz-de-conta onde o crescimento não conhece limites, onde a dívida pode ser paga com mais dívida e onde se assume que os recursos naturais são eternos. Os alarmes estão a soar. Acordem para a economia do pós-crescimento.
In The Guardian

Conclusão:
O crescimento cresce de ar feito de nada… de dinheiro que é dado a uns retirando a quem menos tem… num mundo de cegos conscientes e de conscientes na ignorância… consciência de nada que não conduz a nada de bom… entre mártires da cegueira e cegos na destruição… o mundo avança imparavelmente para um momento de decisão…
Ou abrimos os olhos ou então deixaremos de ver… futuro.

Ainda se Recorda da Democracia?

O nosso filme…

Cerca de 43 milhões de pessoas estão em risco de carência alimentar na Europa e não têm meios para pagar uma refeição completa e 79 milhões vivem abaixo do limiar de pobreza, indicam dados do Programa Europeu de Apoio Alimentar.
In Sol

Num mundo desenvolvido? Sociedade desenvolvida? Para quem? Por quem?

A União Europeia está a considerar cortar aproximadamente 75% nos fundos de um programa que ajuda a alimentar 18 milhões dos seus cidadãos mais pobres. Os cortes irão ter efeito a partir do novo ano, e chegam numa época de aumento no desemprego e no preço dos alimentos em muitas áreas da Europa, assim como um tumulto económico generalizado no continente.
In Yahoo! News

Estaremos sentados na fila do meio de uma qualquer sala de cinema de segunda categoria a assistir a um filme de terror onde os nossos auto-proclamados heróis e eternos defensores da democracia (bananas), nossos parceiros na defesa das injustiças, se transformaram em canibais sanguinários sem pingo de humanidade e sentido de colectivo?
A comparação até poderá ser macabra, mas dificilmente será mais macabra que a opção que está a ser considerada pelos nossos heróis eurocratas, tal a insensibilidade e desconexão com a realidade que consome o dia-a-dia do comum dos Zés Esquecidos [povo] da Europa. Tiram o pão a quem já nada mais tem, para o darem a…

Um relatório recente afirma que desde “a última grande onda” de alargamento na União Europeia em 2004, o volume de mão-de-obra na instituição cresceu de 3.946 para 6.245 mesmo que os membros de representantes eleitos no Parlamento Europeu só tenha crescido de 732 para 736 durante o mesmo período. (…) E o relatório afirma que os números ilustram um orçamento “fora de controlo” (…)
In The Telegraph

… para o darem a mais uns quantos burocratas que de tão longe estarem da realidade que assola os Zés Esquecidos da Europa, já nem se recordam que democracia verdadeira é uma democracia que representa as vontades e necessidades dos Zés Esquecidos. Nem se recordam que tudo o que não siga por esse caminho já, em diversos momentos na História, foi adjectivado com as mais “singelas” das palavras: corporativismo, autoritarismo, ditadura, totalitarismo e a que mais insultuosa se apresenta, fascismo. Cá pela minha mOsca isto é apresentado como demo-cracia.

Ainda se lembram quando os bananas [políticos] trabalhavam a pensar no Zé Esquecido? Ainda se recordam de tais tempos, ou terá sobrado apenas a vã dor da memória?

(…) por cada 1.000 euros de salário bruto, entre 2000 e 2013, os funcionários públicos perdem em média, sem contar com o aumento dos impostos, 350 euros por mês.
In Correio da Manhã

A culpa é do Zé Esquecido que trabalha para o estado! Que desperdício, dirão alguns que se afiguram como muitos, porque basta uns quantos Zés Esquecidos estarem contra outros Zés Esquecidos para ser sempre um atentado à união dos muitos que são poucos porque estão desunidos.
Por isso, essa desunião, praia de deleite para o bananal, vai servindo para servir de bandeja os desperdícios que alimentam os nossos heróis da história de terror e os seus mais-que-tudo escudeiros.

A eliminação dos subsídios de Natal e de férias a funcionários públicos e pensionistas que ganhem mais de mil euros não chega para cobrir o novo buraco do Banco Português de Negócios (BPN) que, segundo o primeiro-ministro, acaba de engordar 350 milhões de euros.
A factura a passar aos contribuintes sobe, assim, para 2.750 milhões de euros, quando o encaixe com os dois subsídios que não serão pagos rondará os 2,6 mil milhões de euros.

In Dinheiro Vivo

BPN, nosso querido BPN. Sem ti a nossa praia não seria a mesma, pois sem ti não haveria como justificar que salvar escudeiros do privado com os interesses do público é feito em nome do Zé Esquecido. Corta, corta, corta, corta mais um pouco no futuro do Zé Esquecido para que um, ou mais, be-pe-énes continuem a servir de nevoeiro ao corporativismo, à  demo-cracia. Corta!

O salário mínimo nacional teve um acréscimo de apenas 88 euros desde 1974, enquanto que as pensões mínimas de velhice e invalidez aumentaram apenas 38 euros nos últimos 36 anos, segundo dados da Pordata.
In RTP

A culpa é dos salários do Zé Esquecido que subiram demasiado desde os tempo em que os adjectivos “corporativismo”, “autoritarismo”, “ditadura”, “totalitarismo” e “demo-cracia” eram pronunciados sem nevoeiro a envolvê-los. Corta! Corta, que assim o Zé Esquecido estará cada vez mais próximo dos tempos em que não eram necessários subterfúgios nas palavras para adjectivar os tempos que eram vividos. Corta no futuro para nos apresentarem uma vez mais o passado!
Saímos da sala de cinema para apanhar um pouco de ar…

As distorções tributárias do país prejudicam a classe média, que contribui com mais impostos do que os bancos. Análise feita pelo Sindicato Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), e confirmada por especialistas, indica que os trabalhadores pagaram o equivalente a 9,9% da arrecadação federal somente com o recolhimento de Imposto de Renda ao longo de um ano. As entidades financeiras arcaram com menos da metade disso (4,1%), com o pagamento de quatro tributos.
In Economia&Negócios

Publicidade! Publicidade! Exclamam alguns ainda cegos pelo ar de herói do herói do nosso filme de terror. Isso é no Brasil! Isso é lá longe!
Era bom que fosse longe. Era bom que fosse apenas no Brasil. Principalmente era bom que tivéssemos direito e acesso a um estudo no mínimo similar em Portugal. Portanto até têm razão, isso é no Brasil, isso é lá longe! Por cá ainda estamos pior!
Existem estudos da realidade portuguesa, sim senhor, feitos e conduzidos por elementos do Zé Esquecidos que foram e são votados ao esquecimento do nevoeiro do corporativismo, da demo-cracia. (Isto é um segredo…)

Voltemos para a sala que vai começar a segunda parte do nosso filme… de terror…

Os subsídios políticos à energia estavam abaixo dos 500 milhões de euros em 2005, quando José Sócrates tomou posse, e foram subindo até que, em 2011, obrigam famílias e empresas a um extra nas facturas de electricidade superior a 2.500 milhões de euros, três vezes o corte no subsídio de Natal decidido para este ano. (…) Nas facturas estão incluídos subsídios de 747 milhões de euros às renováveis, que ganharam o direito de vender à rede toda a energia que produzam, ao dobro do preço de mercado. E há ainda 1.075 milhões em subsídios às centrais a gás e carvão, subsidiadas para conterem a sua produção a níveis reduzidos.
In Agência Financeira

Sentámo-nos e eis que o nevoeiro do corporativismo, da demo-cracia, volta a assumir o papel principal na história do nosso filme… de pavor.
É para o nosso desenvolvimento futuro. Clamam os nossos heróis e seus mais-que-tudo escudeiros. Sem isso não existe capacidade para sustentar as eólicas, as solares e alimentar as centrais a carvão…
A carvão?!?! Mais um buraco no fundo do nosso chão!

Quase três vezes o défice de Portugal é quanto o Estado vai pagar à EDP e à Iberdrola, as concessionárias das futuras barragens na bacia do Douro, durante os próximos 70 anos. (…) As concessionárias das futuras barragens vão produzir “metade da energia prevista” no plano, com o dobro do investimento pedido, mediante o pagamento anual de um subsídio do Estado de 49 milhões de euros e ainda de 20 mil euros por megawatt produzido, (…) que produzirão apenas 0,5% da energia consumida em Portugal, representam só 2% do potencial de energia que poderia ser obtida através de um programa de eficiência energética e respondem por 3% do aumento das necessidades energéticas do país.
In Dinheiro Vivo

Só pode ser mais um erro de casting atribuível ao nevoeiro que envolve o corporativismo, a demo-cracia com que se deleitam os nosso heróis, porque uma real democracia não permitiria, nem permite e muito menos irá permitir que o futuro continue cada vez mais igual ao passado de 1974… ou irá permitir?

O memorando, assinado em maio, com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional, previa o reforço do fundo de capitalização do sistema bancário para 12 mil milhões de euros e do limite máximo das garantias que o Estado pode prestar à banca para emissão de dívida para 35 mil milhões. (…) A nacionalização dos bancos é o temor que está na cabeça de todos os banqueiros, já que o recurso ao capital público significa a entrada do Estado nas instituições, apesar de o governador do Banco de Portugal ter garantido que essa entrada não significa uma nacionalização porque “não altera o controlo acionista das sociedades”, visto que a operação será “através de ações preferenciais”.
In RTP

Ajuda que é privado e ajuda porque é escudeiro desta praia de corporativismo, de demo-cracia!
Este é o nosso mundo feito de buracos atrás de buracos fortemente unidos aos corporativismos da nossa demo-cracia. Buracos que são remendados com o futuro de quem dá futuro à democracia, com o futuro do Zé Esquecido. Serão sempre apenas remendos, porque a insaciabilidade dos corporativistas é sempre maior do que os remendos à sua fome. Eis então que damos por nós numa encruzilhada: ou saímos da sala de cinema e clamamos pelos nossos direitos esquecidos pela demo-cracia, ou continuamos sentados a assistir à projecção do terror…  eis a opção que trará sempre consigo dor. A dor da perda da inocência, ou a dor da anuência e aceitação…

Conclusão:
De pão a pão enche o comilão o papo! E de mão entre mão é destituída a democracia…

Os Esqueletos no Armário Alemão

Tenho passado estas últimas semanas e meses a tentar compreender para onde se deslocam, e porque se deslocam, as tendências políticas no seio do Império europeu…

O presidente da Comissão reconhece que a “Europa não se pode fazer contra os países”, mas se não houver mais integração na zona euro, os países também vão ter problemas”, avisou.
In Dinheiro Vivo

Porque razão a não existência de uma maior integração na Zona Euro – cedência de soberania – equivale ao fim do plano gizado há largas décadas por alguns visionários que irão ser julgados pela História, seja para o bem ou para o mal, e a uma carga de problemas para os países pertencentes ao grupo?
Porquê este estilo de comunicação verdadeiramente dramática e dantesca por parte das elites da Europa? Mais parece que o mundo está para acabar. Nada mais enganoso, assim como enganoso é o facto da Europa terminar se não forem dados os passos que nos estão a querer impingir. A maioria dos países da Europa já existem há muitos séculos e já passaram por situações bem mais graves que a actual, e sobreviveram…
Mas pronto, no negrume se vai conseguindo avançar longe do escrutínio do Zé Esquecido [povo]…

Parlamento Europeu aprova legislação sobre governação económica (…) “no pacote há uma luz de esperança: a nova iniciativa que se propõe identificar e corrigir, antes que se transformem em problemas insolúveis, os desequilíbrios macroeconómicos que se acumulam, em particular na Zona Euro”.
In Oje

Eis a salvação! A luz! Estamos a caminhar em direcção à porta de salvação!
Mas que raio, o que difere realmente esta solução «milagrosa» da que está actualmente em vigor?
Não irão ser burocratas a definir o futuro tal como o são actualmente?
Não irão existir interesses partidários localizados territorialmente para defender uns mais que outros?
A cedência e perda de soberania é a salvação, segundo nos querem fazer crer?
Mas que raio…

Um grande e ambicioso plano de auxílio financeiro para a zona euro estará já a ser delineado pela União Europeia, visando, entre outros aspectos, o aumento do fundo de resgate europeu para dois biliões (milhões de milhões) de euros.
In Público

Eis a salvação, a luz, a porta de salvação, blábláblá!
Impressão minha ou já anteriormente ouvimos tal retórica?
Mas… dois biliões de euros?!?!?
Esperem lá! É-nos dito que o buraco na Grécia é de aproximadamente 500 mil milhões! Hmm, mais 1.5 biliões porquê? Cabem lá mais três grécias…
Será para salvar a Itália que tem uma dívida perto de 2 biliões, ou a Espanha?
Eles vão-nos querendo fazer acreditar que esse é o objectivo. Mas e se não for?

Carlos Costa: “Crise da dívida é a metamorfose da crise do subprime”
In Dinheiro Vivo

Esperem lá. Então a crise do «subprime» – crise do mercado imobiliário – não foi uma brincadeira em que os casinos [bancos] mais poderosos do mundo andaram a jogar ao jogo do tóxico?!?!
Hmmm, será possível que o que andamos a ouvir falar seja apenas afinal mais uma crise criada pelos mesmos casinos e casineiros de sempre?!?!

O BCE está a preparar-se para providenciar um ano de liquidez aos bancos.
In Reuters

Um ano? Porquê um ano, tanto tempo assim?
Um ano, praticamente à borla, a sair dos cofres de uma instituição que é paga pelo dinheiro dos contribuintes europeus.
Qual a razão de tal buraco financeiro que justifique tanto dinheiro para ser garantido aos casinos europeus? Porquê?

O sistema bancário alemão está exposto a mais de um bilião de dólares em activos «tóxicos» ou de risco, escreveram este Sábado os média da maior economia da Europa, citando um relatório confidencial de controladores financeiros.
In Channelnewasia

Ah! Será que o Carlos Costa tem mesmo razão e isto é mesmo a extensão da crise dos derivados, dos tóxicos!?!
Ah! Agora já talvez dê realmente para compreender o porquê de ser necessário um ano de dinheiro quase à borla vindo dos bolsos dos contribuintes europeus para ajudar os mesmos casinos de sempre.
Ah! Aqui está um vislumbre do buraco e da verdadeira crise que afecta a Europa! Um bilião! Qual Grécia qual carapuças!!! Um bilião!
Mas há mais…

Um professor de economia alemão, Bernd Raffelhueschen, calculou que a Alemanha tem responsabilidades não assumidas no orçamento que totalizam cinco biliões de euros. Um valor que diz respeito à cobertura das necessidades da Segurança Social e fundos de pensões locais.
In Jornal I

5 biliões de euros?!?!?! 5 biliões de euros de dívida dos Srs. mais-que-perfeitos-da-alemanha?!?! (Representa 185% do PIB da Alemanha – quando somado aos 2 biliões de dívida oficial – 7 biliões)
5 biliões, mais 2 biliões oficiais, mais 1 bilião de tóxicos são 8 biliões que equivalem a umas quantas Grécias, mais uns quantos portugais, duas ou três irlandas e ainda somados de uma Itália e de uma Espanha e meia!
Os senhores de todas as virtudes económicas da Alemanha, eis que são eles próprios a pura cara e singela face da hipocrisia e do despesismo. Eles que hoje dão ordens e quais são venerados quase como Deus…
Mas… sabem em que maioria de mãos irá ficar a soberania que nos querem fazer crer que passada para as elites da Europa representa a salvação, a luz e o caminho?!?
Maioritariamente, nas mãos de alemães e instituições alemãs!
Então o que me dizem agora das palavras do «Cherne»: “se não houver mais integração na zona euro, os países também vão ter problemas”?
Será que ele se referia à Alemanha e França como os países que irão ter mais problemas se tal não for avante?
Será que o pacote de dois biliões de euros para reforçar o fundo de ajuda mais não seja na realidade apenas mais uma ajuda para tentarem salvar a Alemanha e os seus casinos?

Mas serão esses 8 biliões de esqueletos realmente significativos no real contexto das coisas?
Analisemos então o tamanho do mundo que anda a ser escondido dos Zé Esquecidos deste mundo em forma de falso crescimento do PIB, seja ele local, de um país ou do mundo.
Sras. e Srs., tenho o horrível desplante de vos apresentar o outro mundo do nosso mundo, ou melhor, os outros mundos no nosso mundo:

Fonte: Der Spiegel
1.643.000.000.000.000.000.000 foi o valor do mundo financeiro em circulação no ano de 2010! Um quatrilião e seiscentos e quarenta e três triliões de dólares!!! O valor de todos os bens produzidos no planeta Terra no mesmo ano ascendeu a uns exíguos 63 triliões de dólares!
ESTE É O NOSSO MUNDO!!! Ou terei de escrever, estes são os outros nossos mundos!!! Este é o nosso crescimento em formato de PIB das últimas décadas! Esta é a ilusão de riqueza que grassa pelas mentes que vivem esta sociedade como se o amanhã fosse crescer para sempre exponencialmente! Esta é a realidade que irá cair sobre todas as cabeças, seja a dos inocentes ou a dos insanos predadores\casineiros e seus queridos bananas! Esta é a mentira em que se baseia toda a nossa irrealidade e sociedade!

Sabem, chega de tanta mentira, de tanta ocultação, de tanta hipocrisia, de tanta trampa!!! Nada de bom se constrói sobre tais fundações! Nada de bom há-de advir de algo que se envolve em tais negrumes de ascos humanos! À frente pouco mais resta que uma acentuada descida…

Conclusão:
– Aleluia, aleluia,… vimos a luz… sabemos o caminho… sigam-nos senão o mundo acaba. Pagamos em géneros pela vossa crença… dois biliões deles… aleluia, aleluia!
(E eis que lá no fundo ouvimos os casinos)
– Aleluuuuuiiiiiiaaaa… alllleeelllluuuiiiiiiaaa… dois biliões de aleluias!
E entretanto… ficamos a saber… é a mesma crise do subprime…
(E do mesmo fundo chega um grito em uníssono)
– CALA-TE SATANÁS!!! A MENTIRA É A VERDADE DESTE MUNDO!!!
Calma meus queridos que irão ter um ano de beijinhos do papá…
(Apazigua o BCE)
– Hmmm, é tão querido este paizinho… agradecem os casinos.
(E do Deus do Olimpo chega a voz do futuro)
– 6 BILIÕES DE MENTIRAS!!! 6 BILIÕES DE FALSIDADES!!! 6 BILIÕES DE INVERDADES!!!
(E ouvimos tremelicando o mundo que nos diz ser a voz da razão que nos guiará até à luz e nos providenciará o perdão)
– Sssãoooo ooossss eesssqqquuueelleetttoosss qqquuueeee eeessstttãoooo aaaa ssaaaiiirrr dooooo aaarrmmmárrriiiooo aaallleeemmmãoooo…
(E a voz da realidade exclama…)
– Até podeis ter mais que um mundo… Podeis ter até mais que uma realidade… Até podeis ter tudo o que sempre sonharas… Mas existe uma coisa que não podereis ter… a insanidade como marca de eterna realidade!!!

Só existe um caminho que representa real futuro, o caminho da verdade!

À Beira De Um Mundo Novo

Nas últimas semanas, temos destacado constantemente na minha mOsca as notícias que foram saindo sobre o estado dos casinos [bancos] europeus. Alguns de vós ficaram um pouco confusos, “Então, mas o problema não está na Grécia? Qual a razão de estarem a dar maior destaque aos casinos?”
O problema central nunca foi a Grécia, nem Portugal, nem a Irlanda, muito menos a Espanha. O problema foi sempre, desde o início do descalabro dos últimos anos, os casinos e o jogo alto que jogaram desde meados de 1980 no insano mundo das finanças económicas globais.
Nas últimas décadas, o mundo foi crescendo ao ritmo das bolhas que foram sendo desenvolvidas pelos meninos de coro, pelos casineiros. O PIB, seja do mundo ou de um país individual, foi sendo paulatinamente empolado nestas últimas décadas, e agora, porque as funções exponenciais e cumulativas têm limites, começamos a assistir ao esvaziar desse falso mundo de crescimento económico. Só nos resta esperar que, no meio desta loucura de insanos casineiros e de um bananal [políticos] que se deleita nos restos doados pelos seus queridos, a bolha não estoire toda de uma só vez.

Por isso, de modo a tentarem evitar que a bolha estoire já, os casinos centrais – BCE, Reserva Federal, Banco Central do Japão, Banco Central da Suíça e Banco Central de Inglaterra – dos países mais casineiros do mundo, abriram as comportas da economia mundial para…

[…] inundar o sistema financeiro com quantidades ilimitadas de dinheiro.
In Daily Mail

Hmmm… só pessoas totalmente desprovidas de uma noção abrangente da economia podem assumir tal papel na economia. Ninguém no seu perfeito juízo adopta tal medida sem estar absolutamente ciente e consciente de que a água-oxigenada não cura infecções e que quando usada em excesso destrói até os tecidos sãos! Talvez não seja má ideia lembrar a estes senhores o que aconteceu no Zimbabué…

O acordo anunciado ontem significa que os bancos poderão pedir emprestado «qualquer quantia» de dinheiro em três leilões em separado, em Outubro, Novembro e Dezembro. […] Isto significa que o dinheiro dos contribuintes está uma vez mais a ser usado para salvar o sistema bancário. Os contribuintes poderão vir a ser obrigados a pagar a conta caso a economia mergulhe numa nova e catastrófica recessão.
In Daily Mail

Roda o disco e toca o mesmo… roubo!!!
Mas mesmo mantendo uma postura mais serena sobre o assunto, isto não resolve nada de nada dos problemas que estão na raiz do cancro na economia, é apenas um transitar de dívidas de um lado para outro lado. Nenhuma das dívidas desaparece, antes pelo contrário. O volume em dívida aumenta porque os casinos já de si endividados até mais não, terão de pagar juros sobre estes novos empréstimos. Esta é a solução milagrosa encontrada para salvar(?) os casinos. Mais dívida para saldar dívida que já ultrapassou matematicamente a aceleração exponencial e que irá criar ainda mais dívida. Se isto não é um mundo de doidos, o que será?!?!

Mas pronto, alguns ainda poderão pensar que este tipo de medidas dos casinos centrais serão só aplicáveis em três tranches até ao final deste ano. Terá isso algum pingo de verdade?

“Iremos conduzir o controlo da liquidez que serve para assegurar o funcionamento dos mercados o tempo que for necessário (…)
In San Francisco Chronicle

E se o “tempo que for necessário” for para sempre? Hmmm… alguém terá mesmo de explicar a estes “dumbs” que nos desejam fazer de estúpidos o que aconteceu no Zimbabué, e urgentemente.
Mas pronto, este é um mundo feito à medida deles, pintado por eles, desenhado e erguido por eles… por isso, até a mais estúpida possível das afirmações tem lugar por entre os seus dentes como se fosse a coisa mais natural do mundo… enfim…

Continuando…

Os custos de financiamento em dólares para financiar os bancos europeus subiu, o que mostra que os investidores vêem a oferta de empréstimos ilimitados de moeda pelos fazedores de políticas aos bancos europeus como uma medida que ajuda apenas no curto prazo e que não aborda os problemas centrais que afectam a região do euro.
«Os principais bancos centrais trataram apenas os sintomas e não a causa», disse Michael Derks, o estratega chefe da corretora FxPro, em Londres.

In Bloomberg

Pois, estúpidos são apenas aqueles que desejam acreditar na história da carochinha, porque basta somar 1+1 para se ficar a saber que o que acabaram de fazer é um voltar a tentar adiar para mais tarde o inadiável, e nada mais que isso.
Mas já agora, quais são os sintomas que os casinos centrais mais importante do mundo estão a tentar salvar(?)?

Gordon Brown, ex-primeiro ministro do Reino Unido, revelou que «no geral, a banca europeia está grosseiramente subcapitalizada» e que a crise da dívida que assola a zona euro é mais séria do que a crise financeira que afectou o mundo há três anos.
«Em 2008, os governos podiam intervir com o intuito de resolver os problemas dos bancos», mas em «2011, quer os bancos, quer os governos, têm problemas», referiu Brown.

In Diário Económico

Estão descapitalizados?!?!?! HMMMMM?!?!? Como?!?!? Quantas?!?!?!?

Os bancos depositaram no BCE 86.952 mil milhões na quarta-feira, acima dos 75.529 mil milhões efectuados na terça-feira e abaixo dos 197.75 mil milhões de segunda-feira.
In Marketwatch

Mas então descapitalizados?!?!? Mais de 350 mil milhões de euros em três dias e descapitalizados?!?! Pois, e a minha avozinha tem 10 anos…
Sim, alguns estão descapitalizados. São os mesmos que já estavam descapitalizados (e mais alguns) em 2008 quando foram salvos(?) com os dinheiros públicos. Os mesmos que continuaram a brincar aos casinos como se não existisse amanhã. E agora, hoje, depois de terem gasto o amanhã ontem, e para que não aconteça um abanão nos mercados financeiros mundiais, qual a solução que as supra-mentes dementes deste mundo encontraram para a falta de capitalização daqueles que foram já anteriormente salvos(?) por falta de capitalização?!?! A mesma que anteriormente falhou e que vai voltar a falhar, porque uma ferida infectada não se trata apenas com água-oxigenada!
Portanto, as mentes dementes vão continuar a trilhar o caminho do estoiro total, porque o crescimento exponencial da dívida e os efeitos cumulativos da mesma não se resolvem com mais dívida… mesmo que seja uma transição da dívida dos privados para o público.
O problema está numa coisa tão simples quanto esta: enquanto os podres do sistema forem sendo salvos(?), o sistema não se regenera! Nunca! Porque os podres vão subsistindo e agem como uma maçã podre no meio de uma cesta de fruta… a podridão alastra.
Não são eles que gostam de utilizar a expressão “risco sistémico” para justificar as “medidas-água-oxigenada”? Pois o que estão a criar é um verdadeiro risco sistémico em que os paliativos só agravam a situação. Provavelmente, em vez de terem de falir 10 ou 15 casinos no mundo ocidental, agora tenham de ser largas dezenas, porque cada vez mais são os que  já estão infectados… e quanto mais tarde… maior o risco sistémico. Não é engraçado este nosso mundo?

O bancos centrais não tomam este tipo de medidas a não ser que esteja algo para acontecer; e algo estará mesmo a acontecer. Na Zona Euro, uma tragédia grega em evolução está a caminhar para o seu último e brutal acto. […] Mesmo assim, é difícil analisar a sua intervenção como forma de resolver algo mais que apenas o problema a curto prazo. Isto porque o problema real não é a liquidez bancária, mas a solvência soberana. A Grécia está falida em tudo menos no adjectivo usado.
In The Telegraph

Pronto, e agora vem a “desculpa” do momento, a Grécia. Até parece que a Grécia foi a causadora da crise em 2008 e não os casinos. Até parece que os problemas que afectam a Grécia não foram em grande parte causa directa dos casinos gregos. Até parece que os problemas que assolam Portugal e a Irlanda nada têm a ver com o seus sistemas de casino. Pois, até parece que contar uma mentira muitas vezes transforma-a em verdade.
A verdade é que as soluções avançadas em 2008 para resolver(?) a crise causada pelos casinos no jogo nada resolveram, apenas adiaram e pioraram, arrastando Grécia, Portugal e Irlanda para a lama, e para lá caminham a Espanha e a Itália e mais alguns que têm passado anónimos nas linhas da comunicação social.
Meus senhores e minhas senhoras… o problema hoje é exactamente o mesmo, sem tirar nem pôr, de 2008… tem apenas actores principais com nomes diferentes… e mesmo esses, hmmmm, devem ter apenas conseguido passar anónimos, ou quase, pela crise de 2008, que afinal é a mesma crise de 2011.

Mas vou seguir a linha da Grécia como sendo a culpada disto tudo tal como é pintado nos meios de comunicação social e ver até onde vamos parar.
Começando…

Um gráfico na página do diário mostra que 66,5% da dívida grega está nas mãos de bancos franceses e alemães. Outros 9,6% pertence ao Reino Unido.
In Economia & Negócios

Portanto, os casinos franceses, alemães e ingleses são os reis do despesismo, dos empréstimos à toa e do jogo no casino que destoa.
(Em jeito de história para as criancinhas…)
Lindos meninos bem comportadinhos, correcto? Fizeram sempre o trabalhinho de casa e emprestaram sempre com a melhor das intenções, nunca lhes passando pela cabeça que alguém se pudesse comportar mal e não pagar as suas dívidas. Coitadinhos que agora sofrem tanto.
(De volta à realidade…)
Só alguém distraído acredita que esses meninos bem comportados não andaram a jogar alto no casino dos riscos sem rede! Foram obrigados? Não! Fizeram-no de livre vontade? Sim! Existem mecanismos para verificar a fiabilidade dos mutuários? Imensos! Portanto, se não são cegos e não desejaram ver é porque foram gananciosos e num sistema económico são, aqueles que dão passos maiores do que as pernas, caiem e não são salvos(?)!

E continuando…

A Finlândia não vê soluções para os empréstimos à Grécia.
In Agência Financeira

e…

[…] existem «duas ilusões. A primeira é a de que se pode fazer uma reestruturação ordeira» […] A segunda é a ideia de que a dívida da Grécia pode ser contida. O risco de contágio é enorme […]»
In The Independent

Portanto, este mundo não vê solução para a Grécia, mas obriga-a a pagar juros altíssimos pela ajuda(?) concedida. Mas exige-lhe medidas que são totalmente contraproducentes para que consiga pagar as suas dívidas. E culpa-a de (quase) todos os males que assolam a economia mundial.
Enquanto isso, os casinos que andaram décadas a jogar alto recebem empréstimos ilimitados a taxas de juro ridículas quando comparadas com as exigidas à Grécia. Recebem apoios constantes dos mesmos estados que já estão num estado lastimoso, da Grécia, Portugal e Irlanda – só para citar os que já estão atolados – como uma das exigências para receberem a ajuda(?) da UE e do FMI.
Ou seja, uma nação independente neste nosso mundo não tem quase valor quando comparada a um casino privado, que na sua ânsia de ganância gastou e usou mais do que aquilo que tinha e podia.
Este é um mundo de justiça, equilíbrio e igualdade entre pares de casinos e os outros que se lixem… não é verdade?

Sejamos claros: a principal razão para a Grécia não conseguir cumprir com a redução exigida do défice, deve-se ao facto de a UE ter imposto a deflação fiscal mais violenta alguma vez infligida a uma economia moderna desenvolvida – uma contracção de 16% do PIB em três anos – sem estímulos económicos, alívio no volume de dívida ou desvalorização. Isto enviou a economia para uma espiral descendente auto-alimentada, esmagando as receitas dos impostos. […] Agora, mesmo que o Governo de Papandreou respeite todas as exigências da troika, pouca diferença fará. Os cidadãos gregos já compreenderam isso e compreendem que os pacotes de ajuda da UE estão apenas a ser reciclados para os bancos a norte. Em vez de reconhecerem o falhanço colectivo em todas as etapas deste fracasso, os poderes dos credores estão a exercer a sua fúria sobre quem agora é uma vítima.
In The Telegraph

Eis um relato muito bem conseguido sobre este nosso mundo. Os mesmos que estão sempre disponíveis para salvar a qualquer custo os casinos, são exactamente os mesmos que estão sempre disponíveis para ajudar a enterrar ainda mais os países que estejam em dificuldade.
Se a Grécia está como está agora, grande parte da responsabilidade advém dos mesmos que a obrigaram a deixar de produzir os seus bens, recebendo subsídios e exigências para não criar, recebendo subsídios e exigências para privatizar os dínamos sociais públicos, recebendo subsídios para calar e comer. São os mesmos que impuseram a sua morte mais rápida e dolorosa no último ano, e são os mesmos que agora clamam e berram aos sete ventos como se tivessem sido traídos e enganados por quem agora é pura e simplesmente uma vítima dos mesmos que se consideram injustiçados. E são os mesmos que estão sempre e constantemente ao lado e em defesa dos interesses dos casinos privados.
Arre, que hipocrisia!!!!

E eis senão quando os meninos de coro dos casinos fazem contas às suas contas perdidas…

No aniversário de três anos do estouro da última crise, o Credit Suisse calculou perdas de € 184 mil milhões dos bancos europeus, contra um prejuízo potencial de € 213 mil milhões na crise dos títulos soberanos em 2011.
In Brasil Econômico

Ahhhh… terror!!!! A Grécia é a culpada!!! Queimem os Gregos!!! O Lehmans era melhor, já temos saudades dele!!!
Enfim…
Sabem uma coisa, até mesmo as contas dos meninos de coro não mostram todas as contas, porque se arriscam a destapar a manta e mostrar que a Grécia é apenas um pião minúsculo no meio da tempestade que foi sendo formada desde meados de 1980 pelo jogo no casino das loucuras financeiras.

Incumprimento grego custaria até 3 biliões de euros à banca europeia.
In Dinheiro Vivo

Três biliões de euros?!?!? (Para os meus amigos do Brasil, 3 biliões em Portugal equivalem a 3 triliões no Brasil)
Três biliões?!?! Ou estão a fazer contas às dívidas somadas da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália (mesmo assim não sei se chega aos três biliões) ou então estão a fazer contas ao buraco que existe nos casinos, e que foi crescendo, desde o primeiro descalabro em 2008. Três biliões por culpa da Grécia?!?!? Sejamos sérios, a Grécia por muito grande que seja – sarcasmo – não consegue criar um buraco de três biliões de euros!!!!!!
Não será antes porque…

[…] só Deus sabe quantos contratos de derivados (lembram-se deles?) existirão ligados às dívidas soberanas e a créditos privados na Zona Euro, os efeitos poderão ser explosivos.
In Marketwatch

Ahhhh, aqui está o segredo! Aqui está o silêncio dos últimos anos sobre os produtos tóxicos. Aqui está a verdadeira Grécia, não a de território físico e terreno, mas a Grécia do tamanho do mundo, esta sim enorme!!!
Então, agora sim, podemos esperar que, no mínimo, os bancos centrais tenham de injectar até 3 biliões de euros nos casinos da Europa para que o sistema se consiga manter à tona dos tóxicos e a carburar durante mais uns aninhos, ou mesinhos?!?! Será isso que este número nos conta?!?! Três biliões!!!
Então estaremos perante o nascimento de um novo mundo. Um mundo de inflação descontrolada para controlar um mundo imenso de imensa loucura. Um mundo que irá continuar a contrair por culpa dos podres do sistema que ainda sobrevivem à conta das ajudas(?) e que dessa forma irão continuar a consumir parte do excedente dos que ainda estão sãos e que poderiam estar a investir na economia. Estaremos agora neste preciso momento a assistir a um novo mundo desenhado em estagflação?!?!

Conclusão:

Banhem o mundo em dinheiro… de papel!!! Suguem o dinheiro do mundo… papel principal!!! Durante todo o tempo que o mundo durar… até ao último acto!!! E este mundo vai sendo tratado com água-oxigenada para combater uma infecção generalizada… E dizem-nos que é por falta do dinheirinho… que o mundinho… está estagnadinho… Mas depois sabemos que os casinos também depositam… dinheirinho… do tamanho deste mundinho… A CULPA É DA GRÉCIA!!! Grita o mini-mundo do 1%… 1% que assobia a inocência para o ar como meninos bem comportadinhos que nada tiveram a ver com os problemas na Grécia… Tadinhos… coitadinhos… tão injustiçadinhos. Três biliões!!! Buuumm!!! Cai a realidade aos pés dos meninos bem comportadinhos, coitadinhos, injustiçadinhos… mas que afinal são obviamente tóxicos – cai a máscara! Já chega de mentiras e de inverdades, pois a verdade é que neste mundo sem rumo lógico, a parede é o destino para a cabeça da economia!
Estagflação!!!