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E a Montanha Pariu um Rato, ou o Rato Escondia a Montanha?
Líderes dizem que a recessão ainda não terminou. Congresso reverte parte das reformas sobre Wall Street. Os americanos ricos estão ainda mais ricos.
O nosso mundo é feito e desfeito de verdades, meias-verdades, inverdades, mentiras e mentiras descaradas, talvez por isso seja tão complicado conseguir entender as nuances que definem tendências.
Há dias fomos “bombardeados” por uma parangona copy\paste que me apanhou de surpresa, a mim e à generalidade dos agentes financeiros, tal a sua disfuncionalidade lógica: O fim oficial da maior recessão em 70 anos.
O The National Bureau of Economic Research redigiu um estudo em que afirma que os Estados Unidos saíram da recessão em 2009… Acho que é tão fácil rebater esse estudo usando apenas os números do desemprego, do crescimento do PIB, do mercado imobiliário, etc, que no próprio dia em que saiu a notícia fui conduzido em direcção à criação de um paralelismo entre a data da sua apresentação pública, a revelação das preocupações da economia americana com a inflação e o início das discussões sobre quem fica com o poder nas Nações Unidas – foi tudo de seguida. (Coincidências que me fazem cócegas…)
Então fiquei pacientemente à espera das reacções dos senhores da economia…
Hoje, finalmente, alguém veio contrapor essa lógica, concretamente dois elefantes brancos do mundo das finanças: Timothy Geithner e Warren Buffett, que afirmam que a noção do fim da recessão é apenas na sua substância uma questão de semântica… Semântica? Está tudo doido?
Obviamente que não, é apenas a resposta politicamente correcta a um estudo politicamente correcto, ou seja, é mais um daqueles estudos para ler e deitar fora o quanto antes, pois por norma ponto a ponto os próximos tempos tenderão a rebater todas as afirmações que por lá estão…
Talvez mais abaixo neste texto se consiga compreender melhor esta aventada noção do fim da recessão…
Entretanto, entre os quilos de notícias sobre a reunião nas Nações Unidos e as dores da economia um pouco por todo o mundo, no Congresso americano já se debate e aprova adendas à nova lei de regulação dos mercados.
Surpresa?
Para quem anda distraído será indubitavelmente uma surpresa, para mim é apenas o início da desregulamentação das regulações de mercado, acção recorrente e usual nos meandros políticos dos “bananas”. Aprovam leis todas pomposas e depois lenta e gradualmente vão adicionado adendas de forma a tornar essa lei uma mera questão “artística”…
Ora então a primeira adenda – que temos conhecimento – é a que elimina a obrigatoriedade dos reguladores divulgarem (determinada) informação ao público.
Uma pergunta: Mas que “raio” de controlo faz uma entidade reguladora se não for obrigada a revelar os dados?
Todas as entidades reguladoras trabalham para o Estado e por inerência, porque o Estado é do Zé Povinho, para as pessoas.
Porque fica o público “proibido” de ver o que por lá se passa?
Sabem uma coisa, dinheiro compra muita coisa… O que acham que irá acontecer aos reguladores desta entidade reguladora, regulando ela um dos meandros em que circula mais dinheiro?
Um parágrafo exemplificativo do embrulho político que os “bananas” usam para justificar este tipo de actos injustificáveis:
“Ao revogar esta secção, reafirmamos o nosso empenho para assegurar que o SEC será transparente e responsável.” (Darrell Issa)
In CNBC
Brilhante esta frase, não é verdade?
O que acham que irá acontecer cá deste lado do oceano?
Esperem uns mesitos até começarem a surgir os toques de Midas nas leis de regulamentação de mercados…
E já que estou a falar em dinheiro, nada melhor do que sabermos que os ricos enriqueceram ainda mais durante o ano de 2010.
Enquanto todos os indicadores de riqueza entraram em colapso o 1% da população mais rico ficou.
Serão as crises más?
Para alguns não…
Haverá quem ganhe com estas crises financeiras?
Os mesmos do costume…
Sabem, apenas 217 pessoas representam 2,6% da riqueza existente nos Estados Unidos – até acho que este número está muuuuuiiiiiitttttoooo minguado.
Agora já consigo fazer outro paralelismo… entre o estudo que afirma que a recessão terminou em 2009 e os dados da riqueza do 1% – neste caso do 0,000001%.
Em 2009, “apenas” 86 dos 400 mais ricos nos Estados Unidos viram a sua fortuna pessoal aumentar, mas em 2010 já estão com saldo positivo…
Ah… já compreendi!!!! A recessão já terminou para 0,000001% da população! É isso!
Concluindo, o mundo é “medido”, gerido, jogado e manipulado pelos interesses de 0,000001% da população, até os estudos…
Podemos então afirmar que vivemos num mundo de justiça “paralela”, onde o que é justo para muito poucos se torna a injustiça para a maioria.
A face desta demo-cracia é realmente asquerosa e desvirtuada dos seus princípios basilares, onde a mentira é a verdade vendida ao público, onde as necessidades de 0,000001% da população são mais importantes que a dos restantes 99%, onde ser-se independente está dependente de um silêncio obrigatório, onde caminhamos a passo de corrida para o fim do mundo do Estado Social de forma a que os interesses de 0,000001% da população nunca venham a ser colocados em causa. Talvez por isso em Portugal o português comum tenha de vir a pagar ainda mais de IVA, de IRC, perder o 13º mês e ter de arranjar dois e três trabalhos para conseguir pagar a casa, alimentar a família e viver um pouco acima do limiar da pobreza.
Acho que é caso para dizer que a crise que passámos – nas palavras dos outros -, a crise que estamos a enfrentar – na realidade do dia-a-dia – e a crise que ainda teremos de aguentar durante mais não sei quanto tempo – digo eu -, é na sua essência uma montanha que pariu um rato, pois para 0,000001% da população a vida vai de vento em popa, caso para perguntar: Será que o rato é que escondia a montanha?
Notícia da CNBC – Leaders Say Recession Not Over, Despite Report
Notícia da CNBC – Congress Rolls Back Part of Wall Street Reform Bill
Notícia do The Telegraph – Forbes list: America’s super-rich get richer
Notícias de apoio:
Notícia do Público – O fim oficial da maior recessão em 70 anos
Notícia da RTP1 – Cimeira nas Nações Unidas para repensar estratégia
O Lixo Político e o Jogo do “Lobby” na Regulamentação dos Mercados
A nova regulamentação de mercados “Dodd-Frank” é puro marketing político.
Que grande reportagem publicada hoje pelo expresso. Ainda que só muito raramente os jornalistas, neste caso Jorge Nascimento Rodrigues, e os meios de comunicação façam jornalismo e utilizem a regra do contraditório, e não usem apenas o método copy/paste.
O Expresso pergunta a quatro analistas internacionais, PETER COHAN, NATHAN MARTIN, BOB EISENBEIS e DAVID CAPLOE, qual a verdadeira profundidade da legislação Dodd-Frank.
E as respostas foram:
“O marketing político apresentou a nova lei de regulação financeira(…)”
“Paul Volker, o octogenário inspirador de alguns pontos-chave da lei, confessou ao The New York Times que daria um “B” ao texto final (…) em certos aspectos podem ocorrer prolongamentos do adiamento da sua aplicação…até 2022!”
“Alguns «buracos» são tão largos que dariam para que «um Boeing 747 passasse por eles» (…) Os próximos anos vão assistir a uma luta renhida dos lóbis junto dos «concretizadores» das disposições da lei, explorando os «buracos» e «alçapões».”
“(…)Deixa aos seus emissores a liberdade de pagar às agências de rating. Não há mudança no sistema que corrompe as agências de notação.(…)”
“Falha completamente em atacar o problema da dívida dos cidadãos e dos governos e a questão dos derivados financeiros.(…)”
“Dificilmente toca no problema, e onde toca ao de leve é, no melhor dos casos, incompleta e depende de regulação futura.”
“(…)Requer uma montanha de interpretações pelos reguladores. O que abre as portas para igual montanha de movimentos dos lóbis. E falha em exigir a transparência para todas – e sublinho, todas – as transacções de derivados.”
“(…)Para os banqueiros centrais, o ponto mais forte é dar-lhes, ainda, mais poder discricionário.(…)”
“(…)Mantém o esquema de compensações que premeia os banqueiros por gerarem operações e empurra quaisquer perdas consequentes para os contribuintes americanos (…) Cria uma dinâmica para o surgimento de instituições financeiras ainda maiores, que, se falirem, acabarão por ser salvas pelos contribuintes. E deixa os CEO e os gestores de fundos escrever os seus próprios relatórios de avaliação.”
“(…)o facto de dar mais poder aos banqueiros centrais. (…)”
“(…)expande o poder da FED (Reserva Federal) e com o abuso de colocar a agência de protecção do consumidor financeiro no universo da FED.(…)”
“(…)A dependência ainda maior no “julgamento” (subjectivo) dos reguladores. Quase tudo foi deixado para eles.”
“Os lóbis de Walt Street trabalharão atrás do cenário para conseguir que os reguladores fabriquem detalhes que ajudarão Walt Street a contorna-la.”
in Expresso
Antes de mais, por favor leiam a totalidade da notícia no seu formato original no Expresso, tanto por respeito ao raro acto de jornalismo de Jorge Nascimento Rodrigues – não do jornalista, mas do jornalismo em Portugal -, e porque o que aqui está são apenas e só excertos de um texto que vale muito, mas muito mais do que aquilo que está citado aqui.
Agora, gostava de realçar os paralelismos entre a lei Dodd-Frank e a recente regulamentação aprovada pelo Comité de Basileia para a regulamentação dos mercados financeiros europeus.
Como escrevi quarta feira no post Comité de Basileia Deixa Bancos em Estado Eufórico, podemos deduzir que grande parte dos defeitos e virtudes serão os mesmos, pois os lobbies financeiros são exactamente os mesmos e até mesmo o facto das leis terem saído na mesma altura – separadas por semanas – faz pensar numa negociação conjunta para os dois textos.
A gravidade destes actos políticos quase não tem direito a adjectivação para além da criação de uma palavra nova – Estrafulhice. “Estrafulhice” é uma trafulhice estratosférica.
O lixo político, os lobbies, o poder das instituições financeiras sobre as reguladoras e políticas, conduzem-nos a alta velocidade para um acidente em que quando o Zé Povinho acordar estará enfiado num tal imbróglio que a única via de salvação será estender a mão a pedir salvação àqueles que lhes retiraram tudo!
Está mais do que na hora de acordar e ver que o maior mal do mundo não é o aquecimento global, não são as dívidas públicas, não são os salários dos “bananas”, etc, mas sim esta corja de “casineiros” e os seus sistemas de moedas FIAT que induzem o vício e a corrupção na sociedade e na alma destes narcisistas afogados em numerário, como se isso fosse sinónimo de felicidade. Eles não têm mais nada do que numerário e bens, são seres vazios e pobres…
Para fechar, só relembrar o número em dívida que estes narcisistas terão de saldar até 2012 – no post A Dor de Cabeça dos 30 Triliões – 30 biliões de euros, ou seja, 30 com 12 zeros à frente, 30.000.000.000.000, o correspondente à quase totalidade do PIB da Zona Euro para os próximos dois anos!
Por favor leiam a totalidade do texto desta notícia na sua fonte original…
Comité de Basileia Deixa Bancos em Estado Eufórico
Os bancos elogiam o compromisso com as novas regras de capitais.
Na sequência do post “Foram Aprovadas as Novas Regulamentações dos Mercados de Capital… Para 2018” o regozijo das instituições financeiras é por demais contagiante:
Algumas das suas frases:
“Na sua grande maioria, o comité levou em consideração as preocupações da economia” – Charles Dallara, Institute of International Finance
“A maioria das concessões que foram adoptadas serão na sua generalidade positivas para nós” – John Cryan, UBS
“Aplaudimos as mudanças anunciadas” – Stefan Krause, Deutsche Bank
“(…)esta confirmação ajuda a estabelecer um melhor pano de fundo para os bancos europeus (…)” – Huw van Steenis, Morgan Stanley
“Esta substancial mudança de 90º do comité reduz as necessidades futuras de capitalização” – Relatório de analistas financeiros
“O reconhecimento da necessidade de pragmatismo em comparação com regras ideais” – Pierre Flabbee, Kepler Capital Markets
“O comité levou em consideração as preocupações da industria financeira sobre as propostas de capital” – BBA (British Bankers’ Association)
In Bloomberg
Enfim, mais do mesmo, do mesmo e do mesmo…
Assusta-me ver os “casineiros” em estado de tão exuberante de felicidade. Isto poderá querer dizer que as coisas vão piorar e muito para o lado dos Zés Povinhos do mundo e que ainda estarão por vir mais não-sei-quantas bolhas especulativas e mais não-sei-quantas crises artificialmente geradas por estes viciados.
Quero aqui deixar uma vez mais os meus aplausos a todos os “bananas” que trabalham sempre em prol dos grandes carteis financeiros, onde a única diferença que existe em relação aos carteis de droga é o produto, porque as acções são quase idênticas: o constante fornecimento de produto para todos os “agarrados” conseguirem saciar o seu vício – uns para a veia e outros para o bolso…
Notícia da Bloomberg – Banks Laud Basel Compromise on Capital Rules as Stocks Surge
Foram Aprovadas as Novas Regulamentações dos Mercados de Capital… Para 2018
Novas regras bancárias para evitar que se repita o que se passou na actual crise financeira foram aprovada pelo Comité de Basileia.
Boas notícias. Todas as notícias que apresentem um pouco de restrições ao vício dos “casineiros” é sempre bom sinal… mas…
mas…
mas…
…só estarão plenamente em vigor em 2018!!! E só começam a ser micro-aplicadas em 2013!!!!!
Hmmm…
Estão até lá os “casineiros” podem continuar a fazer o que bem entender. Isto parece-me muito bem, além de lhes dar tempo para organizar as suas tropas de “lobistas” e começar a comprar o voto dos políticos de forma a começarem a aprovar adendas a este novo regulamento.
Prevejo que por 2013 as adendas a acrescentar a este documento já sejam tantas que a sua real aplicação será quase totalmente inviabilizada…
Gostei especialmente da frase “aos bancos será concedido um «período de graças» de forma a se adaptar aos novos regulamentos”.
Pergunto:
Foi, ou vai ser dado algum “período de graças” para o Zé Povinho se ambientar aos novos impostos?
Mas será que estes gajos (os «bananas») não fazem mais nada do que agraciar as grandes instituições financeiras?!?!
Porra, até cansa… é todos os dias mais do mesmo…
Frase para o futuro: (Jean-Claude Trichet, Presidente do Banco Central Europeu)
“as reformas são rigorosas e promovem a estabilidade a longo prazo do sistema bancário”
E sem esquecer os paralelismos que devem ser feitos em relação ao que ontem escrevi no post Quando Se Vê o Que Está Por Detrás da Máscara…
Notícia do The Telegraph – Basel committee agrees new bank capital rules
Quando Se Vê o Que Está Por Detrás da Máscara…
Obama assinou legislação que deixa uma vez mais os bancos no controlo.
A semana passada foi aprovada legislação que foi dito ser uma marca na regulamentação dos mercados financeiros… e hoje?
Uma vez mais, é nos detalhes que estão os segredos…
Uma vez mais a classe política a trabalhar em prol de interesses que não os do Zé Povinho.
No mesmo dia em que ouvimos falar da intensa pressão que os “lobistas” do mundo financeiro estão a fazer sobre os políticos europeus, vem à tona a verdadeira realidade das leis aprovadas nos Estados Unidos…
“(…) Dodd-Frank (Nome dado à lei) falha na abordagem ao problema fundamental que resultou no fiasco do “sub-prime” e nos problemas que causou, não só à América mas a toda a economia global.” (…) “Esta lei é como ser convidado para jantar e servirem fotografias de comida.” (Laurence Kotlikoff, professor de economia na Universidade de Boston) (…)
“O poder dos “lobbys” de Wall Street é tal que não só foram os causadores de uma crise económica global, como depois forçaram o governo americano a tapar o buraco financeiro, e ainda usaram parte do dinheiro (pacotes de estímulo) para subornar políticos com donativos para as suas campanhas de forma a bloquear regras que pudessem impedir um repetir da mesma situação.” “Isto deixa felizes os políticos e os extravagantemente ambiciosos banqueiros, pois claro, enquanto os comuns dos cidadãos – e os seus filhos e netos – arcam com a conta de milhares de milhões de dólares.”
In The Telegraph
No post imediatamente abaixo já tinha feito uma aposta…
Acho que não é preciso escrever mais nada, está tudo dito… de qualquer forma a leitura da notícia original neste post, ou noutro qualquer, tem uma importância “vital” para a verdadeira criação de uma opinião própria…
Só um vídeo que já por aqui tinha postado mas que neste post cai que nem “ginjas”:
Notícia do The Telegraph – Obama signs a bill that lets banks have US over a barrel once more
Notícia do Spiegel – The Triumph of the Financial World’s Lobbyists