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O Caçador Vai Virar Caça

Estamos todos (?) atentos ao que se passa com Portugal e ao que se passa no Japão, mas a maioria poderá estar a leste daquilo que está a acontecer nos Estados Unidos e com o dólar, por isso hoje vou abordar os sinais que nos chegam dos “states”, sinais esses que a nível económico são tão ou mais perigosos para este sistema económico vigente como a crise do euro, ou a crise nuclear no Japão.

Howard Davidowitz, um dos mais acérrimos críticos de como a economia americana, especialmente a Fed, respondeu e responde à crise que assolou este mundo desde 2008.
Eis o que ele nos diz:

“Nunca o dólar enfrentou tamanho perigo”(…) Davidowitz acredita que se Washington não refrear os seus hábitos com a despesa, as taxas de juro irão aumentar e a inflação irá disparar. Vejam o valor do dólar, e a crise que se está a formar, com as nações soberanas a diversificarem os seus portfolios para além dos bens denominados em dólar.
In Yahoo! Finance

Mas que significa realmente isso das nações soberanas estarem a diversificar os seus portfolios?
Peguemos no exemplo da China e nas recomendações do seu banco central – recomendações que deviam ser as mesmas de todos os bancos centrais deste mundo:

O Banco Popular da China (PBOC) recomendou ontem a 1 milhão de chineses que levem em consideração a aquisição de ouro como salvaguarda contra a inflação, de modo a conseguirem preservar a sua riqueza num mundo em que as moedas podem perder valor.
In Forbes

Hmmm… o país que é hoje em dia o banco dos Estados Unidos – quem mais dinheiro lhes empresta – recomenda a compra de ouro em vez de dólares, facto que vai contra todas as suas directrizes no passado mais recente?
Hmmm… isto parece que a China vai começar a deixar de investir nos dólares, e se deixar de investir em dólares irá deixar de comprar, ou reduzir substancialmente a compra de dívida americana…. Hmmmm… se a China deixar de financiar a dívida americana, onde irão os Estados Unidos encontrar neste mundo alguém que lhes financie a dívida? Onde? No Japão que está a braços com a maior crise desde a Segunda Guerra Mundial, o seu segundo maior financiador da dívida? Tal não me parece de todo plausível. Então Onde?
Não há quem!

Bem, e se não há quem, então o que terão de fazer os Estados Unidos para conseguir sobreviver ao mais que provável choque que se está a formar?

“Temos de cortar na despesa. Francamente, temos de cortar na despesa mais do que tem sido falado e durante um longo período de tempo.”
Walker prevê que os Estados Unidos terão de enfrentar uma crise da dívida “nos próximos dois a três anos” e implorou aos legisladores em Washington para “acordar”.
In CNBC

O senhor que disse isto não é um qualquer, é o antigo responsável máximo pelas contas dos Estados unidos, de 1998 a 2008, o Sr. David M. Walker, um dos principais responsáveis indirectos pelas coisas estarem como estão nos Estados Unidos e no mundo, que agora tenta a todo o custo avisar os seus pares que as coisas estão a chegar ao precipício… ao fim.

Este nosso mundo está a enfrentar desafios dantescos gerados pelas mentiras que se têm vindo a acumular ao longo das últimas décadas, pelas noções arbitrárias de defesa constante dos que mais têm em prejuízo dos Zé Povinhos do mundo, pela noção que dinheiro barato nas economias resolvem os problemas… tudo isto somado, e mais algumas coisas que não identifiquei aqui, estão a conduzir este mundo para um abismo.
Para verificarmos as mentiras -parte delas-  se calhar basta analisar o gráfico abaixo:

A taxa oficial de inflação seguiu sempre de perto o aumento do preço do petróleo… bem… quer dizer… hmmm… por volta de 1995 as leituras deixaram de estar interligadas… hmmm…
Deixo ao vosso critério uma análise mais profunda, mas, para mim, isto reflecte aquilo que cada vez mais vezes assistimos nas contas que servem de sustento à economia, sejam as contas para Portugal, para a Europa, para os EU, ou para a cochinchina… aquilo que chamo de “mão”nipulação, ou seja, uma mãozinha nos números de forma a dar-lhes um ar muito mais cor-de-rosa do que a real realidade.

Este é um mundo que anda desvirtuado nas suas virtudes, onde aquilo que devia ser não o é, e aquilo que não devia acontecer acontece:

Enquanto os americanos continuaram a sofrer com o declínio na economia, alta taxa de desemprego e aumento na inflação, a Reserva Federal americana obteve um lucro recorde de 81,7 mil milhões em 2010 – um crescimento de 53% quando comparado com 2009.
In RT

Tudo o que seja instituição financeira neste mundo está a lucrar como nunca! Tudo o que é aglomerado de capitais está a lucrar como nunca! Todos os que são ricos ficaram ainda mais ricos!
Onde está a virtude nisto?!?!?
Onde está a decência nisto?!?!

No mundo financeiro actual não existe decência, existe apenas lugar para o lucro.
Ainda ouvimos falar, e falar, e mais falar, que iriam ser tomadas medidas para controlar os mercados e as loucuras dos casineiros nesses mercados. Ouvimos isso vezes sem conta quando o mundo entrou em recessão em 2008, mas passados três anos o caso está igualzinho ao que estava antes de 2008:

Segundo dados da entidade norte-americana responsável pela regulação e supervisão de todos os bancos nacionais e agências de bancos estrangeiros nos EUA, cerca de 95% desta indústria, avaliada em 174 biliões de euros, é detida por quatro bancos de Wall Street.
In Diário Económico

Os mesmo que brincaram com a economia mundial antes de 2008 são os mesmos que continuam a brincar com ela em 2011, tudo isto com o apoio tácito dos bananas deste mundo e das instituições que nos dizem defender a economia… mas defendem a economia de quem??????
174 biliões?!?!?!?!? Sabem, o pacote de ajuda da UE\FMI às economias em estado titubeante na Europa tem “pouco” mais de 400 mil milhões… 174 biliões?!?!?!?!
Façam um exercício para ajudar a entender o “tamanho” desse número… dividam esse valor pelo número de habitantes no planeta e vejam quanto dá per capita:
Portanto, 6,7 mil milhões de habitantes actualmente no planeta a dividir por 174 biliões… é igual a 25.970,000 dólares per capita… apenas em derivados…  e apenas nos Estados Unidos… e apenas o número que os 4 grandes controladores deste mercado dizem ter… porque as contas independentes feitas ao valor desse mercado ultrapassam e muito os 174 biliões… mas em muito!!!
Quantas pessoas neste mundo se dão ao luxo de ter em carteira 26 mil dólares? Quantas?

Se calhar acham que fui injusto ao escrever que os bananas continuam a dar o seu apoio tácito a estes monstros. Se consideraram tal, então talvez concordem, consigam compreender e dar razão a estas medidas aprovadas pelos bananas portugueses:

Ministros, autarcas e directores-gerais, a partir de Abril todos estão autorizados a gastar mais dinheiro. No caso dos presidentes de câmara, o montante dos contratos que podem decidir por ajuste directo pode chegar aos 900 mil euros (até agora o máximo era 150 mil).
In Diário de Notícias

Faz tudo parte da mesma festa das loucuras que vamos assistindo no mundo dos “eles”, onde uns podem muitíssimo mais que os outros, onde uns têm cada vez muito mais que os outros, onde os outros são cada vez mais espezinhados pela loucura insana e ganância destes seres sem adjectivação possível…

Mas nós, os Zé Povinhos deste mundo, não iremos ser os únicos a ser afogados na onda da loucura destes seres, eles também irão perder muito, e muito mais do que julgam ser possível perder:

“O verdadeiro impulsionador do preço do ouro é o oceano de reservas monetárias que estão a ser criadas pelos bancos centrais irresponsáveis do globo,” disse David Crichton-Watt, manager de um fundo sediado em Kuala Lumpur avaliado em 140 milhões de dólares. “O resultado provável será hiperinflação, por isso o ouro poderá chegar a valores impensáveis.”
In Bloomberg

Quando alguém que joga na mesma mesa dos casineiros vem a terreiro afirmar tal coisa – ele que ganha rios de dinheiro no jogo actual -, só pode ser algo que deve ser levado não apenas em consideração mas levado muito e muito a sério. Hiperinflação!!!!
Hiperinflação significa a morte do Zé Povinho, mas também a morte do sistema financeiro mundial e das economias deste mundo, quase sem excepção.
Se acham que estamos em crise, então, segundo as palavras deste Sr., preparem-se porque estamos a viver no paraíso e o inferno poderá estar aí mesmo à porta, tudo à conta do jogo dos casineiros, à conta da mama dos bananas e à conta da ignorância dos Zé Povinhos…

Sabem, já existem exemplos de hiperinflação neste mundo:

Os preços ao consumidor subiram 12,91% em Fevereiro depois de um ganho de 14,19% em Janeiro, disse a Agencia Federal de Estatísticas em 10 de Março. (Paquistão)
In Bloomberg

Bem, para quem estes números não fazem logo disparar todos os alarmes de perigo, vou deixar aqui uma pequena explicação da verdadeira profundidade dos problemas que estão associados a isto:
Caso tenha um ordenado de 1000 euros em Janeiro e a taxa de inflação acumulada seja de 10% ao mês, em Outubro o seu poder de compra será inferior em 100%, ou seja, os seus 1000 euros valerão em Outubro o equivalente a 500 euros de Janeiro, portanto é o mesmo do seu ordenado ter sido reduzido para metade… isto no espaço de 10 meses… o mesmo que está a acontecer no Paquistão.
O Paquistão está longe, é distante?
A ver vamos…

Conclusão:
Os reis desta selva andaram e andam a brincar aos dólares… os mesmo dólares que são agora preteridos pelo ouro, dizem os reis da outra selva que compra a selva dos eles… e nesta selva aparecem animais, que já foram leões no seu tempo, a avisar que a selva está prestes a terminar… pois por muita mentira que se plante, o mundo não se irá dar eternamente ao desplante… mas enquanto isso, leões predadores continuam a angariar cada vez mais presas… e chegamos à conclusão que no reino dos leões existem apenas 4 que são machos de juba… e na selva que resta de Portugal os nossos leõezinhos que comem bananas continuam a caçar livremente… e no entanto… a caça… está a ficar cada vez mais escassa e complicada… tão complicada que o caçador vai virar caçado, porque a caça de hoje vai responder e morder nos leões que ontem o foram…

Notícia do Yahoo! Finance – “The Dollar Has Never Been at Greater Risk,” Says Howard Davidowitz
Notícia da Forbes – China’s Central Bank Recommends Gold For “Value Preservation”
Notícia da CNBC – US Finances Rank Near Worst in the World: Study
Notícia do Business Insider – A Look At The Margin Squeeze And Inflation Risk That’s Threatening The Economy
Notícia do RT – Fed reports massive profits
Notícia do Diário Económico – Mercado de derivados é dominado por quatro bancos
Notícia do Diário de Notícias – Lei autoriza Estado a gastar (muito) mais já em Abril
Notícia da Bloomberg – ‘Ocean’ of Money to Drive Gold’s Record Rally, Phoenix Says
Notícia da Bloomberg – Pakistan Holds Key Rate at 14% After Inflation Slows to Lowest in 7 Months

Tsunami Económico

Continuação do artigo: Tsunami Nuclear

As certezas da vida moderna foram num pequeno instante colocadas em causa por um terramoto imenso, por um tsunami de dimensões cataclísmicas e por um desastre nuclear.
O Japão, a terceira maior economia deste nosso mundo, ficou de rastos. Quais os impactos para o restante do mundo deste tsunami económico que se está a formar?
Esta é a pergunta que vou tentar parcialmente responder, e escrevo parcialmente porque a amplitude de tal solavanco para a economia mundial tem tantas ramificações que se torna quase impossível de conseguir extrair todos os seus impactos directos e indirectos.

Antes demais, para não variar, muita da informação que iremos ter acesso nos meios de informação generalistas tenderá a fornecer-nos uma visão optimista, na melhor das hipóteses… isto caso os meios de comunicação generalistas sigam com a sua conduta habitual, tal como podemos facilmente constatar neste caso:

Desastres no Japão não causarão recessão mundial, acreditam economistas.
In Deutsche Welle

Mas pior, é que esta informação anda quase esquecida nos meios de informação… e quando escrevo “quase”, estou a ser simpático para com a ausência de análises a este problema, pelo menos nos meios de comunicação em língua portuguesa.
Mas seguindo com as palavras dos economistas optimistas:

Wolfgang Leim, acredita que no momento não há perigo de recaída numa recessão. Ele acredita que, como ocorre após grandes greves, a redução provocada pelo cancelamento da produção em alguns setores pode ser recuperada. Parte da produção pode ser deslocada das empresas afetadas para suas unidades em outros países.
O economista-chefe do Unicredit, Andreas Rees, opina que, mesmo havendo um recuo nas atividades econômicas japonesas nos próximos dois ou três meses, este efeito será compensado posteriormente.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, (…) o Japão pode até mesmo experimentar um boom econômico, comparável ao dos Estados Unidos na década de 1930, durante o “New Deal” do presidente Franklin Roosevelt.
In Deutsche Welle

Quase tudo positivo e bonito, não é verdade? O Japão vai recuperar num instante, o mundo não sofrerá consequências e isto até poderá mesmo representar um “boom” económico para o Japão. Estarão estas noções correctas? Porque razão quase só deram voz a noções positivas? Será isto uma vez mais informação tendenciosa, a quase regra da informação presente nos meios de comunicação generalistas? A ver vamos, mas os indicadores…

Quais os impactos para o sistema económico, para as energias e para o crescimento económico deste mundo?

O desastre na terceira economia do mundo é um factor inesperado que veio baralhar todos os outros que estavam previstos e descontados por analistas e mercados financeiros.  (…) está agora em risco não só o crescimento económico no Japão e na Ásia, como também a nível global. Para além do drama humano, começam-se a fazer cálculos económicos, após os efeitos imediatos da destruição de cidades, infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias, fábricas, bens de consumo duradouro, campos agrícolas e fontes energéticas.
Também serão severamente afectadas as relações comerciais com os seus principais parceiros, nomeadamente a China que é o seu principal fornecedor. Não só se quebrará parte da procura nipónica para as suas cidades e fábricas na parte norte do país (no cenário futuro de reconstrução esta situação será fortemente invertida), como as exportações serão menores, com os efeitos que tudo isto acarreta a montante e a jusante.
In Diário Económico

Comecemos então pelo sistema económico:

Weinberg questiona se as pessoas afectadas pelo desastre irão pagar as suas hipotecas, os seus créditos e as dívidas dos seus cartões de crédito.
Ele afirma: “Poderemos assistir aos bancos a terem de assumir perdas em parte do seu portefólio de empréstimos.”
In CNBC

Esta é uma questão de análise tão simples no entanto nem sequer tem sido identificada pela grande maioria dos meios de comunicação generalistas.
Que perdas terão de ser assumidas pela banca japonesa que está intimamente ligada à banca mundial?
Sabemos que o Banco Central japonês já injectou mais de 300 mil milhões no mercado. Terá de injectar quanto mais para “salvar” os portfolios dos seus bancos? E a inflação que daí resultará?

A economia japonesa, já enfraquecida, talvez já mesmo em recessão antes da calamidade, irá ficar ainda mais fraca.
In New York Times

Portanto, é quase uma inevitabilidade o Japão entrar em recessão, Japão que representa aproximadamente 6% do PIB do mundo…6%! Se o Japão entrar em acentuada recessão o que irá acontecer ao crescimento no mundo? Sabem, em matemática 1+1=2, e neste caso é igual a uma provável recessão…

“Uma acentuada desaceleração no PIB do mundo, na segunda metade deste ano, é algo que não pode ser descartado.”
In The Globe and Mail

Num mundo já assolado pela crise no petróleo, pelas “revoluções” no Norte de África e Médio Oriente, pela alta da inflação na Ásia e nos mercados emergentes, pelas crises do crédito e descrédito com a banca, e pela dívida monumental que assola as economias desenvolvidas do mundo, tem agora de se juntar a isso tudo a crise de fundo no Japão.

Analistas dizem ser possível que as consequências venham a ser sentidas pelo mundo na forma de inflação mais elevada, diminuição no crescimento, ou num choque potencial para o sistema financeiro.
In The Washington Post

Porquê uma aceleração da inflação?

Especialistas em logística afirmam que o terramoto expôs pontos fracos críticos para uma vasta gama de negócios comerciais, tal como para as indústrias electrónicas e de produção automóvel.
In The Wall Street Journal

Uma aceleração na inflação porque o Japão representava quase 40% das exportações de componentes electrónicos para o mundo. A destruição das áreas costeiras japonesas levou com elas tanto as centrais nucleares como outras centrais geradoras de energia eléctrica, assim como muitas fábricas produtoras. O Japão não tem actualmente capacidade geradora de energia eléctrica para alimentar todo o seu tecido produtor, nem tal será exequível num espaço de tempo inferior a seis meses. O mundo terá de encontrar novos fornecedores, ao mesmo tempo em que a oferta diminui, o que fará inevitavelmente disparar o preço dos bens… preço que daqui a uns meses estará reflectido no mercado para os consumidores.
E há outro factor que está a ser recorrentemente “esquecido”… o Japão tenderá a passar de economia exportadora para uma economia importadora de forma a conseguir reabilitar as infra-estruturas que ficaram destruídas, assim como para conseguir aumentar a sua produção de energia através dos métodos convencionais, petróleo e carvão, que irão ser mais um dos factores a criar pressão inflacionária sobre o mundo. O Japão irá aumentar a pressão da procura sobre matérias-primas que já estavam sobre pressão na produção, e em vários casos, até mesmo em declínio, o que criará uma vaga inflacionária sobre o mundo.

Para além de que esta falta de componentes já estar a arrasar com parte da economia mundial:

Na quinta feira passada, a General Motors Co. tornou-se no primeiro produtor de automóveis a ter de encerrar uma fábrica por causa da crise no Japão.
In The Wall Street Journal

Desengane-se quem pensar que será apenas um problema para as fábricas de automóveis… Quase todas as indústrias que necessitam de componentes electrónicos estão a ser afectadas de forma violenta, levando que a maioria das fábricas produtoras no mundo estejam a reduzir a produção de modo a tentar evitar a todo o custo a paragem, e a tentarem arranjar tempo para encontrar novos fornecedores num mercado já de si espremido.

Mas existe um problema que poderá vir a ser mesmo uma bomba atómica para a economia mundial:

As suas corporações e bancos estão imensamente interligadas com o mundo e fazem parte do tecido que liga a economia global.
In The Washington Post

O Japão foi o segundo maior comprador de bilhetes do Tesouro americanos, e comprou em Janeiro mais de 20% (…) da dívida emitida pelo Fundo de Estabilidade do Euro para financiar os países em dificuldades na periferia do Euro.
In The Globe and Mail

O Japão é um dos maiores e mais activos financiadores das economias mundiais. O Japão é o segundo maior detentor de dívida americana e um dos maiores de dívida dos países europeus. Se actualmente já é tão difícil para a maioria dos países encontrarem financiadores para a sua dívida, o que irá acontecer daqui para a frente com o quase desaparecer do Japão do mercado enquanto comprador?

“As suas poupanças irão agora ser redireccionadas, directa ou indirectamente (através da aquisição de títulos japoneses), para a reconstrução, estes fundos deixarão de estar disponíveis para financiar economias estrangeiras.”
In The Globe and Mail

Mas há ainda pior… e se o Japão tiver de vender os seus investimentos em dívida dos outros países de modo a conseguir financiar a sua reconstrução?

O iene ganhou terreno durante toda a semana ao dólar – o oposto que se poderia esperar. Mas as companhias japonesas e investidores estiveram a fazer retornar o seu dinheiro para o território japonês, de modo a conseguirem pagar os imensos custos de reparação.
In New York Times

O Japão poderá vir a vender parte dos seus investimentos em dívida estrangeira, incluindo dívida dos Estados Unidos, para financiar um aumento da despesa depois do maior terramoto registado no país ter deixado milhões sem electricidade e sem água, de acordo com a Brown Brothers Harriman & Co.
In Bloomberg

Este é o terceiro factor de pressão inflacionária directamente ligado aos problemas que afectam o Japão. Mais dólares e mais euros entrarão no mercado se o Japão começar a vender os títulos de dívida de países estrangeiros. Eis o porquê do desespero dos bancos centrais das sete economias mais fortes do mundo andarem que nem doidos a vender ienes de modo a tentar controlar uma implosão das moedas mundiais.
Se o Japão começar a vender dívida de terceiros o mundo económico irá mais que provavelmente explodir em inflação e em contracção económica.

E o que fará este mundo casineiro e bananeiro quando tiver de enfrentar pelos cornos estes problemas?
O mesmo que tem vindo a fazer até aqui (Já o está a fazer)… irá imprimir dinheiro para tentar acolchoar a queda, acção que irá aumentar e agravar as pressões inflacionárias sobre o mundo… que irão por si ajudar a contrair ainda mais fortemente a economia mundial…

E falta juntar a todos estes tópicos a cereja no topo do bolo.
Se acontecer um desastre nuclear tipo Chernobyl no Japão, como se afigura cada vez mais provável? Pois é… todos estes factores tenderão a ser exponencializados N vezes… e a seguir será apenas o início do fim há muito anunciado…

Conclusão:
Japão papão em apagão… apagão que já se estende a todo o mundo… e inflação que irá papar tipo comilão aquele mundo que julgava estar desenvolvido… mas desenvolvido poderá ser apenas um desenvolver em marcha-atrás… atrás daqueles sonhos que são na realidade mais pesadelos, criados por homens que se julgavam superiores ao planeta… mas este planeta é vida, e a vida não se padece com sonhos de crescimento eterno… e de inflação em inflação iremos chegar até ao porto da desgraça em que seremos violentamente consumidos pela onda de um tsunami económico que engolirá todo este mundo… de eterno… e ilusório… crescimento.

Notícia do The New York Times – Certainties of Modern Life Upended in Japan
Notícia do Deutsche Welle – Desastres no Japão não causarão recessão mundial, acreditam economistas
Notícia do Diário Económico – Godzilla existe!
Notícia da CNBC – Nikkei Losses to Double: Economist
Notícia do The New York Times – A Crisis That Markets Can’t Grasp
Notícia do The Globe and Mail – Global economy faced with a new recession
Notícia do The Washington Post – Japan earthquake’s aftermath: Economists more pessimistic about long-term impact
Notícia do The Wall Street Journal – Crisis Tests Supply Chain’s Weak Links
Notícia do The New York times – Stress Test for the Global Supply Chain
Notícia da Veja – Catástrofe no Japão pode mudar planos de montadoras
Notícia da Bloomberg – Japan May Sell U.S. Treasuries After Earthquake, Brown Brothers’ Thin Says

A Inflação e os Homens da Lua

“Guerra das divisas” é o foco dos ministros das finanças do G20. Representante do FMI diz que os governos asiáticos têm de combater a inflação com divisas mais “livres”. Inflação na Índia diminui, mas as taxas de juro sobem. FMI e Citigroup afirmam que Vietname tem de atacar o problema da inflação, depois de ter desvalorizado o Dong. Défice do governo americano para 2011 irá ser superior ao total da economia americana. Político da Carolina do Sul quer criar uma moeda própria do Estado. Constâncio preocupado com o preço das matérias-primas.

Hoje vou tentar explicar as variáveis da inflação e que medidas andam os países, um pouco por todo o mundo, a adoptar para a controlar, tentando criar também uma comparação com as medidas que os países desenvolvidos andam a adoptar para tentarem dinamizar as suas economias, vulgo; espevitar o crescimento económico… usando como sempre notícias dos dias mais recentes como base para o texto.

Primeiro ficámos a saber que a principal preocupação dos ministros das finanças que vão estar na reunião do G20, representantes das 20 economias mais exuberantes do planeta, é a guerra silenciosa entre o dólar e o yuan.
Isto abre espaço a uma questão: Não deviam estar mais preocupados com o aumento dos preços dos alimentos, das matérias-primas e do petróleo?
Espero conseguir responder a esta pergunta com o desenrolar deste artigo, na medida que vou tentar descrever que grande parte dos problemas que estamos a enfrentar actualmente advêem dessa guerra, não só mas também.

Hoje também ficámos a saber que o FMI adverte os governos asiáticos a deixarem de controlar a valorização\desvalorização das suas divisas.
Primeiro temos o FMI a tomar posição de parte do mundo contra a outra parte do mundo; ao lado dos Estados Unidos e aconselhando o outro lado do mundo a deixar valorizar as suas divisas enquanto o dólar, por omissão, pode continuar a desvalorizar sem que tal seja motivo de aviso.
Como instituição que se diz independente tal conselho é no mínimo dúbio e tendencioso… mas acho que todos (?) estamos cada vez mais cientes que estas instituições (ditas) internacionais quase pouco mais são que representantes dos grandes interesses económicos ocidentais, por isso…

E hoje tivemos direito a uma (quase) excelente notícia vinda da Índia: a inflação está a baixar por lá… quer dizer, baixou marginalmente dos 8.43% para 8.23%…
Mas como foram obtidos tais resultados quando (quase) no restante do mundo a inflação continua a crescer?
Simples… aumentaram as taxas de juro no Banco Central, o que elevou o custo do dinheiro, o que reduziu o número de pedidos de empréstimo, o que por si acabou por reduzir o capital que está em circulação no país.
Mas esperem lá… a inflação não é sinónimo de aumento do preço dos bens que adquirimos? Que tem a ver essa redução do capital em circulação na economia com o facto da inflação ter reduzido?

Uma redução mais significativa na taxa de inflação de Janeiro podia ter ajudado a reduzir a pressão nas taxas de juro do Banco Central indiano, dizem os economistas; a elevada taxa de inflação pode conduzir o banco central a elevar rapidamente as taxas de juro de forma a acompanhar o aumento do preço dos alimentos e conter o perigo desse aumento se espalhar em pressão inflacionária até outros bens.
In The Wall Street Journal

Mas… mas… não é o aumento da procura que faz disparar a inflação?
Não é isso que ouvimos no quadradinho mágico, da boca dos (pseudo) especialistas, nos jornais, nos média generalistas?

Porque razão o aumento dos juros do Banco Central indiano e a consequente redução de capital em circulação na economia aliviam as pressões inflacionárias?
Simples… a inflação, maioritariamente, é um sintoma do excesso de moeda em circulação e não necessariamente um aumento da procura ou redução na oferta, ou seja, por exemplo… se existirem 10 pessoas com 10 euros cada para comprar 10 quadros, quanto acham que cada quadro pode no máximo custar?
10 Euros.
Mas se existirem 10 pessoas com 100 euros cada para comprar os mesmos 10 quadros, quanto acham que poderá o custar cada um dos (mesmos) quadros?
Pois, 100 euros.
Portanto, o que fez subir o preço do bem não foi o aumento da procura, nem uma redução na oferta, foi um aumento da moeda em circulação.
Este é o sintoma que é descrito estar a acontecer na Índia, de outra forma o Banco Central indiano não conseguiria, com o aumento das taxas de juro, levar com as suas medidas a uma redução da taxa de inflação.
Esta noção de inflação é algo que é recorrentemente sonegada da opinião pública… porquê?
Deixo para vós as possíveis respostas a essa questão…

No Vietname o problema da pressão inflacionária é aparentemente outro, o da desvalorização da moeda.
O FMI diz-nos que a desvalorização, ontem, de 7% do Dong vai aumentar a pressão da inflação sobre a economia vietnamita.
Como?
A primeira pergunta que se deve colocar é:
Como consegue um país desvalorizar a sua moeda?
Simples… injecta (cria) no mercado mais moeda, neste caso, mais 7% de moeda em circulação o que faz com que o valor nominal da moeda perca o valor correspondente ao colocado em circulação, neste caso, 7%.
Portanto, uma vez mais a inflação irá ser causa do excesso de moeda em circulação e não um aumento da procura ou diminuição da oferta de bens.
Hmmm…
Portanto, qual irá ser a medida que o Banco Central do Vietname irá adoptar no futuro para controlar a inflação?
Irá aumentar as taxas de juro.
O que aconteceu na Índia antes do Banco Central ter aumentado as taxas de juro?
Desvalorizou a sua moeda…
Hmm… 1+1=2… Hmmm…

O que levou a Índia, tal como o Vietname e tantos outros países, a desvalorizar a sua moeda colocando em causa o nível de inflação e a estabilidade social e económica nos seus territórios? Sim, porque nenhum país desvaloriza a sua moeda, nem aumenta as taxas de juros no Banco Central “por dá cá aquela palha”, fazem-no como últimas medidas para tentar conter uma depressão económica, uma diminuição da competitividade das suas exportações, ou um sobreaquecimento da economia, vulgo, taxas elevadas de inflação…

O orçamento apresentado pelo Presidente Obama, revelado na segunda feira, foi concebido como um plano de controlo dos gastos no futuro, mas também apresenta a mais assustadora imagem do corrente ano fiscal, que está a caminho de bater o recorde de défice federal e demonstra que o total de dívida já ultrapassa toda a riqueza gerada pela economia americana.
In The Washington Post

Alguns poderão perguntar: O que tem a dívida americana a ver com a inflação no resto do mundo?
Simples… o dólar é a moeda de reserva do mundo, e cada vez que o governo americano gasta a mais isso significa que irá ter de carregar no botão da impressora para criar mais moeda de forma a conseguir pagar o que está em dívida, o que por inerência faz desvalorizar o dólar, dólar que é a moeda usada na transacção da grande maioria dos bens transaccionados no mundo… e se o dólar perde valor, os bens ficam mais caros… e surge inflação a nível global… 1+1=2

O nível monumental a que chegou o défice nos Estado Unidos já está até a colocar alguns americanos em estado de alerta máximo… o último e mais singular caso de que tenho registo até ao momento é o do Senador do Estado da Carolina do Sul, Lee Bright, que propôs a criação de legislação específica para a Carolina do Sul para que em caso de colapso do dólar a Carolina do Sul possa cunhar a sua própria moeda…

No final de contas, a raiz do problema é que não estamos a imprimir o nosso dinheiro livre de dívida. É isso que precisamos fazer. Tal como o fez Abraham Lincoln com os greenback, precisamos de voltar a sermos nós a imprimir o nosso dinheiro e livre da dívida.
In Business Insider

Hmmm… conseguem perceber o que este senhor está a defender?
O que ele está a defender é um sistema monetário livre de dívida baseado no ouro e na prata, o mesmo sistema que providenciou ao mundo centenas de anos de inflação quase ZERO… sim QUASE ZERO!

Este sistema de criação de dívida para saldar dívida que origina inflação contínua de crescimento exponencial só caminha numa direcção… o da desvalorização total do valor nominal do dinheiro papel, porque enquanto os Estados Unidos continuar a imprimir dinheiro para pagar e sustentar um estilo de vida que está totalmente desfasado do mundo em que vive, todo o mundo (países) irá sofrer a constante erosão da inflação, e será constantemente obrigado a desvalorizar as suas moedas de forma a manter-se competitivo nos mercados, o que por si cria ainda mais pressão inflacionista sobre todo este mundo.
Este é mais um exemplo de como o nosso mundo está todo interligado e de como as acções facilitistas e desprovidas do real de uns colocam em causa todo o outro mundo, mundo que já começou a sentir na pele as revoluções geradas por essas políticas de um mundo que aparentemente nada tem a ver com o deles, como o exemplo do Egipto… (nada mais enganador a sensação de nada ter tido a ver com as medidas de uns senhores de fraque sentados num escritório agarradinhos às suas contas de “sumir”!)

E na Europa?
Na Europa tivemos direito a uma afirmação de Vitor Constâncio, actualmente um dos vice- Presidentes do Banco Central Europeu, que disse:

“Não sabemos se estamos perante uma escalada dos preços das matérias-primas ou não. Temos de esperar e ver”, afirmou hoje Constâncio, em entrevista à agência Market News Internacional, citada pela Reuters, reconhecendo que “isto é um assunto preocupante, tal como já sublinhámos”.
In Diário Económico

Não sabem?
Opá, basta olhar para o mundo e ver o que está a acontecer!
Opá, basta olhar para o aumento dos custos de produção na China para saber o que irá acontecer!
Opá, os produtos chineses baratos que durante a última década foram servindo de contra-balanço ao aumento dos valores da inflação total, mesmo quando todos os portugueses sentiam o aumento de quase todos os bens primários, vai deixar de funcionar como tal. Daqui para a frente, mais que todos os outros produtos, irão ser os produtos baratos chineses que irão fazer a inflação disparar, porque irão continuar a ser baratos demais para que a produção na Europa se torne competitiva em relação a eles e porque vão começar a subir de preço se calhar em duas casa decimais, mais de 10% ao mês. Adeus colchão dos últimos 10 anos a que se junta a inflação dos bens alimentares e das energias! Olá inflação!
Percebeste, opá?
Sabes, opá, se calhar daqui a uns tempos andaremos a discutir qual o significado da palavra hiperinflação… ou então que o mundo entrou uma vez mais em contracção porque não conseguiu sustentar tais pressões inflacionárias… “Capiche”, opá?

Conclusão:
Os Gs, militares e guerreiros das finanças deste mundo, apontam para a guerra aberta de desvalorização entre o dólar e o Yuan como a principal preocupação do seu mundo… e avisam os maléficos de olhos em bico para não fazerem aquilo que eles fazem… mundo que na Índia já começou a contrair de dores e que no Vietname se abre aos desprazeres da vida tipo rameira do povo… enquanto nos “states” se discute como e onde se gastar a dívida que se acumula como se fosse minas terrestres prestes a explodir debaixo dos pés do mundo inteiro… e depois.. alguns… alguns seres quase perdidos no meio de tanto tiroteio sem destino, perdidos num mar de ilógicas de numerário, começam a hastear a bandeira branca… Socorrooooo!!! Socorroooo!!!… Socorro digo eu! Não é que ainda existem seres, ainda mais representantes desta nossa terra, que abrem a boca para comer as verdades e brincar aos soldadinhos com as mentiras… os “opás”…
Opá, por vezes era melhor fechar os olhos e imaginar… … … a lua…

Notícia do The Independent – US ‘currency war’ is focus for G20 finance ministers
Notícia do The Wall Street Journal – IMF Official Says Asian Governments Need to Fight Inflation With Freer Currencies
Notícia do The Wall Street Journal – India Inflation Eases, But Rate Rise Looms
Notícia da Bloomberg – Vietnam Must Tackle Inflation After Dong’s Devaluation, IMF, Citigroup Say
Notícia do The Washington Times – Federal deficit on track for a record this fiscal year
Notícia do Business Insider – South Carolina Politico Wants to Create State Currency
Notícia do Diário Económico – Constâncio “preocupado” com preços das matérias-primas

ONU Mundo Deles

Os custos da importação de alimentos irão este ano suplantar em 1 bilião o ano de 2009, diz a ONU. Preço dos alimentos poderão aumentar até 20% em 2011, avisa a ONU. China irá subsidiar alimentos depois do recente aumento dos preços. O novo plano de Abu Dabhi para a segurança dos bens alimentares. Alterações climáticas e doenças irão causar novas crises alimentares. FMI reduz o peso do dólar e do Yen no cesto do SDR. China avança contra a liquidez para reduzir a inflação. Trichet: Juros podem subir antes de terminarem as ajudas à banca.

Tal como ontem, vou quase ignorar as crises das finanças públicas, que já estão a ter (quase) a devida exposição nos meios de informação para as massas, e focar a minha atenção em algo que julgo ser muito mais preocupante e verdadeiramente mais perigoso: a inflação e o preço dos alimentos.

Hoje foi um dia em cheio para decantar muitas das tendências que irão moldar o ano que aí vem, e os seguintes.

A nossa querida, amada e estimada ONU veio a terreiro expor as suas conclusões em relação ao preço dos alimentos praticados hoje, o que espera para amanhã e quais as suas causas primárias.
Para quem anda apenas a reboque daquilo que é dito nos meios de comunicação para as massas, poderá estranhar algumas coisas que irei escrever lá mais abaixo. Para quem já deixou de consumir a informação para as massas como a verdade absoluta, servirá apenas de clarificação das tendências futuras.

A ONU prevê:

– “Os custos da importação de alimentos irão este ano suplantar em 1 bilião o ano de 2009.”
– “É pouco provável que os efeitos do aumento dos preços fiquem contidos nos seus respectivos sectores, porque muitos destes bens servem de pasto principal aos sectores de criação de gado e dos biocombustíveis.”
– “Em relação aos cereais mais importantes, a produção terá de se expandir substancialmente para suprir a demanda e recuperar as reservas mundiais.”
– “Devido a estas causas, os consumidores poderão não vir a ter outra opção para além de pagar preços mais elevados pelos seus alimentos.”

In Bloomberg

A maior parte da informação exposta neste excerto é de simples conclusão e análise para todos. Gostava apenas de salientar como estes tipos da ONU conseguem ser irracionais, ignorantes e verdadeiramente estúpidos nas suas análises, julgando que todos nós somos tão ou mais estúpidos que eles de forma a engolir as suas mensagens publicitárias!
Com que então assumem pela primeira vez que uma das principais causas para o aumento do preço dos alimentos está directamente relacionada com o sector dos biocombustíveis!
Mais abaixo voltarei a esta causa…

Continuando…

– “Preço dos alimentos poderão aumentar até 20% em 2011.”
– “O preço do trigo, do milho e de muitos outros alimentos transaccionados internacionalmente cresceram até 40% no espaço de apenas alguns meses. Os preços do açúcar, da manteiga e da mandioca estão em valores máximos de 30 anos, e a carne e peixe estão ambos significativamente mais dispendiosos do que no ano passado.”
– “Inflação dos preço dos alimentos, alimentada pela especulação, a vaga de calor na Rússia e transacções nos mercados de futuros.” (…)
– “Os pobres são quem mais irão sofrer porque sentem directamente o efeito do aumento do preço dos alimentos.”

In The Guardian

Mais informação que ajuda a desenhar parte do nosso futuro, uma boa parte com valor verdadeiramente importante, como a noção da inflação do preço dos alimentos estar apenas a ser causada pela especulação.
Mais abaixo aprofundarei esta questão.

Alguns países estão já a entrar em “estado de choque” em relação ao aumento do preço dos alimentos, tal como a China e em Abu Dhabi nos Emiratos Árabes Unidos.
Sinal dos tempos que estão para chegar?
Para mim, mais do que sinais, a evidência que algo está verdadeiramente a mudar.

Voltando à ONU…
Quais as principais causas que irão colocar em causa a produção alimentar?

– “Alterações climáticas, especulação, biocombustíveis e o aumento da procura na Ásia são os factores que irão levar a um aumento exponencial dos preços no ano que vem.”
– “Além de conduzir ao aumento da inflação em Inglaterra e no mundo ocidental, outro episódio de hiperinflação no preço terá terríveis implicações para as pessoas mais pobres do planeta.”
– A produção terá de aumentar substancialmente (…) O principal obstáculo identificado para o aumento da produção alimentar é o potencial económico das explorações para biocombustíveis e as explorações não alimentares.
– “Efeitos adversos do clima são indubitavelmente um dos principais factores na quantidade das safras de trigo e, com as alterações climáticas, poderão vir a ser cada vez mais recorrentes.”
– “Não subsistem dúvidas que as actividades especulativas trouxeram grande volatilidade ao mercado, mas não existem provas que a especulação tem conduzido ao aumento dos preços até níveis não antes vistos.”

In The Independent

Antes demais, peço desculpa pela quase desconexão do texto até este ponto, mas acho que era por demais importante expor a informação divulgada pela ONU tal como a encontrei. Serve de exemplo de como o copy\paste praticado na maioria dos casos para a divulgação de informação nos meios de informação generalistas é por vezes trocado por divulgação em formato de puzzle: várias secções da mesma história espalhadas por várias fontes, onde só lendo a totalidade das fontes se consegue ter uma ideia mais concreta da informação que está a ser veiculada.
Este é um método que encontro ser recorrente para muita da informação veiculada pela ONU… vá lá se saber o porquê…

Depois desta pequena explicação, voltando à ONU e aos alimentos…
Pegando um pouco atrás gostava de relembrar que a ONU diz que no espaço de meses o preço de alguns bens aumentou mais de 40%, mas que a sua previsão para o ano que vem é de 20% de aumento… hmmm
Gostava também de relembrar que a ONU disse que mais episódios de HIPERINFLAÇÂO terão resultados dantescos nas economias.
Gostava de vincar que o preço dos alimentos é o valor mais importante para a contabilização da inflação…

Portanto, nas palavras da ONU, as causas são, os biocombustíveis – que são imensamente subsidiados pelo mundo ocidental, o mesmo mundo que governa a ONU -, a especulação – que segundo as palavras da ONU, não existem provas que comprovem o seu impacto nos preços… talvez porque a grande maioria dos especuladores sejam parte integrante do mundo ocidental, o mesmo mundo que governa a ONU -, o aumento da procura por parte da Ásia – área do mundo em que o mundo ocidental mais tem investido nas últimas décadas, o mesmo mundo  que governa a ONU -, e para fechar, as alterações climáticas que põem em causa a quantidade das safras mundiais.

Conclusão:
– Os biocombustíveis, altamente subsidiados, são uma das principais causas para o aumento do preço dos alimentos. Deixem de os subsidiar!
– A especulação que é acção dos mesmos mercados que estão a levar o mundo à bancarrota. Limitem a acção abusiva dos mercados de capitais sobre o preço dos alimentos!
– As alterações climáticas. Bem, o nosso mundo mudou tanto que secas ou cheias são situações que acontecem apenas agora… Pelas apalavras deles quase se pode chegar à conclusão que o clima foi sempre sinónimo de estabilidade… hmmm…

De todas as causas aventadas, existe uma que, para mim, é apenas a mais relevante e que não é identificada pela ONU, talvez porque tal coisa poria em causa quase todas as causas avançadas para explicar o porquê dos preços estarem a subir tanto.
Vou tentar explicar.
O dólar é a moeda de referência mundial, é a moeda de reserva mundial. Quase todos os mercados de transacção de bens são cotados em dólares, ou seja, esses bens são transaccionados em dólares. Como todos já devem estar a par, o dólar tem vindo a perder valor de forma exponencial, o que conduz ao aumento exponencial dos preços dos bens transaccionados nesses mercados, não pelo aumento da procura mas pela desvalorização da moeda que os transacciona.

Vou tentar explicar de forma simplista o que acontece neste mundo de dólar em desvalorização exponencial:
Eu sou Portugal. Em 2005 comprei 10 dólares com euros, que me custaram, nessa altura, 15 euros.
Hoje, em 2010, vou comprar trigo no valor de 10 dólares mas os mesmo 10 dólares, que comprei em 2005, valem hoje apenas 8 euros, o que quer dizer que os mesmos 10 dólares hoje compram metade do trigo que compravam em 2005, e principalmente como eu, Portugal, paguei 15 euros por esses 10 dólares, terei hoje de cobrar, não o valor do dólar de hoje, mas sim o valor do dólar de 2005 de forma a não ter prejuízo quando for vender o trigo que acabei de adquirir. Ou seja, os 10 dólares de 2005 perderam 50% do valor inflacionado 50% o valor do bem que adquiri em 2010.
Isto é o exemplo nu e cru de muito do que estamos a assistir hoje com o preço dos alimentos, dos bens de uma forma geral, e que terá tendência a ganhar contornos de cada vez maior gravidade, porque o governo americano (Reserva Federal) continua a injectar milhar de milhões de dólares no mercado na forma de pacotes de estímulo à economia.
Talvez não seja mal pensado dizer aos senhores da ONU que nem todo o mundo é tão estúpido ao ponto de acreditar nas suas constantes inverdades, por vezes puras falsidades e muitas da vezes verdadeiras inversões.

Para nos ajudar a compreender um pouco melhor esta situação… O FMI reduziu o peso do dólar e do Yen no cesto do SDR (O peso que cada moeda tem no mercado internacional, medido pela força das suas economias).
Ora mas que raio?!??!? Perguntará quem faz contas… mas a economia da zona euro não tem sido a que mais tem contraído nestes últimos anos, quando comparada à economia americana e chinesa?
Porque raio irão dar mais peso ao euro em comparação com uma redução do peso do dólar e do yen no cesto?
Simples, digo eu, o euro é a moeda, das três, que menos tem desvalorizado.
Já ouviram falar no jogo dos espertinhos? Este é um belo exemplo… usam a moeda que tem desvalorizado menos, mesmo que tenha um peso nas transacções mundiais incomensuravelmente inferior ao dólar e esteja a perder cada vez mais terreno para o yen, de forma que a inflação apresentada pelo FMI, para os vários mercados de bens no mundo, seja menos expressiva… O mundo dos espertinhos, não é verdade???

Ah! Também o BCE começa a dar os primeiros passos para combater o temor da inflação:

“O presidente do Banco Central Europeu alertou hoje que os juros podem subir, mesmo que permaneça em vigor o programa de cedência de liquidez à banca.”

In Jornal de Negócios

Esperem lá! Mas estando a Grécia, a Irlanda, Portugal, a Espanha e a Itália, sem falar noutros, tão dependentes das taxas de juro praticadas pelo BCE para conseguirem angariar liquidez para as suas economias, Trichet vem a terreiro dizer que as taxas de juro podem subir mesmo antes de terminar o apoio às economias titubeantes da Europa?
Ólálá, temos aqui contraditório… como ajudar as economias mais frágeis com juros mais altos se são esses mesmo juros altos que as estão a estão a queimar em lume brando?
Estará o BCE a querer dizer que é preferível que os Estados mais frágeis da UE sofram ainda mais, possam mesmo colapsar, e pior, terem até de sair da moeda única de forma que os países mais ricos da UE e o euro consigam sobreviver, sem ter e terem de passar por um processo inflacionário escalante?
O tempo o dirá, mas os sinais que começam a ser dados…

Notícia da Bloomberg – World Food-Import Costs Will Exceed $1 Trillion on Higher Prices, UN Says
Notícia do The Guardian – Food prices may rise by up to 20%, warns UN
Notícia do The Independent – Climate change and disease will spark new food crisis, says UN
Notícia da Associated Press – China to subsidize food after price spike
Notícia da Reuters – Abu Dhabi’s new plan for food security
Notícia da Bloomberg – IMF Reduces Weighting of Dollar, Yen in SDR Basket
Notícia do Jornal de Negócios – Trichet: Juros podem subir antes de terminarem ajudas à banca

As Curvas do Ouro

Ouro renova máximos históricos. Bancos centrais europeus suspendem a venda de ouro.

Há notícias que nos dizem muito mais do que aparentam dizer… e esta é uma delas…
Explica-nos imenso sobre a visão do futuro mais próximo que os bancos centrais europeus têm da economia…

Ora vejamos…
O ouro tem vindo a bater todos os recordes nos mercados internacionais, chegando hoje aos 1.300,15 dólares a onça.
Hoje também ficámos a saber que os bancos centrais europeus vão começar a deixar de vender ouro… hmmm… Não notam que há algo aqui que não bate lá muito bem… tipo… um contra-senso?
Nada?

Ora vejamos… em média, na última década, os bancos centrais europeus têm vendido conjuntamente mais de 300 toneladas de ouro por ano, ouro que chegou a estar abaixo dos 300 dólares a onça.
Digam-me então qual é a lógica de agora, quando o ouro está ao preço mais elevado já registado, os bancos centrais europeus deixarem de o vender, logo agora que podiam capitalizar muito dinheiro com a sua venda? Por que não o fazem?

Pois… as perguntas acima são mesmo o busílis desta questão…

O ouro para a banca serve de substancia de retaguarda contra a fragilidade das moedas de papel, usada apenas em última instância.
Quando a banca nos diz que vai deixar de vender ouro diz-nos indirectamente que o investimento em moedas de papel já não compensa.
Se o investimento em moedas de papel já não compensa, o que acham que isso significa?
Significa que as moedas de papel irão provavelmente perder valor.
E qual a palavra económica usada para definir essa perda de valor?
Inflação!

É por uma questão de bom senso económico que os bancos centrais vão contrair as suas vendas de ouro, pois num universo económico de inflação significativa o valor do ouro irá atingir valores de mercado muito superiores aos actuais… mesmo muito superiores… e é isso que os bancos centrais nos estão a dizer nas entrelinhas quando somamos o valor do ouro actual e a sua súbita mudança de estratégia.

Isto também não é apenas uma coincidência com as notícias que nos chegam dos Estados Unidos, principalmente sobre o dólar e a desvalorização “controlada” do seu valor…
Sabem… o mundo deles (banca) é por norma muito mais simples do que aquilo que nos fazem crer e onde quase sempre as pequenas opções estratégicas definem o futuro que eles nos reservam…

Já poucas dúvidas tinha em relação a uma onda de inflação que está prestes a atingir-nos, e poucas dúvidas tinha que investir em ouro e em prata eram um excelente negócio para os próximos anos, mas hoje quase deixei de ter dúvidas em relação a isso, porque é o que os bancos centrais europeus vão fazer…
Quem seguir as curvas do ouro nos próximos tempos poderá vir a ser muito bem sucedido…

Aconselho a leitura do artigo: Aquela Coisa Chamada Inflação

Notícia do Diário Económico – Ouro renova máximo histórico
Notícia da CNBC – European Central Banks Halt Gold Sales

Aquela Coisa Chamada Inflação

Apostem que o bancos centrais nem vão dar por ela. Mudança da Reserva Federal conduz ao enfraquecer do dólar. Sinai diz que a mensagem da Reserva Federal de 21 de Setembro significa “Temos de comprar ouro”. Ouro atinge preço recorde e prata o máximo de trinta anos.

Ainda se lembram daquela coisa chamada inflação?
Para quem não se lembra, está na hora de voltar a pensar um pouco nela… e seriamente…

O sinal de mudança dado pela Reserva Federal americana em relação à inflação é provavelmente a última carta que ainda tem no baralho de forma a espicaçar a economia interna.
Como? Porquê?
É verdade, como as medidas que têm sido tomadas para que o consumo interno americano cresça pouco têm surtido o efeito desejado, até pelo contrário porque têm continuado em contracção, a Reserva Federal americana vai começar a apostar na inflação (des)controlada do dólar.
Como? Porquê?
Pois é estranho para quem não percebe um pouco mais profundamente as (i)lógicas da economia, mas o conceito é muito simples.
Ao avisar com antecedência os mercados que espera que a inflação venha a crescer, a Reserva Federal americana está a dizer aos consumidores que os preços dos bens irão em breve subir, levando dessa forma os consumidores a comprar já antes que os preços aumentem. (A lógica do vivam tudo já e nem pensem no futuro)
Para além disso a inflação ajuda a reduzir o défice – assunto já abordado no artigo: O Parasita Morre com o Hóspede

Este “jogo” aparentemente simples para fazer crescer o consumo, contornar a deflação e reduzir o défice acarreta riscos sérios para a economia americana e por inerência para toda a economia mundial.
O dólar é a moeda de reserva do mundo e a inflação por influxo de liquidez no mercado representa directamente a desvalorização do dólar, e isso representa a redução do valor que os bancos centrais do mundo detêm em dólares, podendo isto conduzir a algo ainda mais grave, que tentarei explicar abaixo.

Esta introdução à noção de inflação do dólar obriga a uma explicação sumária da sua envolvência e interdependência com o mundo.

Os Estados unidos já não são uma nação produtora nem exportadora, a sua (quase) única grande marca de exportação, que mantém viva a economia dos Estados unidos, é o dólar, porque é a moeda usada para as transacções de petróleo e outros bens um pouco por todo o mundo. Esta é a principal razão do sistema económico americano ainda não ter colapsado até hoje, quando o seu défice já ultrapassa bastante a lógica de sustentabilidade do sistema económico actual. A economia americana vive dependente da venda de dólares, mas…

Até mesmo a noção do dólar enquanto moeda universal começa a mudar com, por exemplo, o caso de países árabes reunirem-se com chineses e japoneses de modo a terminarem com a “obrigatoriedade” das transacções de petróleo terem de ser em dólares e querendo transaccioná-lo numa multiplicidade de outras moedas.
Para além disso, a China tem estado vendedora dos títulos obrigacionistas americanos, reduzindo a sua exposição ao dólar em cerca de 2% em menos de um ano. Assim como recentemente a inversão do sentido do investimento dos bancos centrais ao colocar grande parte das suas reservas monetárias, mais de 60%, em euros e em ienes e não em dólares, no último ano.
O dólar ainda representa mais de 60% das reservas monetários do mundo, mas durante quanto tempo mais?

Voltando à inflação…

O ouro, no espaço de pouco mais de um ano, passou de 925 dólares para mais de 1300 dólares a onça. A prata, no mesmo período de tempo, passou de 14 para 21,45 dólares por onça. O aumento do preço do ouro e da prata é resultado directo do influxo de dólares no mercado por parte da Reserva Federal americana e do aumento da aquisição de ouro e de prata por parte dos investidores internacionais em desfavor do dólar, assim como de outras moedas, mas mais significativamente do dólar.
Este crescimento exponencial do preço do ouro e da prata é um profundo sinal de que o dólar já está a inflacionar há muito tempo. Dificilmente é e será controlável pela Reserva Federal americana, porque grande parte dos factores estão fora das suas mãos. Podemos até especular que esta mudança de estratégia da Reserva Federal americana possa apenas ser uma forma de mascarar inflação descontrolada – é melhor esperar que esta especulação esteja totalmente errada…

Tenho de concordar com Allen Sinai que diz que a mudança de estratégia da Reserva Federal americana é um aviso para se comprar ouro porque a inflação é o erodir das poupanças em papel moeda.

E agora umas perguntas:
O euro tem subido em relação à acentuada descida do dólar?
Quase nada.
Haverá diferenças na noção de inflação entre os Estados Unidos e a Europa do euro?
Para mim apresentam basicamente os mesmo sintomas, tanto mais que o ouro e a prata também têm subido dramaticamente em relação ao euro.
Que cenário poderemos ter de enfrentar num futuro bem próximo?
A erosão do valor das moedas papel (FIAT), se entrarem em espiral descontrolada – como os sinais que começam a apoquentar o dólar, poderá conduzir a hiperinflação.

Hiperinflação?
Bem… a hiperinflação criará dois novos tipos sociais – os que investiram em ouro ou em prata, e os que acreditaram que o sistema (FIAT) não lhes pregaria uma partida dessas…

Bem agora é esperar que daqui a uns tempos não tenhamos de dizer: Lembram-se da altura em que vivíamos quase sem inflação? (Noção que está pouco correcta mas que irei certamente  abordar mais à frente, assim como aprofundarei as explicações e os detalhes da inflação e da hiperinflação… principalmente irei tornando mais simples a explicação desta injecção de conceitos inflacionários)

Notícia da Forbes – Fed shift leads to dollar drubbing
Notícia do Wall Street Journal – Bet That Central Bankers Get It Wrong
Notícia da Bloomberg – Sinai Says Fed’s Sept. 21 Statement Means `Gotta Buy Gold’
notícia da Reuters – Gold hits record as silver reaches 30-year peak
Notícias de apoio:
The American Dollar and the World Economy
Notícia da MSNBC – U.S. trade deficit surges to $40.18 billion
US Debt Clock
Notícia da Bloomberg – Dollar Falls on Report Gulf States May Stop Using Greenback
Notícia da NuWire – China Selling US Treasuries: May Find Replacement In Gold And Silver
Notícia da Fortune – Central banks start to abandon the U.S. dollar