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Viva a Demo-Cracia!

FMI: A Irlanda não irá conseguir o objectivo do défice para 2015, existe o risco de não conseguir pagar. FMI desembolsa mais 2,5 mil milhões para a Grécia. Economistas dizem que a Grécia só conseguirá recuperar se a sua dívida for reestruturada. FMI: Portugal é o mais exposto à Irlanda. Portugueses investem cada vez mais em derivados. França e Alemanha querem uma união fiscal. UE precisa de obrigações europeias e imposto federal. Mariano Gago critica parlamento. Só precisa de 447.000 para entrar no clube dos mais ricos. Terá havido outra época melhor para ser rico?

Mais uns dias inundados de futuro, de quais as intenções e perspectivas no passado em relação a esse futuro, e a noção de como é cada vez melhor ser-se rico neste mundo.

Começo com o FMI e a Irlanda.
Um dia passado, vinco – 1 DIA!!!, depois do parlamento irlandês ter aprovado um empréstimo de 22,5 mil milhões de euros por parte do FMI, do qual o FMI nos disse ter passado meses a preparar o cenário de salvamento da Irlanda, e agora vem a terreiro dizer que tais medidas poderão ser insuficientes e que a Irlanda, por volta de 2015, irá necessitar de ainda mais milhões.
Que raio de estudo foi esse do FMI que bastou 1 DIA!!! para se alterar o cenário no qual se baseou o empréstimo?
Será mesmo que o FMI ajuda à salvação, ou a sua mera presença numa economia faz com que os indicadores económicos entrem em vertiginosa queda?

E no mesmo dia em que o FMI diz que o seu estudo para a Irlanda já está datado e ultrapassado, desembolsa mais 2,5 mil milhões para a Grécia. Não são apenas mais 2,5 mil milhões, são  2,5 mil milhões a mais para este ano, de forma que a Grécia não estoire já.
Ou seja, seis meses passados depois do estudo de ajuda à Grécia e já são necessários mais milhares de milhões de euros para corrigir desequilíbrios?
Que raio de estudo foi esse do FMI que bastaram meses para alterar o cenário do empréstimo?
Será mesmo que o FMI ajuda à salvação, ou a sua mera presença numa economia faz com que os indicadores económicos entrem em vertiginosa queda?

Para nos responder às perguntas que dupliquei nos casos irlandês e grego, nada melhor que as palavras dos especialistas (dizem eles ser)… ou seja, nada melhor que as palavras dos auto-denominados especialistas.

“Especialistas dizem que é inevitável o incumprimento por parte da Grécia do empréstimo de 95 mil milhões concedido pelo FMI e pela UE”

Theodore Pelagidis:
“A Grécia faça o que fizer, não será suficiente.”

Empresário que quis manter o anonimato:
“Não é preciso ser-se um Einstein para ver que os números não batem certo. Como iremos pagar a nossa dívida quando está a chegar a 160% do PIB numa economia que está em contracção e não produz nada?”

In The Guardian

Portanto podemos esperar que para o final de 2011 tanto a Grécia como a Irlanda tenham de pedir ainda mais milhares de milhões de ajuda de forma a manter a cabeça à tona.
Portanto, pode ser dito que o pacote de ajuda do FMI-UE não mais é que um rebuçado amargo, que a dívida e a contracção económica nas nações ajudadas é tanta que a salvação começa a ser vista mais sem ajuda do que com ajuda. Eu chamo-lhe a pretensa ajuda que esconde um imenso lucro directo e indirecto. Lucro directo nas taxas de juro que cobram, e lucro indirecto escondido na obrigatoriedade de privatização de muitos dos sectores económicos fundamentais dessas economias para as mãos de privados apoiados pelos dois monstros das bolachas esfomeados – FMI e EU.

Enquanto isso o (mesmo) FMI diz que Portugal é o país mais exposto à dívida soberana irlandesa, em 18,8% do PIB português, ou 33 mil milhões de euros.
Sem dúvida um comentário extraordinariamente oportuno de uma instituição que tem vindo a dizer que Portugal não irá necessitar de ajuda… é mesmo este tipo de informação que acalma os mercados…
Estará o lucro directo e indirecto na queda de mais uma economia acima de qualquer boa intenção que entretanto tenham demonstrado?
Enfim…
Mas por aqui há gato! E com um rabo de fora de um tamanho de levantar pêlo!
É-nos dito que Portugal tem usado a Irlanda como forma da banca beneficiar de impostos mais reduzidos… trocando isto por miúdos… a banca nacional tem usado a Irlanda para fugir aos impostos em território nacional!
A bela cara da graciosidade financeira dos “casineiros”… o despudor com que estas coisas são feitas é algo de bradar aos céus… ora seja, um belo esquema de lavagem de dinheiro, não fosse o mesmo ser perpetrado pela banca…

“A Irlanda, a par do Luxemburgo, é um destino muito procurado pelos bancos nacionais para domiciliarem operações de titularização de créditos, sobretudo obrigações hipotecárias (empréstimos à habitação). Isto significa que, embora os fluxos financeiros passem pela Irlanda, os activos subjacentes são créditos concedidos no mercado nacional. Por outras palavras, estas aplicações estarão expostas a activos portugueses e não irlandeses” (…)
in Jornal I

Simplificando… operações de titularização de créditos, é uma bela sequência de palavras para esconder a palavra proíba do momento: DERIVADOS.
Ou seja, o que a banca nacional, e não só, anda a fazer é a vender as receitas futuras capitalizando-as no presente através de derivados…
Como acham que irão ser os seus dividendos quando tiverem hipotecado todos os seus rendimentos futuros? (Se é que já não o fizeram)
Esta é a lógica inerente e subjacente a este sistema financeiro de doidos: Consumir hoje e esperar que o amanhã traga soluções para não sermos consumidos pela dívida.

E como tal universo (derivados) pode ser inadvertidamente apontado pelos mais incautos como estando em contracção depois do susto mundial apanhado nos últimos anos com esse mercado de doidos e para doidos, eis que nos chega a bela estatística de que o investimento de entidades portuguesas em derivados aumentou este ano 54%, num total negociado de 286,8 mil milhões de euros… ATENÇÂO: Este valor é superior ao PIB de Portugal!!!!

Enquanto isso, é-nos parcialmente confirmado o real objectivo por detrás de quase todas as medidas que a Europa tem vindo a tomar para combater a crise das finanças públicas: Uma União Fiscal.
Para os mais incautos, uma união fiscal é o fim da independência de Portugal e de todos os países da Europa. É o início da fundação da União Federal da Europa, onde o voto individual de cada português passará a contar aquilo que o voto dos alemães e franceses desejarem, pois eles valem quase meia Europa.
Dom Afonso Henriques deve mesmo estar a dar voltas na campa, vendo aquilo que com suor e sangue lutou para criar… vendido para que uns quantos iluminados do 1% possam ter uma vida ainda mais desafogada e regada a pobreza dos outros 99%!

Mas mantenham a calma, pois uma uma federação europeia irá inevitavelmente significar mais impostos, principalmente impostos federais que teremos de pagar para que os alemães e franceses levem a vida que mais auguram, enquanto nós mais pobres teremos de ficar, e mais isolados nesta pontinha da Europa Federal.
Estas não são apenas palavras minhas, são também do ex-conselheiro de François Mitterrand Jacques Attali.

E como que em resposta a esta confluência de interesses pouco interessantes para o Zé Povinho português, e digo, até mesmo europeu, Mariano Gago:

“A complacência, a cedência corporativa” (…)
“O que se está a passar é uma canibalização do mercado de trabalho em torno das profissões qualificadas, em que os que estão instalados criam uma fronteira para ninguém mais entrar. Ou melhor, talvez entre o filho de um deles.”

In Sol

Esta é uma boa explicação de uns dos “bananas” que faz parte do agrupamento de “bananas” que pululam na Assembleia da República… uma boa explicação para todas as cedências perante valores que não os valores de Portugal e para Portugal… o interesse corporativo acima do interesse nacional, a imagem do verdadeiro “bananal” que nos (des)governa!

E para fechar este rol de notícias, as quais interliguei de forma a desenhar um cenário que nos é contado aos bochechos e de forma solta pelos nossos (?) meios de comunicação social, a explicação de que os ricos, nas últimas duas décadas e meia, ficaram ainda mais ricos e pagam cada vez menos impostos.
Ficámos a saber que 1% da população mundial tem 43% de toda a riqueza, ou que 8% da população mundial tem 73,3% da riqueza mundial.
Esta é a mais perfeita das imagem da justiça de um sistema que cava um fosso cada vez maior entre os “eles” que são ricos e os outros que irão por acabar por ser quase todos pobres.
Ficamos também a saber que num mundo em que os impostos têm vindo a aumentar para os 99%, os 1 % têm vindo a ter direito a uma diminuição nos impostos que no caso dos Estados Unidos chega a uns fenomenais 20% menos daquilo que pagavam há três décadas.

Conclusão:
FMI, ou o Fundo Mundial de Injustiças, apoiado pela EU abotoam as suas ânsias de ganância à custa dos Estados que entraram de cabeça neste sistema mundial de despesismo em prol da dívida para com uns quantos iluminados, primordialmente da banca… FMI e EU que fazem contas de modo que elas dêem sempre errado para o lado do pagador de forma a ter de pagar ainda mais… um mundo em que Portugal será a próxima vitima dos mesmos sanguinários insanos… Portugal que já gastou hoje grande parte dos seus recursos futuros de modo a manter a forma de vida de muito poucos… uns “bananas” que por vezes abrem bem o pio e piam desalmadamente dizendo as verdades que a tanto custo tentam esconder… num mundo para muito poucos que se alimentam das desgraças de muitíssimos mais que do mundo têm apenas direito à subserviência social e económica, porque 1% guarda, tipo cãozinho, todos os ossos que apanha…
Viva a justiça social e económica! Viva a demo-cracia! Viva o 1% que há-de ficar a viver sozinho neste mundo! Viva!

Notícia do Earth Times – IMF: Ireland will miss 2015 deficit goal, risks it can’t repay loan
Notícia do Jornal de Negócios – FMI diz que Irlanda poderá precisar de mais cortes na despesa para atingir metas orçamentais
Notícia da Reuters – IMF disbursing 2.5 billion euros more to Greece
Notícia do The Guardian – Greece can only recover if its debt is restructured, say economists
Notícia do Jornal I – FMI. Portugal é o mais exposto à Irlanda. De propósito.
Notícia do Diário Económico – Portugueses investem cada vez mais em derivados
Notícia do Jornal I – Europa. França e Alemanha querem a união fiscal. Vai ser o debate de 2011
Notícia do Diário Económico – UE precisa de Obrigações europeias e imposto federal
Notícia do Sol – Mariano Gago critica parlamento
Notícia do Diário Económico – Só precisa de 447 mil euros para entrar no clube dos mais ricos
Notícia do The Atlantic – Has There Ever Been a Better Time to Be Rich?

À Razão da Ração Para os Pobres

Cimeira de Cancún sobre o aquecimento global: cientistas pedem racionamento nos países desenvolvidos. Citigroup diz que Portugal está insolvente. Krugman: Portugal, Grécia e Irlanda são aperitivos, Espanha o prato principal. González: Bruxelas poderá ter de enfrentar novo resgate no espaço de dois meses. Bancos espanhóis têm de refinanciar 85 mil milhões em 2011. Banco Central Europeu pressionou a Irlanda e agora está a fazer o mesmo a Portugal.

Por muito que queira, não consigo deixar de ficar abismado com muitas das coisas que as consideradas mentes mais pródigas da nossa sociedade conseguem desenvolver. Também se pode analisar esse «mentes mais pródigas» e chegar à conclusão que mais parecem robôs a debitar texto que prodígios do pensamento… (assunto que ficará para outro dia)
Então em Cancún, debaixo dos coqueiros junto à praia, as mentes brilhantes que tentam encontrar uma solução para o aquecimento global do planeta – mesmo que hoje por aqui faça um frio de rachar -, chegaram à monumentalmente brilhante conclusão de que a melhor solução é usar o sistema de racionamento de bens utilizado aquando da 2ª Guerra Mundial.
Esperem lá!
Colocamos todo o mundo desenvolvido a senhas de alimentação?
Mas que raio, o Homem do mundo desenvolvido é o problema? A solução? Fazê-lo passar fome?
Hmmm…
Que tal direccionarem a vossa atenção (mentes brilhantes) para o sistema mundial de produção de bens?
Que tal voltar a impulsionar a agricultura local e a combater o despesismo de gasto de energia do sistema actual?
Não?
Que tal limitar o tamanho das multinacionais que devastam o planeta em busca de lucros fáceis?
Não?
Que tal “obrigar” as multinacionais a construir bens duradouros que não avariem no espaço de um ano – método usado para impulsionar o comércio mundial-?
Não?
Proibir o uso de carvão para gerar energia?
Não?
Portanto a solução encontrada para reduzir as emissões de dióxido de carbono é colocar os Zé Povinhos do mundo ocidental a penar fome… Pessoalmente não conseguia pensar em coisa mais estúpida, quase irracional, quando comparado com as verdadeiras causas para o aquecimento global… quer dizer… lá bem no fundo na mente deles talvez esteja que a solução ideal seja proibir que os Zé Povinhos do mundo ocidental respirem, e assim deixem de emitir dióxido de carbono… talvez… enfim…
Este é mesmo um mundo muito estranho quando visto pelos olhos das altas esferas da nossa sociedade…

Ah! Talvez a solução esteja na actual crise! Talvez o mundo seja salvo com o colapso das sociedades ocidentais!
Portugal vai ajudar nisso!
O Citigroup afirma hoje que Portugal está insolvente.
Hello! Está aí alguém? Portugal está insolvente faz anos!
O problema não é de hoje, não é dos mercados é da Europa, como afirma o nosso elefante branco Mário Soares. Se o problema é da Europa, então podemos dizer que entrámos em insolvência quando adoptámos o euro como nossa moeda e perdemos o destino e o controlo da nossa economia.
Isto não é de hoje, e só não viu quem preferiu acreditar que a Cinderela é real.
Mas como em quase tudo que assistimos nas nossas altas esferas… Qual é o problema? O euro! A solução? Não sair do euro… hmmm… ilógico não é? Resolver os problemas nunca atacando a causa dos problemas… a verdadeira arte de inventar soluções…

Aqui entra Paul Krugman, um aluno e seguidor brilhante da Escola keynesiana, que é a linha condutora do sistema económico-financeiro que (des)governa as nossas vidas.
Então Krugman afirma que Portugal, a Irlanda e a Grécia são aperitivos do prato principal que é a Espanha.
Então como aperitivos que somos temos de ser consumidos antes da Espanha de forma a não causarmos uma indigestão aos “casineiros”.
E porque está a Espanha a ser aventada como o prato principal na ementa dos “casineiros”?

“Porque está Espanha com um problema tão grande? Numa palavra, é o euro”

In Jornal de Negócios
Ah é o euro, a Europa… hmmm… vindo de um defensor intransigente das teorias keynesianas posso afirmar que o que ele diz vai contra tudo o que ele defende… Ai, como é tão usual estas mentes serem tão incongruentes… solução?

(…)”baixar os salários no sector privado e reduzir os preços”(…)

In Jornal de Negócios
Digo: Deixem de respirar e todos os problemas serão resolvidos!

E logo a seguir ao Krugman, aparece uma personagem que andava meio adormecida… Felipe González, antigo Primeiro-Ministro espanhol que nos diz:

(…)”a UE poderá, em dois meses, enfrentar uma situação idêntica há que já viveu com a Irlanda e com a Grécia.”
(…)”dentro de dois meses, Janeiro ou Fevereiro, a Europa voltará a viver a mesma sensação de emergência”

In Diário Económico
Estará a falar de Portugal ou de Espanha? Sinceramente tenho as minhas dúvidas…

Para corroborar as minhas dúvidas, nada melhor que sabermos que a banca do nosso país vizinho irá necessitar de angariar 85 mil milhões de euros de forma a cobrir os empréstimos que ganham maturidade no próximo ano.
Pegamos nesses 85 mil milhões e juntamos os juros e os outros milhões que necessitarão para manter a liquidez do sistema e… entretenham-se a fazer contas… digo apenas que são muitos mais milhões do que os aventados nessa notícia.
E 2011 até é um ano “pacífico” para a banca espanhola quando comparado com 2012, onde terá de refinanciar 30% de toda a dívida dos bancos… 30%…
Um pouco de especulação: 200 mil milhões? 500 mil milhões? 1 Bilião?

Seguindo com o Ministro irlandês da Justiça que diz:

“Claramente, houve pessoas de fora deste país que tentaram forçar-nos, a nós Estado soberano, a fazer o pedido [de ajuda financeira], fazendo de nós uns perdedores mesmo antes de termos sequer considerado essa hipótese enquanto governo” (…)
E se repararem, neste momento eles estão a fazer o mesmo com Portugal”

In Jornal de Negócios

Hmmm… estará o Banco Central Europeu desejoso que Portugal caia? Estará o Banco Central Europeu desejo de chegar até ao prato principal?
Esta perguntas são mais que válidas porque nem o resgate da Grécia e muito menos o resgate da Irlanda acalmaram os mercados, antes pelo contrário.
Qual o interesse do Banco Central Europeu no colapso destas economias?
Existe para ajudar ou para destruir?
Será a destruição o seu alimento?
Fazendo o BCE parte do grupo mais poderoso no mundo dos “casineiros”, capitalizará muito mais com a queda do que com a sobrevivência das suas sucursais: Portugal e Espanha.
Nham, nham… papinha…

E “prontos”, dei uma volta para chegar ao início, e agora poder escrever que as mentes pródigas da nossa sociedade andam a desenvolver solução para combater o aquecimento global, quando essas soluções já estão a ser aplicadas por uma Europa do euro que se está a alimentar das suas sucursais. O futuro da vida dos Zé Povinhos nessas sucursais do BCE, Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha e mais uns quantos países, poderá vir a ser vivida à base de senhas de racionamento, não por falta de bens, mas porque os párias que são os pobres só se conseguirão alimentar com as senhas fornecidas pelas sucursais do BCE, ou seja, iremos viver à razão da ração para os pobres.

Notícia do The Telegraph – Cancun climate change summit: scientists call for rationing in developed world
Notícia do Diário Económico – Citigroup diz que Portugal está “insolvente”
Notícia do Diário Económico – “A União Europeia é o problema”
Notícia do Jornal de Negócios – Krugman: Grécia, Irlanda e Portugal são Tapas; Espanha o prato principal
Notícia do Diário Económico – Bruxelas poderá enfrentar novo resgate em “dois meses”
Notícia do Jornal de Negócios – Bancos espanhóis têm que refinanciar 85 mil milhões de euros em 2011
Notícia do Jornal de Negócios – BCE pressionou Irlanda e está agora a fazer o mesmo a Portugal

A Máquina Infernal

Portugal é o próximo cliente da máquina infernal da UEE. Mercados dizem que o salvamento da Irlanda foi um falhanço, devido à falta de transparência. Clube da bancarrota: Irlanda sobe ao 3º lugar. Mercados prevêem recurso de Portugal à ajuda internacional. Portugal e Irlanda são casos muito diferentes.

E aí vamos nós no 3º acto da novela: “gasto aquilo que não tenho e peço emprestado aquilo que não posso pagar”.
Depois do Lehmans e da Grécia, temos um terceiro acto totalmente preenchido com a Irlanda.
Irá ser o 4º acto dedicado a Portugal?
Aquando da queda da Grécia, a maioria dos analistas apontava Portugal como sendo a estrela para o 3º acto da peça, e conseguimos que a Irlanda nos roubasse o papel principal.
Conseguiremos que Espanha ou Itália, ou mesmo os Estados Unidos (dólar) nos roubem o protagonismo antecipado pela esmagadora maioria dos analistas?
Irá a Espanha ser consumida pela sua bolha imobiliária ou pela sua monumental dívida das regiões?
Irá a Itália, que tem passado quase despercebida, cair porque as suas contas e corrupção são uma imagem fidedigna da Grécia mas em escala incomparavelmente superior?
Os próximos seis meses o dirão…

Por enquanto, enquanto os nossos meios de comunicação para as massas continuam a fingir (na maioria das situações) fazer jornalismo “à séria”, temos de nos contentar com a explicação da nossa real realidade nas palavras de quem cá não está, nem tem responsabilidade cívica para o fazer: Ambrose Evans-Pritchard, a figura de proa da secção de economia do inglês The Telegraph.
Serão os nossos jornalistas assim tão mentalmente manipuláveis?
Até prova em contrário, estão a sê-lo!

Aos números do nosso Portugal:

Antes de lá entrarmos, vou primeiro escrever sobre a retórica que está a ser usada e abusada por quase todos os quadrantes político-bananeiros para descrever a situação de Portugal em relação à Irlanda e à Grécia, ou seja, aquilo que está servir de defesa a Portugal:
Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários (apenas como exemplo de um dos intervenientes que anda a usar a retórica “programada”):

“A «natureza dos problemas» da Irlanda é «muito diferente» da dos problemas portugueses.”

In Sol

Agora sim os números e as palavras de Ambrose Evans-Pritchard:

“Os Portugueses estão confusos – e feridos – que os investidores possam sequer comparar o seu país com a Grécia ou Irlanda. Temo que muito em breve tenham de enfrentar alguns factos muito pouco agradáveis.”
“Enquanto a maioria dos líderes europeus, que encontram conforto no facto da Grécia ser um caso especial porque trapaceou os números, e que a Irlanda é um caso especial porque permitiu que os seus bancos entrassem num frenesim de empréstimos, ainda não reconheceram a verdade mais profunda em que a União Europeia destabilizou insidiosamente grande parte da Europa e aprisionou vários países (quase) inocentes numa depressão.”

In The Telegraph

Estes parágrafos estabelecem o tom para a descrição da nossa real realidade, não apenas aquela realidade (?) que nos anda a ser transmitida aos bochechos pelos nossos malfadados meios de comunicação social.
E assim chegamos ao rol dos números dispostos em sequência:
Défice externo:
2010: 10,3%
2011: 8,8%
2012: 8%
(Dados da OCDE)

Como criar riqueza no país do mundo desenvolvido com o maior défice externo?
Este défice será pago com empréstimos… este valor é o verdadeiro valor da dívida da República, não as contas manipuladas e manipuladoras do défice das contas públicas (também mas não só).
O problema maior é que a torneira dos empréstimos a Portugal pode fechar a qualquer momento… e depois?
Bem… depois…
FMI:

“Quanto mais tempo se mantiver este desequilíbrio, maior será o risco que a correcção seja repentina e angustiante.”

In The Telegraph

E como estamos na fase das comparações dizendo que Portugal é substancialmente diferente da Irlanda e da Grécia, que tal analisar essas diferenças por este prisma:
A Irlanda irá ter um superavit de 0,7% em 2011 e 3,2% em 2012.
Somos realmente diferentes!

Dívida pública:
Dívida da República: 86% do PIB (A oposição no bananal diz ser 122%)
Dívida Privada: 239% do PIB (Em 2008 – A maior no mundo)

As comparações com a Grécia e a Irlanda:
Grécia com 126,8% do PIB (Estado) e Irlanda com 101%… em 2014!
Como no endividamento privado somos reis, e no público andamos lá por perto… sim, as diferenças são realmente significativas para pior

A Banca, o mercado de trabalho e o mercado imobiliário:
A banca portuguesa e o mercado imobiliário são realmente as principais diferenças entre Portugal, Irlanda e Grécia.
A banca portuguesa foi menos “brincalhona” no mercado da especulação, mesmo assim o seu endividamento externo ascende em média a 40% dos seus bens, e se a torneira dos empréstimos fechar…
É-nos dito que a legislação do mercado de trabalho em Portugal é a mais rígida na Europa e que os apoios sociais representam 22% do PIB.
Este é provavelmente o único ponto que discordo em todo o texto do Evans-Pritchard.
Gostava de destacar que a Noruega, que tem um sistema social muito mais pesado para o erário público do que o português, e uma legislação laboral ao nível de Portugal, é a nona classificada no ranking mundial da competitividade. A culpa não é da legislação, é da forma como os impostos não foram e não são canalizados para a economia do Zé Povinho, ainda para mais quando a Noruega é o país do mundo em que a desigualdade entre os quadros superiores e os inferiores é a menor, aproximadamente 1 para cada 4 euros.
O mercado imobiliário é também uma diferença. Em Portugal ainda não estoirou, volto a frisar… AINDA não estoirou. Os indicadores mais recentes começam a apontar para que tal venha a suceder, como a brutal contracção que o sector das obras públicas tem vindo a registar, agravado no último trimestre para uma queda de 16,4% nas novas encomendas!

Depois Pritchard pega numa afirmação do nosso incontornavelmente brilhante Ministro de Estado e das Finanças que disse: “Se Portugal não fizesse parte da UEE o risco de contágio seria menor”, para escrever:

“Senhor, se Portugal não fizesse parte da União Europeia, certamente não estaria nesta situação. O país, no início dos anos de 1990, tinha um superavit na sua balança de transacções. Foi impelido pelas ilusões do não risco da EEU até a uns vermelhos 109% do PIB. Se a sua moeda ainda fosse o escudo, nunca teria conseguido acumular tanta dívida externa, e agora teria a capacidade de reganhar riqueza com uma taxa de câmbio inferior.”

“A origem desta crise vem desde a fatal decisão de entrar para a União Europeia 20 anos mais cedo do que devia. Depois Lisboa falhou com um controlo insuficientemente das políticas fiscais e de endividamento de modo a contrabalançar uma queda nas taxas de juro de 16% para 3%, de forma a conseguir entrar para a UEE – se é que é possível contrabalançar um erro monetário em tal escala.”

Portugal viu a sua competitividade ser destruída pelo «boom», e nunca mais conseguiu recuperar. O país tem desde então vivido num estado de permanente declínio por causa de uma moeda Teutónica que está constantemente a exacerbar os desafios. Perdeu incontáveis indústrias de baixa tecnologia para os rivais chineses e da Europa de Leste mais rápido do que as industrias de alta tecnologia que conseguiu criar.”

Portugal tem, de certa forma, sido uma vítima a EEU, uma casualidade das ideologias, dos bons ideais, e de teorias académicas não comprovadas de laureados com prémios Nobel sobre a eficiência das uniões monetárias.”

In The Telegraph

Pouco mais à a acrescentar que dizer que o que ele escreveu é quase proibido nos nossos meios de comunicação social, tal o silêncio degradante que continuamos a vivenciar, e usou apenas a lógica e contas de somar… 1+1=2… nada que necessite de um curso ou saber de predestinado para ser desenvolvido… fez um verdadeiro trabalho de jornalista mais profundo do que os que por cá vivem… no mínimo desprestigiante para a classe que vive em Portugal (digo eu)…

Para o ano que vem:
4% do PIB serão consumidos pelo aperto fiscal e assistiremos a uma contracção da economia em 1,4%. (OCDE)
A dívida total deverá ficar nuns incomensuráveis, inacreditáveis, absurdos 325% do PIB!!!!!!!
Acreditem, isto é mesmo diferente dos casos irlandês e grego, mas para pior!

Agora talvez seja mais fácil de compreender o porquê dos mercados terem pura e simplesmente respondido que o resgate da Irlanda não vale de nada, com o risco da dívida irlandesa a continuar a subir na tabela, assim como o de Portugal e da Espanha.
Agora é certamente mais fácil de compreender que estamos num beco sem saída, que nos próximos seis meses iremos entrar no grupo das soberanias totalmente vendidas e dependentes de terceiros, que o nosso sistema bancário irá ser varrido por essa maré, assim como o nosso mercado imobiliário. Então, nesse dia, talvez as diferenças entre Portugal, Irlanda e Grécia venham a ser apenas: Somados todos os indicadores é Portugal que está em pior situação…
E depois?
Bem, depois…a máquina infernal da União Económica Europeia irá continuar a funcionar tipo monstro aglutinador de tudo e todos…

Notícia do The Telegraph – Portugal next as EMU’s Máquina Infernal keeps ticking
Notícia do Sol – Portugal e Irlanda são casos muito diferentes, diz comissário
Notícia do Sol – Mercados prevêem recurso de Portugal à ajuda internacional
Notícia do The Telegraph – Ireland bail-out: Markets brand rescue package a failure due to lack of detail
Notícia do Expresso – Clube da bancarrota: Irlanda sobe ao 3º lugar
Notícias de Apoio:
Notícia da Bloomberg – Most Competitive Economies 2010
Notícia do Jornal de Negócios – Irlanda compromete-se a reduzir défice para 9,25% em 2011
Notícia do Economia & Negócios – Dívida pública da Grécia atingiu 126,8% do PIB em 2009
Notícia do Público – Joseph Stiglitz põe a hipótese de Portugal ou Espanha falirem
Notícia do IOL – Dívida pública total ficou acima de 108% do PIB em 2009
Notícia do Público – Portugal vai ter o maior défice externo da OCDE no próximo ano

Desunião Europeia

UE e FMI chegam (Hoje) à Irlanda para discutir ajuda à banca. Ajuda à Irlanda poderá atingir os 100 mil milhões. Défice da Grécia de 2009 revisto em alta. Países europeus adiam para Janeiro o pagamento do empréstimo à Grécia. Crise da zona euro ameaça a União Europeia. Inflação na zona euro atinge máximo de dois anos. Inflação acelera em Inglaterra. China admite controlar os preços para combater a inflação.

Acho que já todos estão cientes dos problemas que assolam a Irlanda, mas hoje saiu uma parangona num jornal em Portugal que me deixou verdadeiramente surpreendido, não pela sua mensagem, mas por ela descrever na sua essência o tipo de salvamento que irá ser conduzido na Irlanda:

UE e FMI aterram amanhã na Irlanda para discutir ajuda à banca .

In Público

Ah!!! Até que enfim a verdadeira essência das medidas são expostas ao público sem usarem rodriguinhos e inversões na matéria!
Agora sim podem ver\ler quais são as preocupações da União Europeia e do FMI com a Irlanda: AJUDA À BANCA!
Pergunto:
Então e o Estado irlandês que está endividado até ao pescoço?
Que ajudas terá direito?
Hmmm????

Os ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo) e o FMI já admitiram a possibilidade de ajudar o sector bancário irlandês e o Governo aceitou, ontem à noite, iniciar negociações para preparar um potencial plano de apoio à banca irlandesa, de modo a garantir que este possa ser rapidamente accionado se for necessário.

In Público

Concluindo: É mais importante para a UE, para o FMI e para os políticos “bananas” locais salvar os bancos que estão a levar o país à ruína do que salvar verdadeiramente o país.
Estes são realmente os sinais dos nossos tempos… sem vergonha e à descarada, e na maioria das vezes com a anuência e complacência de um Zé Povinho adormecido, dormente e num estado de ignorância desejada.

Ficamos também a saber que essa ajuda poderá ascender aos 100 mil milhões de euros! PARA A BANCA!
Como também é facto recorrente os números inicialmente aventados virem a ser significativamente superiores, vou especular dizendo que o caso deverá ir parar perto dos 150 a 170 mil milhões de euros para salvar a BANCA…

Continuando a especular, o défice da Grécia de 2009 foi revisto em alta.
Pois, não, não é especulação, é mesmo uma realidade da realidade de faz de conta das instituições bananeiras que (des)governam o nosso mundo.

O défice público da Grécia em 2009 foi revisto oficialmente em alta para 15,4 por cento do seu PIB, quando antes estava em 13,6 por cento.

In Público

Fazem ideia do que está descrito nesta notícia?
Dois porcento de diferença entre os números avançados inicialmente e que serviram de base de negociação da dívida grega e os números divulgados ontem?!?!?
Desculpem… ou não sabem fazer contas, ou então foi uma vez mais manipulação de forma a apresentar números menos maus e menos embaraçosos. MAIS 2% DO PIB!!!!

Quem não achou graça nenhuma a estes números foi o governo austríaco que disse:

(…)a Grécia não cumpriu as condições para receber essa ajuda, tendo ficado aquém, nomeadamente, no seu esforço para combater a evasão fiscal.

In Público

Pergunto:
Como não iriam ficar aquém se as contas do défice estavam aquém? 1+1=2!

O governo grego respondeu ao adiar do envio do dinheirinho:

(…)“um ajuste técnico”, por causa do Natal e do Ano Novo, que “não criará qualquer problema ao país”.

In Público

Enquanto isso, nós por cá somos como a sardinha dentro da lata; até que alguém nos abra, nunca iremos saber a profundidade da verdade da nossa realidade: se somos banhados a óleo vegetal ou a água salgada. Pessoalmente suponho que na nossa lata esteja descrito óleo vegetal mas que na realidade já só haja dinheiro para a água salgada.

E enquanto os Zé Povinhos se vão entretendo a ver o que se passa na Irlanda, na Grécia e em Portugal, algo muito mais sério e grave começa a ganhar momento: Inflação.

A inflação na Zona Euro, em Inglaterra e na China (sem falar nos EU, no Brasil, Na Índia, etc… um pouco por todo o mundo) começa a ganhar contornos da realidade prevista e quase inevitável, desenhada e programada desde o lançamento para a economia mundial dos biliões de euros, de dólares e de ienes em formato de pacotes de estímulo. A estes temos agora de juntar mais 600 mil milhões de dólares do novo pacote de estímulo à economia americana e os milhares de milhões de euros que estão a ser injectados na Grécia, que irão ser injectados na Irlanda e que inevitavelmente terão de ser injectados em Portugal, em Espanha e em Itália – exactamente por esta ordem. A bem dizer, até lá talvez aconteça o que Herman van Rompuy disse ontem temer:

“Temos de trabalhar todos em conjunto de forma a conseguirmos manter a Zona Euro viva, porque se não conseguirmos manter a Zona Euro viva também a União Europeia morrerá.”

In Aljazeera

Vindo de uma das vozes mais silenciosas da União Europeia, tem realmente uma conotação verdadeiramente intensa.
Intenso é também o facto de estas mesmas afirmações terem passado um pouco despercebidas dos meios de informação ocidentais, porque será?

Voltando à inflação… se estão preocupados com os aumentos dos impostos, comecem mas é a preparar-se que os aumentos poderão vir a demonstrar ser quase insignificantes perante o escalar da inflação e o consequente aumento do preço generalizado dos bens e das hipotecas em dívida à banca.
É inevitável que todos os biliões de nova moeda criada de forma a relançar as economias mundiais cheguem mais cedo, ou mais tarde, à economia real. Os sinais que começam a emergir, um pouco por todo o mundo, é o do escalar da inflação, sinal de que está correcta a afirmação que por norma o dinheiro criado pelos bancos centrais costuma demorar dois a três anos até chegar à economia real… Ora, se fizermos as contas… 2008, pacotes de estímulo… 2010, começa a aumentar a inflação… 1+1=2
E para os mais incautos… Não, não é o preço dos bens que está a ficar mais dispendioso, – de há dois anos a esta parte o consumo tem estado em constante regressão, assim como o preço do petróleo -, é o dinheiro – moeda FIAT – que está a perder valo  devido aos biliões injectados nos últimos anos nos mercados para salvar (?) a banca.
Pensem só nisto:
Caso o consumo não tivesse entrado em retracção nestes dois últimos anos, por onde acham que andaria a inflação? Nos 2,8%? Nos 5%?
Pessoalmente acho que para o ano talvez venhamos a enfrentar taxas de inflação mensal entre os 7% e os 10%.
Para quem não consiga visualizar o que acabei de escrever, vou tentar explicar a gravidade e profundidade do que acabei de escrever:
O João ganha 500 euros por mês e gasta 200 euros em alimentos, 100 euros em gasolina e 200 euros com o seu bem estar. (Janeiro)
Em Dezembro, a uma taxa de inflação de 10% ao mês: serão necessários 440 euros para comprar os mesmos alimentos que em Janeiro e 220 para a mesma quantidade de gasolina…
Ok… estou a ser pessimista… então façam a mesma conta a 5% ao mês… e quem pensar que irá receber um aumento que venha compensar a perca de poder de compra causada pela inflação… pois bem, que pense…

Notícia do Público – UE e FMI aterram amanhã na Irlanda para discutir ajuda à banca
Notícia do Público – Ajuda à Irlanda poderá atingir os 100 mil milhões de euros
Notícia do Público – Défice da Grécia em 2009 revisto em alta para 15,4 por cento do PIB
Notícia do Público – Áustria ameaça novas ajudas à Grécia
Notícia do Público – Países europeus adiam para Janeiro pagamento de empréstimo à Grécia
Notícia da Aljazeera – Eurozone crisis ‘threatens EU’
Notícia do The Wall Street Journal – Euro-Zone Inflation Hits Two-Year High
Notícia do The Wall Street Journal – U.K. Inflation Accelerates
Notícia do Dinheiro Digital – China admite controlar preços para combater inflação

A Esquina

Juros da dívida Pública chegaram hoje aos 6,4%. Banqueiros, empresários e economistas já vêem o FMI em Portugal. É cada vez mais inevitável a entrada do FMI em Portugal. Euro em queda pressionado por dívida de Portugal e da Irlanda. Sócrates vais defender a dívida portuguesa nas Nações Unidas. FMI acredita que Portugal vai conseguir reduzir o défice. Confiança na banca nacional acima da média mundial.

Na continuação da saga da dívida portuguesa – Próximo do Fim das Ilusões e À Beirinha do Beiral -, hoje é novamente um dia em que os sinais negativos são mais que muitos…

Juros da dívida pública portuguesa a dez anos chegaram aos 6,4%.
Para quem anda distraído, na sexta-feira passada estavam a 5,973%. Não me recordo de um salto tão brusco de um dia para o outro no juro da dívida portuguesa, quase meio ponto percentual.
Quem estiver a pensar “foi apenas quase 0,5%“, é melhor relembrar que foi quase 0,5% em apenas um dia de mercado – os mercados encerram ao fim de semana. Agora pensem que todos os dias, num espaço de um mês, acontecia o mesmo. Até onde acham que iriam parar os juros de Portugal?
30X0,5%= 15% num mês… desta forma talvez se consiga perceber melhor o violento salto na taxa de juro…

E sabem qual poderá ser o ponto final, ou de viragem, ou de continuação do Estado?
O Orçamento de Estado…
Se o orçamento for brando demais os mercados irão castigar Portugal porque dificilmente irá conseguir atingir as metas estabelecidas para o défice…
Se for agressivo demais, os mercados irão castigar Portugal porque o Orçamento poderá colocar em causa a taxa de crescimento (receitas)…
Ou seja, ou o Orçamento é o orçamento mais perfeito alguma vez feito em Portugal de forma a que os mercados consigam achar que irá reduzir o défice e ao mesmo tempo estimular a economia, ou então talvez seja melhor emigrar para a Grécia porque pelo menos eles por lá já se estão a habituar às dores impostas pelo FMI e pela União Europeia…

E depois, banqueiros, economistas, empresários e Bagão Félix são as vozes que hoje se juntam ao cada vez maior coro que afirma que a entrada do FMI em Portugal é facto incontornável…
Como os juros de Portugal acabaram de ultrapassar a barreira psicológica dos 6%, mais concretamente 6,4%, a comparação com a Grécia é inevitável…
Um mês depois da Grécia passar a barreira psicológica dos 6% viu-se forçada a pedir ajuda à União europeia e ao FMI…
Penso que talvez desta vez dê para ir até aos 7%, até os mercados fecharem a torneira, mas mesmo isso parece facto palpável mesmo antes do fecho desta semana, por isso…

Bagão Félix diz que o primeiro-ministro é como o Rei Midas: todas as estatísticas em que toca “transforma o mau em bom”.

In Jornal de Negócios

Apenas o Primeiro- Ministro meus senhores? Quase todos os meios de informação em Portugal mais parecem a revista Maria com historinhas de “cra-cra-cra” e a informação realmente importante para o futuro mais próximo do Zé Povinho fica entrecortada entre estatísticas positivas – muitas por consubstanciar -, ou é colocada como uma disputa política entre os “bananas”, o que faz com que a verdadeira informação perca profundidade e relevo junto da opinião pública… ou seja, fazem o Zé Povinho mudar de canal ou ler a notícia em que um carro capotou por causa de uma borboleta e feriu dois coelhinhos que iam a passar junto à berma… realmente factos muito importantes…

E em semana de aprovação do Orçamento de Estado, nada melhor que saber que o nosso Primeiro-Ministro vai até às Nações Unidas tentar acalmar os mercados…
Será apenas uma coincidência temporal? Será que também as Nações Unidos terão de dar luz verde ao Orçamento de Estado antes deste ser levado a contas à Assembleia da República?
Uma coisa é certa, já são vezes e vozes a mais a debater o Orçamento de Estado de um país que se diz independente…

E para ajudar ao ramalhete, os mercados internacionais já estão a associar a dívida de Portugal à baixa do valor do euro.
O euro estava a valorizar-se até… os mercados tomarem noção do aumento dos juros para as dívidas públicas portuguesa e irlandesa…

E gostava de fechar este artigo com as notícias que os nossos meios de comunicação adoram dar lugar de parangona, para (digo eu) ir distraindo a mente do Zé de coisas mais sérias:

– FMI diz que está totalmente confiante que Portugal irá cumprir com a redução do défice e que não prevê a sua entrada em Portugal.

Antes eles confiantes que nós, mas a mim parece-me apenas um chupa-chupa para os mercados chuparem, de modo a tentar acalmar um pouquinho as ondas que se começam a levantar… Os próximos tempos nos dirão qual o nível de confiança do FMI…

– Os bancos portugueses têm reputação acima da média mundial.

Quando começamos a “descascar” esta informação compreendemos que os três maiores bancos privados nacionais estão todos abaixo da média mundial em termos de confiança, apenas a média altíssima da CGD faz com que a média nacional seja boa… e como foram usados apenas quatro bancos portugueses…
Nem sei se será melhor rir ou chorar… de neura jornalística…
Esta é uma daquelas notícias que é só título e que depois de sumo tem quase só inflexões ao título usado…
Esta notícia que está a fazer parangona hoje é uma verdadeira obra prima de como não fazer bom jornalismo. Ora vejamos:
CGD – 72,09
BCP – 59,42
BPI – 57,87
BES – 57,15
(Média mundial – 61,07)
Também questiono a posição relativa dos bancos nessa tabela pois acho que o BCP está excepcionalmente bem cotado quando comparado com quase todos os indicadores económicos que o castigam… mas… também quem sou eu para questionar tal coisa, não é verdade?

Este foi mais um passeio sobre a realidade e irrealidade do dia a dia de um país chamado Portugal que se diz independente, mas que cada vez mais está dependente da vontade de terceiros…

Notícia do Expresso – Juros da dívida pública fixam novo máximo histórico: 6,40%
Notícia do Público – Preparação do próximo Orçamento do Estado vai estar na mira dos mercados financeiros
Notícia do Jornal de Negócios – Empresários, banqueiros e economistas já vêem FMI na Portela
Notícia do Diário Económico – “É cada vez mais inevitável a entrada do FMI em Portugal”
Notícia do Diário Económico – Sócrates vai defender dívida portuguesa em Nova Iorque
Notícia do Jornal de Negócios – Euro em queda pressionado por dívida da Irlanda e Portugal
Notícia do OJE – FMI convicto de que Portugal vai reduzir défice para 3% em 2013
Notícia do Destak – Bancos portugueses têm níveis de reputação acima da média mundial

Na Corda Bamba com o Euro

52% dos portugueses acham que o euro é prejudicial para a economia. Portugal sobe para o 7º lugar do clube da bancarrota. Portugal coloca 750 milhões em bilhetes do tesouro no mercado com a taxa de juro mais elevada já registada e com uma procura abaixo do estimado. Fernando Ulrich diz que o mercado já não dá o benefício da dúvida a Portugal. Commerzbank diz que a tensão está a aumentar para Portugal. Ministra da Cultura admite o colapso eminente do Estado Social. Berlim critica a política económica portuguesa.

Hoje está a ser um dia carregado de fortes abanões a Portugal.

Fiquei surpreendido com a percentagem de portugueses que “não gosta” do euro – 52%… o problema é que talvez poucos saibam qual a verdadeira razão do euro ser prejudicial para uma economia como a portuguesa… suponho que o euro esteja apenas a servir de fácil bode expiatório para os problemas que estamos a enfrentar.
De forma sucinta vou tentar explicar o porquê de ser danosa a sua utilização como moeda:

– O Euro é uma moeda FIAT, não representa valor, representa apenas dívida, ou seja, não é sustentado por mais nada a não ser por dívida emitida pelos Estados, não dá para resgatar o seu valor em, por exemplo, ouro ou prata, o que acontecia, por exemplo, com o Escudo, que tinha determinado valor em ouro que podia ser resgatado num banco.

– O Euro não é o culpado, a culpa está no facto de ser uma moeda FIAT que usa a riqueza do futuro (dívida) como valor facial. Ao invés o Escudo usava a riqueza gerada como seu valor facial.

– Todas as moedas FIAT tornam obrigatório o crescimento eterno da economia de forma a que o seu valor se mantenha sustentável… Acho que todos sabemos que  prever o futuro é uma acção que acarreta imensas variáveis que são quase impossíveis de contabilizar… por isso..
Que futuro tem o Euro FIAT? Aquilo que o futuro…

(Não fiquem preocupados caso não tenham conseguido entender o significado dos parágrafos que destaquei acima… se tudo correr bem o restante deste texto ajudará a clarificar algumas questões…)

Avançando mais um pouco, Portugal saltou para o 7º lugar da tabela dos países que provavelmente não irão conseguir cumprir com o pagamento da sua dívida.
Costumamos dizer que apenas no futebol Portugal consegue competir com os melhores, mas gostava de relembrar que na classificação do futebol mundial Portugal está em 8º lugar… portanto, podemos dizer que o sector mais representativo da imagem de Portugal lá fora é o da dívida de Estado…

Hoje, Portugal vendeu 750 milhões de euros de dívida – criou mais 750 milhões de euros, pois é desta forma que o dinheiro FIAT é criado – a uma taxa de juro que bateu todos os recordes… para além disso, a procura baixou significativamente…
Assim se continua a alimentar este circulo vicioso de mais moeda em circulação – desvalorização/inflação da moeda corrente – e mais dívida para pagar, o que por inerência leva a que seja necessário vender ainda mais bilhetes do tesouro – venda de dívida -, mais dinheiro seja criado e mais dívida gerada…
Onde irá isto parar?
Isto é um sistema exponencial, e o que acontece em todos os sistemas exponenciais é que a partir de determinado momento o mesmo torna-se imparável… mais dinheiro, mais dívida, mais dinheiro, mais dívida, mais dinheiro, mais dívida… cada vez mais rápido e de forma mais intensa…

Fernando Ulrich, Presidente do BPI, anui afirmativamente em relação a isto que escrevi acima… claro que aponta outras causas, mas que na sua essência são causas directas daquilo que escrevi…
Portanto, se as vacas sagradas do sistema começam a temer por ele…

Juntamente com ele, o Commerzbank da Alemanha afirma que a tensão está a aumentar sobre Portugal.
Isto poderá ser o sinal de que o sistema exponencial já esteja a passar o ponto em que depois se tornará imparável… e por conseguinte, insustentável…

A Ministra da Cultura diz que o Estado Social está em risco. em colapso eminente.
Respondido… o ponto sem retorno já poderá ter mesmo sido significativamente ultrapassado…
Estas são palavras do centro das vacas sagradas das políticas, que são quem dá luz verde à criação de mais dinheiro (dívida) e gere a dívida…

“Os défices públicos estão a obrigar a repensar o financiamento [do actual modelo]. “O Estado social está ameaçado”

In Diário Económico

Uma vez mais 2+2=4… ou seja… se o Estado precisa de cada vez mais dinheiro apenas para saldar os juros da dívida contraída é inevitável que o excedente seja cada vez menor de forma a conseguir realizar as acções básicas de um Estado democrático… não existe nada mais simples do que esta conclusão…
Este é mais um sinal da aceleração exponencial dos sistemas de moedas FIAT…

Berlim, já ciente que Portugal está a ultrapassar as barreiras físicas do sistema exponencial vem a terreiro dizer que não basta reduzir o défice, a economia tem de crescer.
Um sistema de moeda FIAT obriga que o crescimento da economia – receita – seja sempre superior ao da criação de dívida, sob pena da dívida entrar em espiral incontrolável… mas… mesmo que a economia continue a crescer eternamente, o constante avolumar da dívida exigida para manter o sistema de moeda FIAT em acção leva a que cada vez maior taxas de crescimento sejam necessárias de forma a que o motor continue a carburar… até… gripar… pois chega a uma altura em que o nível de crescimento terá de ser absurdamente elevado de forma a manter o sistema equilibrado…

Concluindo:
O Euro é uma moeda FIAT e como tal é geradora de dívida exponencial.
Portugal poderá ser a próxima Grécia, mas todos os países que usam moedas FIAT são Grécias em potência, pois todos os sintomas e maleitas são iguais para todos.
As moedas FIAT têm apenas 27 anos de existência… é uma experiência recente nunca antes tentada na história da sociedade humana. Todas as moedas que precederam as moedas FIAT foram moedas que tinham um valor intrínseco, ou seja, eram resgatáveis em algo de valor, como ouro ou prata…
Agora resgatamos o quê?
A dívida?
Mas alguém quer trocar o seu numerário por dívida?

Soluções?
Trocar de sistema… largar o sistema de moedas FIAT que alimenta apenas as grandes instituições bancárias que cunham a moeda e que colocam à sua mercê todos os cantos e recantos da sociedade…
As instituições bancárias são as soberanas do nosso mundo, tudo o resto são vassalos de um sistema perpétuo de dívida… um sistema onde todo o dinheiro que é criado volta para os seus criadores de forma a saldar o juros gerados pela criação do dinheiro… sistema exponencial…

Não basta apenas estar contra o Euro, pois isso será apenas o mesmo de estar contra a fome no mundo e não contra o sistema que gera a fome no mundo. O sistema é que é perverso não é o Euro, pois o Euro é só um nome dado a uma moeda e não o âmago do sistema…

P.S: O termo dinheiro FIAT é usado para definir

* toda a forma de dinheiro governamentalmente declarado ser de curso legal.
* dinheiro emitido por um Estado que não é convertível, nem o seu valor é baseado em algo tangível.
* dinheiro sem valor intrínseco.
* Escrito em português para todos – dinheiro que só tem valor porque o Estado decreta que tem, mas nada sustenta o seu valor… e essa é a principal diferença entre o Euro de hoje e o Escudo de ontem…

Notícia do Expresso – Política externa: 52 por cento dos portugueses consideram euro prejudicial para a economia — Estudo da Transatlantic Trends
Notícia do Expresso – Clube da bancarrota: Portugal sobe para 7º lugar
Notícia do Jornal de Negócios – “O mercado já não dá o benefício da dúvida a Portugal”
Notícia do Diário Económico – Commerzbank: “Tensão está a aumentar para Portugal”
Notícia do Diário Económico – Ministra da Cultura admite colapso iminente do Estado Social
Notícia do Diário Económico – Berlim critica política económica portuguesa
Notícia da Agência Financeira – Portugal emite dívida: juros a um ano disparam