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Viva a Demo-Cracia!

FMI: A Irlanda não irá conseguir o objectivo do défice para 2015, existe o risco de não conseguir pagar. FMI desembolsa mais 2,5 mil milhões para a Grécia. Economistas dizem que a Grécia só conseguirá recuperar se a sua dívida for reestruturada. FMI: Portugal é o mais exposto à Irlanda. Portugueses investem cada vez mais em derivados. França e Alemanha querem uma união fiscal. UE precisa de obrigações europeias e imposto federal. Mariano Gago critica parlamento. Só precisa de 447.000 para entrar no clube dos mais ricos. Terá havido outra época melhor para ser rico?

Mais uns dias inundados de futuro, de quais as intenções e perspectivas no passado em relação a esse futuro, e a noção de como é cada vez melhor ser-se rico neste mundo.

Começo com o FMI e a Irlanda.
Um dia passado, vinco – 1 DIA!!!, depois do parlamento irlandês ter aprovado um empréstimo de 22,5 mil milhões de euros por parte do FMI, do qual o FMI nos disse ter passado meses a preparar o cenário de salvamento da Irlanda, e agora vem a terreiro dizer que tais medidas poderão ser insuficientes e que a Irlanda, por volta de 2015, irá necessitar de ainda mais milhões.
Que raio de estudo foi esse do FMI que bastou 1 DIA!!! para se alterar o cenário no qual se baseou o empréstimo?
Será mesmo que o FMI ajuda à salvação, ou a sua mera presença numa economia faz com que os indicadores económicos entrem em vertiginosa queda?

E no mesmo dia em que o FMI diz que o seu estudo para a Irlanda já está datado e ultrapassado, desembolsa mais 2,5 mil milhões para a Grécia. Não são apenas mais 2,5 mil milhões, são  2,5 mil milhões a mais para este ano, de forma que a Grécia não estoire já.
Ou seja, seis meses passados depois do estudo de ajuda à Grécia e já são necessários mais milhares de milhões de euros para corrigir desequilíbrios?
Que raio de estudo foi esse do FMI que bastaram meses para alterar o cenário do empréstimo?
Será mesmo que o FMI ajuda à salvação, ou a sua mera presença numa economia faz com que os indicadores económicos entrem em vertiginosa queda?

Para nos responder às perguntas que dupliquei nos casos irlandês e grego, nada melhor que as palavras dos especialistas (dizem eles ser)… ou seja, nada melhor que as palavras dos auto-denominados especialistas.

“Especialistas dizem que é inevitável o incumprimento por parte da Grécia do empréstimo de 95 mil milhões concedido pelo FMI e pela UE”

Theodore Pelagidis:
“A Grécia faça o que fizer, não será suficiente.”

Empresário que quis manter o anonimato:
“Não é preciso ser-se um Einstein para ver que os números não batem certo. Como iremos pagar a nossa dívida quando está a chegar a 160% do PIB numa economia que está em contracção e não produz nada?”

In The Guardian

Portanto podemos esperar que para o final de 2011 tanto a Grécia como a Irlanda tenham de pedir ainda mais milhares de milhões de ajuda de forma a manter a cabeça à tona.
Portanto, pode ser dito que o pacote de ajuda do FMI-UE não mais é que um rebuçado amargo, que a dívida e a contracção económica nas nações ajudadas é tanta que a salvação começa a ser vista mais sem ajuda do que com ajuda. Eu chamo-lhe a pretensa ajuda que esconde um imenso lucro directo e indirecto. Lucro directo nas taxas de juro que cobram, e lucro indirecto escondido na obrigatoriedade de privatização de muitos dos sectores económicos fundamentais dessas economias para as mãos de privados apoiados pelos dois monstros das bolachas esfomeados – FMI e EU.

Enquanto isso o (mesmo) FMI diz que Portugal é o país mais exposto à dívida soberana irlandesa, em 18,8% do PIB português, ou 33 mil milhões de euros.
Sem dúvida um comentário extraordinariamente oportuno de uma instituição que tem vindo a dizer que Portugal não irá necessitar de ajuda… é mesmo este tipo de informação que acalma os mercados…
Estará o lucro directo e indirecto na queda de mais uma economia acima de qualquer boa intenção que entretanto tenham demonstrado?
Enfim…
Mas por aqui há gato! E com um rabo de fora de um tamanho de levantar pêlo!
É-nos dito que Portugal tem usado a Irlanda como forma da banca beneficiar de impostos mais reduzidos… trocando isto por miúdos… a banca nacional tem usado a Irlanda para fugir aos impostos em território nacional!
A bela cara da graciosidade financeira dos “casineiros”… o despudor com que estas coisas são feitas é algo de bradar aos céus… ora seja, um belo esquema de lavagem de dinheiro, não fosse o mesmo ser perpetrado pela banca…

“A Irlanda, a par do Luxemburgo, é um destino muito procurado pelos bancos nacionais para domiciliarem operações de titularização de créditos, sobretudo obrigações hipotecárias (empréstimos à habitação). Isto significa que, embora os fluxos financeiros passem pela Irlanda, os activos subjacentes são créditos concedidos no mercado nacional. Por outras palavras, estas aplicações estarão expostas a activos portugueses e não irlandeses” (…)
in Jornal I

Simplificando… operações de titularização de créditos, é uma bela sequência de palavras para esconder a palavra proíba do momento: DERIVADOS.
Ou seja, o que a banca nacional, e não só, anda a fazer é a vender as receitas futuras capitalizando-as no presente através de derivados…
Como acham que irão ser os seus dividendos quando tiverem hipotecado todos os seus rendimentos futuros? (Se é que já não o fizeram)
Esta é a lógica inerente e subjacente a este sistema financeiro de doidos: Consumir hoje e esperar que o amanhã traga soluções para não sermos consumidos pela dívida.

E como tal universo (derivados) pode ser inadvertidamente apontado pelos mais incautos como estando em contracção depois do susto mundial apanhado nos últimos anos com esse mercado de doidos e para doidos, eis que nos chega a bela estatística de que o investimento de entidades portuguesas em derivados aumentou este ano 54%, num total negociado de 286,8 mil milhões de euros… ATENÇÂO: Este valor é superior ao PIB de Portugal!!!!

Enquanto isso, é-nos parcialmente confirmado o real objectivo por detrás de quase todas as medidas que a Europa tem vindo a tomar para combater a crise das finanças públicas: Uma União Fiscal.
Para os mais incautos, uma união fiscal é o fim da independência de Portugal e de todos os países da Europa. É o início da fundação da União Federal da Europa, onde o voto individual de cada português passará a contar aquilo que o voto dos alemães e franceses desejarem, pois eles valem quase meia Europa.
Dom Afonso Henriques deve mesmo estar a dar voltas na campa, vendo aquilo que com suor e sangue lutou para criar… vendido para que uns quantos iluminados do 1% possam ter uma vida ainda mais desafogada e regada a pobreza dos outros 99%!

Mas mantenham a calma, pois uma uma federação europeia irá inevitavelmente significar mais impostos, principalmente impostos federais que teremos de pagar para que os alemães e franceses levem a vida que mais auguram, enquanto nós mais pobres teremos de ficar, e mais isolados nesta pontinha da Europa Federal.
Estas não são apenas palavras minhas, são também do ex-conselheiro de François Mitterrand Jacques Attali.

E como que em resposta a esta confluência de interesses pouco interessantes para o Zé Povinho português, e digo, até mesmo europeu, Mariano Gago:

“A complacência, a cedência corporativa” (…)
“O que se está a passar é uma canibalização do mercado de trabalho em torno das profissões qualificadas, em que os que estão instalados criam uma fronteira para ninguém mais entrar. Ou melhor, talvez entre o filho de um deles.”

In Sol

Esta é uma boa explicação de uns dos “bananas” que faz parte do agrupamento de “bananas” que pululam na Assembleia da República… uma boa explicação para todas as cedências perante valores que não os valores de Portugal e para Portugal… o interesse corporativo acima do interesse nacional, a imagem do verdadeiro “bananal” que nos (des)governa!

E para fechar este rol de notícias, as quais interliguei de forma a desenhar um cenário que nos é contado aos bochechos e de forma solta pelos nossos (?) meios de comunicação social, a explicação de que os ricos, nas últimas duas décadas e meia, ficaram ainda mais ricos e pagam cada vez menos impostos.
Ficámos a saber que 1% da população mundial tem 43% de toda a riqueza, ou que 8% da população mundial tem 73,3% da riqueza mundial.
Esta é a mais perfeita das imagem da justiça de um sistema que cava um fosso cada vez maior entre os “eles” que são ricos e os outros que irão por acabar por ser quase todos pobres.
Ficamos também a saber que num mundo em que os impostos têm vindo a aumentar para os 99%, os 1 % têm vindo a ter direito a uma diminuição nos impostos que no caso dos Estados Unidos chega a uns fenomenais 20% menos daquilo que pagavam há três décadas.

Conclusão:
FMI, ou o Fundo Mundial de Injustiças, apoiado pela EU abotoam as suas ânsias de ganância à custa dos Estados que entraram de cabeça neste sistema mundial de despesismo em prol da dívida para com uns quantos iluminados, primordialmente da banca… FMI e EU que fazem contas de modo que elas dêem sempre errado para o lado do pagador de forma a ter de pagar ainda mais… um mundo em que Portugal será a próxima vitima dos mesmos sanguinários insanos… Portugal que já gastou hoje grande parte dos seus recursos futuros de modo a manter a forma de vida de muito poucos… uns “bananas” que por vezes abrem bem o pio e piam desalmadamente dizendo as verdades que a tanto custo tentam esconder… num mundo para muito poucos que se alimentam das desgraças de muitíssimos mais que do mundo têm apenas direito à subserviência social e económica, porque 1% guarda, tipo cãozinho, todos os ossos que apanha…
Viva a justiça social e económica! Viva a demo-cracia! Viva o 1% que há-de ficar a viver sozinho neste mundo! Viva!

Notícia do Earth Times – IMF: Ireland will miss 2015 deficit goal, risks it can’t repay loan
Notícia do Jornal de Negócios – FMI diz que Irlanda poderá precisar de mais cortes na despesa para atingir metas orçamentais
Notícia da Reuters – IMF disbursing 2.5 billion euros more to Greece
Notícia do The Guardian – Greece can only recover if its debt is restructured, say economists
Notícia do Jornal I – FMI. Portugal é o mais exposto à Irlanda. De propósito.
Notícia do Diário Económico – Portugueses investem cada vez mais em derivados
Notícia do Jornal I – Europa. França e Alemanha querem a união fiscal. Vai ser o debate de 2011
Notícia do Diário Económico – UE precisa de Obrigações europeias e imposto federal
Notícia do Sol – Mariano Gago critica parlamento
Notícia do Diário Económico – Só precisa de 447 mil euros para entrar no clube dos mais ricos
Notícia do The Atlantic – Has There Ever Been a Better Time to Be Rich?

A Máquina Infernal

Portugal é o próximo cliente da máquina infernal da UEE. Mercados dizem que o salvamento da Irlanda foi um falhanço, devido à falta de transparência. Clube da bancarrota: Irlanda sobe ao 3º lugar. Mercados prevêem recurso de Portugal à ajuda internacional. Portugal e Irlanda são casos muito diferentes.

E aí vamos nós no 3º acto da novela: “gasto aquilo que não tenho e peço emprestado aquilo que não posso pagar”.
Depois do Lehmans e da Grécia, temos um terceiro acto totalmente preenchido com a Irlanda.
Irá ser o 4º acto dedicado a Portugal?
Aquando da queda da Grécia, a maioria dos analistas apontava Portugal como sendo a estrela para o 3º acto da peça, e conseguimos que a Irlanda nos roubasse o papel principal.
Conseguiremos que Espanha ou Itália, ou mesmo os Estados Unidos (dólar) nos roubem o protagonismo antecipado pela esmagadora maioria dos analistas?
Irá a Espanha ser consumida pela sua bolha imobiliária ou pela sua monumental dívida das regiões?
Irá a Itália, que tem passado quase despercebida, cair porque as suas contas e corrupção são uma imagem fidedigna da Grécia mas em escala incomparavelmente superior?
Os próximos seis meses o dirão…

Por enquanto, enquanto os nossos meios de comunicação para as massas continuam a fingir (na maioria das situações) fazer jornalismo “à séria”, temos de nos contentar com a explicação da nossa real realidade nas palavras de quem cá não está, nem tem responsabilidade cívica para o fazer: Ambrose Evans-Pritchard, a figura de proa da secção de economia do inglês The Telegraph.
Serão os nossos jornalistas assim tão mentalmente manipuláveis?
Até prova em contrário, estão a sê-lo!

Aos números do nosso Portugal:

Antes de lá entrarmos, vou primeiro escrever sobre a retórica que está a ser usada e abusada por quase todos os quadrantes político-bananeiros para descrever a situação de Portugal em relação à Irlanda e à Grécia, ou seja, aquilo que está servir de defesa a Portugal:
Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Monetários (apenas como exemplo de um dos intervenientes que anda a usar a retórica “programada”):

“A «natureza dos problemas» da Irlanda é «muito diferente» da dos problemas portugueses.”

In Sol

Agora sim os números e as palavras de Ambrose Evans-Pritchard:

“Os Portugueses estão confusos – e feridos – que os investidores possam sequer comparar o seu país com a Grécia ou Irlanda. Temo que muito em breve tenham de enfrentar alguns factos muito pouco agradáveis.”
“Enquanto a maioria dos líderes europeus, que encontram conforto no facto da Grécia ser um caso especial porque trapaceou os números, e que a Irlanda é um caso especial porque permitiu que os seus bancos entrassem num frenesim de empréstimos, ainda não reconheceram a verdade mais profunda em que a União Europeia destabilizou insidiosamente grande parte da Europa e aprisionou vários países (quase) inocentes numa depressão.”

In The Telegraph

Estes parágrafos estabelecem o tom para a descrição da nossa real realidade, não apenas aquela realidade (?) que nos anda a ser transmitida aos bochechos pelos nossos malfadados meios de comunicação social.
E assim chegamos ao rol dos números dispostos em sequência:
Défice externo:
2010: 10,3%
2011: 8,8%
2012: 8%
(Dados da OCDE)

Como criar riqueza no país do mundo desenvolvido com o maior défice externo?
Este défice será pago com empréstimos… este valor é o verdadeiro valor da dívida da República, não as contas manipuladas e manipuladoras do défice das contas públicas (também mas não só).
O problema maior é que a torneira dos empréstimos a Portugal pode fechar a qualquer momento… e depois?
Bem… depois…
FMI:

“Quanto mais tempo se mantiver este desequilíbrio, maior será o risco que a correcção seja repentina e angustiante.”

In The Telegraph

E como estamos na fase das comparações dizendo que Portugal é substancialmente diferente da Irlanda e da Grécia, que tal analisar essas diferenças por este prisma:
A Irlanda irá ter um superavit de 0,7% em 2011 e 3,2% em 2012.
Somos realmente diferentes!

Dívida pública:
Dívida da República: 86% do PIB (A oposição no bananal diz ser 122%)
Dívida Privada: 239% do PIB (Em 2008 – A maior no mundo)

As comparações com a Grécia e a Irlanda:
Grécia com 126,8% do PIB (Estado) e Irlanda com 101%… em 2014!
Como no endividamento privado somos reis, e no público andamos lá por perto… sim, as diferenças são realmente significativas para pior

A Banca, o mercado de trabalho e o mercado imobiliário:
A banca portuguesa e o mercado imobiliário são realmente as principais diferenças entre Portugal, Irlanda e Grécia.
A banca portuguesa foi menos “brincalhona” no mercado da especulação, mesmo assim o seu endividamento externo ascende em média a 40% dos seus bens, e se a torneira dos empréstimos fechar…
É-nos dito que a legislação do mercado de trabalho em Portugal é a mais rígida na Europa e que os apoios sociais representam 22% do PIB.
Este é provavelmente o único ponto que discordo em todo o texto do Evans-Pritchard.
Gostava de destacar que a Noruega, que tem um sistema social muito mais pesado para o erário público do que o português, e uma legislação laboral ao nível de Portugal, é a nona classificada no ranking mundial da competitividade. A culpa não é da legislação, é da forma como os impostos não foram e não são canalizados para a economia do Zé Povinho, ainda para mais quando a Noruega é o país do mundo em que a desigualdade entre os quadros superiores e os inferiores é a menor, aproximadamente 1 para cada 4 euros.
O mercado imobiliário é também uma diferença. Em Portugal ainda não estoirou, volto a frisar… AINDA não estoirou. Os indicadores mais recentes começam a apontar para que tal venha a suceder, como a brutal contracção que o sector das obras públicas tem vindo a registar, agravado no último trimestre para uma queda de 16,4% nas novas encomendas!

Depois Pritchard pega numa afirmação do nosso incontornavelmente brilhante Ministro de Estado e das Finanças que disse: “Se Portugal não fizesse parte da UEE o risco de contágio seria menor”, para escrever:

“Senhor, se Portugal não fizesse parte da União Europeia, certamente não estaria nesta situação. O país, no início dos anos de 1990, tinha um superavit na sua balança de transacções. Foi impelido pelas ilusões do não risco da EEU até a uns vermelhos 109% do PIB. Se a sua moeda ainda fosse o escudo, nunca teria conseguido acumular tanta dívida externa, e agora teria a capacidade de reganhar riqueza com uma taxa de câmbio inferior.”

“A origem desta crise vem desde a fatal decisão de entrar para a União Europeia 20 anos mais cedo do que devia. Depois Lisboa falhou com um controlo insuficientemente das políticas fiscais e de endividamento de modo a contrabalançar uma queda nas taxas de juro de 16% para 3%, de forma a conseguir entrar para a UEE – se é que é possível contrabalançar um erro monetário em tal escala.”

Portugal viu a sua competitividade ser destruída pelo «boom», e nunca mais conseguiu recuperar. O país tem desde então vivido num estado de permanente declínio por causa de uma moeda Teutónica que está constantemente a exacerbar os desafios. Perdeu incontáveis indústrias de baixa tecnologia para os rivais chineses e da Europa de Leste mais rápido do que as industrias de alta tecnologia que conseguiu criar.”

Portugal tem, de certa forma, sido uma vítima a EEU, uma casualidade das ideologias, dos bons ideais, e de teorias académicas não comprovadas de laureados com prémios Nobel sobre a eficiência das uniões monetárias.”

In The Telegraph

Pouco mais à a acrescentar que dizer que o que ele escreveu é quase proibido nos nossos meios de comunicação social, tal o silêncio degradante que continuamos a vivenciar, e usou apenas a lógica e contas de somar… 1+1=2… nada que necessite de um curso ou saber de predestinado para ser desenvolvido… fez um verdadeiro trabalho de jornalista mais profundo do que os que por cá vivem… no mínimo desprestigiante para a classe que vive em Portugal (digo eu)…

Para o ano que vem:
4% do PIB serão consumidos pelo aperto fiscal e assistiremos a uma contracção da economia em 1,4%. (OCDE)
A dívida total deverá ficar nuns incomensuráveis, inacreditáveis, absurdos 325% do PIB!!!!!!!
Acreditem, isto é mesmo diferente dos casos irlandês e grego, mas para pior!

Agora talvez seja mais fácil de compreender o porquê dos mercados terem pura e simplesmente respondido que o resgate da Irlanda não vale de nada, com o risco da dívida irlandesa a continuar a subir na tabela, assim como o de Portugal e da Espanha.
Agora é certamente mais fácil de compreender que estamos num beco sem saída, que nos próximos seis meses iremos entrar no grupo das soberanias totalmente vendidas e dependentes de terceiros, que o nosso sistema bancário irá ser varrido por essa maré, assim como o nosso mercado imobiliário. Então, nesse dia, talvez as diferenças entre Portugal, Irlanda e Grécia venham a ser apenas: Somados todos os indicadores é Portugal que está em pior situação…
E depois?
Bem, depois…a máquina infernal da União Económica Europeia irá continuar a funcionar tipo monstro aglutinador de tudo e todos…

Notícia do The Telegraph – Portugal next as EMU’s Máquina Infernal keeps ticking
Notícia do Sol – Portugal e Irlanda são casos muito diferentes, diz comissário
Notícia do Sol – Mercados prevêem recurso de Portugal à ajuda internacional
Notícia do The Telegraph – Ireland bail-out: Markets brand rescue package a failure due to lack of detail
Notícia do Expresso – Clube da bancarrota: Irlanda sobe ao 3º lugar
Notícias de Apoio:
Notícia da Bloomberg – Most Competitive Economies 2010
Notícia do Jornal de Negócios – Irlanda compromete-se a reduzir défice para 9,25% em 2011
Notícia do Economia & Negócios – Dívida pública da Grécia atingiu 126,8% do PIB em 2009
Notícia do Público – Joseph Stiglitz põe a hipótese de Portugal ou Espanha falirem
Notícia do IOL – Dívida pública total ficou acima de 108% do PIB em 2009
Notícia do Público – Portugal vai ter o maior défice externo da OCDE no próximo ano

Desunião Europeia

UE e FMI chegam (Hoje) à Irlanda para discutir ajuda à banca. Ajuda à Irlanda poderá atingir os 100 mil milhões. Défice da Grécia de 2009 revisto em alta. Países europeus adiam para Janeiro o pagamento do empréstimo à Grécia. Crise da zona euro ameaça a União Europeia. Inflação na zona euro atinge máximo de dois anos. Inflação acelera em Inglaterra. China admite controlar os preços para combater a inflação.

Acho que já todos estão cientes dos problemas que assolam a Irlanda, mas hoje saiu uma parangona num jornal em Portugal que me deixou verdadeiramente surpreendido, não pela sua mensagem, mas por ela descrever na sua essência o tipo de salvamento que irá ser conduzido na Irlanda:

UE e FMI aterram amanhã na Irlanda para discutir ajuda à banca .

In Público

Ah!!! Até que enfim a verdadeira essência das medidas são expostas ao público sem usarem rodriguinhos e inversões na matéria!
Agora sim podem ver\ler quais são as preocupações da União Europeia e do FMI com a Irlanda: AJUDA À BANCA!
Pergunto:
Então e o Estado irlandês que está endividado até ao pescoço?
Que ajudas terá direito?
Hmmm????

Os ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo) e o FMI já admitiram a possibilidade de ajudar o sector bancário irlandês e o Governo aceitou, ontem à noite, iniciar negociações para preparar um potencial plano de apoio à banca irlandesa, de modo a garantir que este possa ser rapidamente accionado se for necessário.

In Público

Concluindo: É mais importante para a UE, para o FMI e para os políticos “bananas” locais salvar os bancos que estão a levar o país à ruína do que salvar verdadeiramente o país.
Estes são realmente os sinais dos nossos tempos… sem vergonha e à descarada, e na maioria das vezes com a anuência e complacência de um Zé Povinho adormecido, dormente e num estado de ignorância desejada.

Ficamos também a saber que essa ajuda poderá ascender aos 100 mil milhões de euros! PARA A BANCA!
Como também é facto recorrente os números inicialmente aventados virem a ser significativamente superiores, vou especular dizendo que o caso deverá ir parar perto dos 150 a 170 mil milhões de euros para salvar a BANCA…

Continuando a especular, o défice da Grécia de 2009 foi revisto em alta.
Pois, não, não é especulação, é mesmo uma realidade da realidade de faz de conta das instituições bananeiras que (des)governam o nosso mundo.

O défice público da Grécia em 2009 foi revisto oficialmente em alta para 15,4 por cento do seu PIB, quando antes estava em 13,6 por cento.

In Público

Fazem ideia do que está descrito nesta notícia?
Dois porcento de diferença entre os números avançados inicialmente e que serviram de base de negociação da dívida grega e os números divulgados ontem?!?!?
Desculpem… ou não sabem fazer contas, ou então foi uma vez mais manipulação de forma a apresentar números menos maus e menos embaraçosos. MAIS 2% DO PIB!!!!

Quem não achou graça nenhuma a estes números foi o governo austríaco que disse:

(…)a Grécia não cumpriu as condições para receber essa ajuda, tendo ficado aquém, nomeadamente, no seu esforço para combater a evasão fiscal.

In Público

Pergunto:
Como não iriam ficar aquém se as contas do défice estavam aquém? 1+1=2!

O governo grego respondeu ao adiar do envio do dinheirinho:

(…)“um ajuste técnico”, por causa do Natal e do Ano Novo, que “não criará qualquer problema ao país”.

In Público

Enquanto isso, nós por cá somos como a sardinha dentro da lata; até que alguém nos abra, nunca iremos saber a profundidade da verdade da nossa realidade: se somos banhados a óleo vegetal ou a água salgada. Pessoalmente suponho que na nossa lata esteja descrito óleo vegetal mas que na realidade já só haja dinheiro para a água salgada.

E enquanto os Zé Povinhos se vão entretendo a ver o que se passa na Irlanda, na Grécia e em Portugal, algo muito mais sério e grave começa a ganhar momento: Inflação.

A inflação na Zona Euro, em Inglaterra e na China (sem falar nos EU, no Brasil, Na Índia, etc… um pouco por todo o mundo) começa a ganhar contornos da realidade prevista e quase inevitável, desenhada e programada desde o lançamento para a economia mundial dos biliões de euros, de dólares e de ienes em formato de pacotes de estímulo. A estes temos agora de juntar mais 600 mil milhões de dólares do novo pacote de estímulo à economia americana e os milhares de milhões de euros que estão a ser injectados na Grécia, que irão ser injectados na Irlanda e que inevitavelmente terão de ser injectados em Portugal, em Espanha e em Itália – exactamente por esta ordem. A bem dizer, até lá talvez aconteça o que Herman van Rompuy disse ontem temer:

“Temos de trabalhar todos em conjunto de forma a conseguirmos manter a Zona Euro viva, porque se não conseguirmos manter a Zona Euro viva também a União Europeia morrerá.”

In Aljazeera

Vindo de uma das vozes mais silenciosas da União Europeia, tem realmente uma conotação verdadeiramente intensa.
Intenso é também o facto de estas mesmas afirmações terem passado um pouco despercebidas dos meios de informação ocidentais, porque será?

Voltando à inflação… se estão preocupados com os aumentos dos impostos, comecem mas é a preparar-se que os aumentos poderão vir a demonstrar ser quase insignificantes perante o escalar da inflação e o consequente aumento do preço generalizado dos bens e das hipotecas em dívida à banca.
É inevitável que todos os biliões de nova moeda criada de forma a relançar as economias mundiais cheguem mais cedo, ou mais tarde, à economia real. Os sinais que começam a emergir, um pouco por todo o mundo, é o do escalar da inflação, sinal de que está correcta a afirmação que por norma o dinheiro criado pelos bancos centrais costuma demorar dois a três anos até chegar à economia real… Ora, se fizermos as contas… 2008, pacotes de estímulo… 2010, começa a aumentar a inflação… 1+1=2
E para os mais incautos… Não, não é o preço dos bens que está a ficar mais dispendioso, – de há dois anos a esta parte o consumo tem estado em constante regressão, assim como o preço do petróleo -, é o dinheiro – moeda FIAT – que está a perder valo  devido aos biliões injectados nos últimos anos nos mercados para salvar (?) a banca.
Pensem só nisto:
Caso o consumo não tivesse entrado em retracção nestes dois últimos anos, por onde acham que andaria a inflação? Nos 2,8%? Nos 5%?
Pessoalmente acho que para o ano talvez venhamos a enfrentar taxas de inflação mensal entre os 7% e os 10%.
Para quem não consiga visualizar o que acabei de escrever, vou tentar explicar a gravidade e profundidade do que acabei de escrever:
O João ganha 500 euros por mês e gasta 200 euros em alimentos, 100 euros em gasolina e 200 euros com o seu bem estar. (Janeiro)
Em Dezembro, a uma taxa de inflação de 10% ao mês: serão necessários 440 euros para comprar os mesmos alimentos que em Janeiro e 220 para a mesma quantidade de gasolina…
Ok… estou a ser pessimista… então façam a mesma conta a 5% ao mês… e quem pensar que irá receber um aumento que venha compensar a perca de poder de compra causada pela inflação… pois bem, que pense…

Notícia do Público – UE e FMI aterram amanhã na Irlanda para discutir ajuda à banca
Notícia do Público – Ajuda à Irlanda poderá atingir os 100 mil milhões de euros
Notícia do Público – Défice da Grécia em 2009 revisto em alta para 15,4 por cento do PIB
Notícia do Público – Áustria ameaça novas ajudas à Grécia
Notícia do Público – Países europeus adiam para Janeiro pagamento de empréstimo à Grécia
Notícia da Aljazeera – Eurozone crisis ‘threatens EU’
Notícia do The Wall Street Journal – Euro-Zone Inflation Hits Two-Year High
Notícia do The Wall Street Journal – U.K. Inflation Accelerates
Notícia do Dinheiro Digital – China admite controlar preços para combater inflação

Quo Vadis “Soberania”?

FMI reforça poderes. Angela Merkel aconselha Passos Coelho. Jean-Claude-Trichet aconselha Sócrates. Agências de rating avisam o Governo sobre o défice deste ano.

Se dúvidas houvesse sobre o desgoverno deste executivo e sobre quem manda e opina a respeito da economia e dos destinos deste país, as notícias que têm vindo a sair a conta gotas e meio dissimuladas nos meios de comunicação mostram claramente quem são as vozes de comando.

Numa altura em que o PSD não sabe (ou não quer dizer) se vai aprovar o próximo orçamento de estado e acusa o PS de fazer chantagem perante os portugueses (naquela que eu entendo como uma jogada “rasca” de politiquice em que tenta passar a responsabilidade da não aprovação do documento para a oposição depois da toda a inépcia e atitudes escabrosas demonstradas ao longo dos últimos 2 anos), sabemos que Angela Merkel aconselha os nossos (?) governantes dizendo que “mais vale não ter orçamento do que ter um orçamento mau”, ou, digo eu, um orçamento que não convenha às exportações alemãs e que impeça a entrada de títeres de sangue fresco em São Bento.

Depois temos a UE a dizer “Queremos é que as metas do défice sejam cumpridas. Como isso é feito é com os países”. Interessa é que os países continuem a emitir dívida mas a um nível sustentável, não vá a renda de muitos senhores ficar em risco devido ao incumprimento…

Perante isto, a Standard and Poor’s, uma das três maiores e mais influentes agências de notação do mundo e braço armado do mercado financeiro, vem a terreiro dizer que de nada vale ao governo inventar formas de mascarar o défice de 2010 (com o fundo de pensões da PT), dizendo:

“A transferência do fundo de pensões da Portugal Telecom (PT) para o Estado não será contabilizada no nosso método. Como tal, esperamos que o défice de 2010 se aproxime de 8,8% do PIB, bem abaixo do objectivo de 7,3%”

Ou seja, o défice é remendado à última da hora à custa de obrigações que só se terão de cumprir lá mais para a frente à custa do Zé Povinho e em benefício de uma empresa portuguesa que este ano fez o maior negócio em Portugal e não pagou um único tostão de impostos pela transacção, recorrendo a “engenharia financeira”, vulgo “xico espertismo” ou “vigarice”, e os mercados irão continuar a cobrar-nos juros altíssimos pela compra de dívida nacional.

Jean-Claude Trichet, o governador do Banco Central Europeu, ficou muito aflito com as contas dos Portugueses e com medo que a torneira se fechasse e colocasse os credores em pânico, deslocou-se a Portugal em Junho “para reforçar a importância da disciplina orçamental”.  Afinal de contas, para que foi aquela palhaçada do ministro das finanças na Assembleia da República a perguntar à oposição onde é que ele devia cortar na despesa, se já tinha o trabalho de casa todo feito e as cópias bem transcritas e sem erros para mostrar ao professor?

E para completar o ramalhete, o FMI já se começa a preparar para o que aí vem como quem se prepara para a vindima. Perante a guerra de divisas que se avizinha (e que será certamente abordada em futuros textos aqui na minha mOsca), o FMI movimenta-se para “reforçar o seu papel  na supervisão eficaz da economia mundial”, ou, lido de outra forma, para não perder o controlo assassino e destruidor que exerce sobre as economias dos seus 187 membros, e adaptar-se ao abanão que o tabuleiro financeiro e económico irá sofrer. FMI, recordo, que é uma organização onde só os Estados Unidos têm poder de veto. Tudo muito honesto e democrático, portanto.

Posto isto, pergunto: “Alguém ainda acredita que aqueles que são eleitos pelo povo representam o povo?”

Notícia no Público: FMI dá novos passos para reforçar poderes de supervisão e controlo das economias

Notícia no Sapo Económico: Défice seria de 8,8% sem o fundo de pensões da PT

Notícia na Sábado: Páginas 58 e 60 da edição de 7 a 13 de Outubro

Artigo na minha mOsca: Soberania, BCP e Grécia

Com o Funeral à Porta

Défice da Irlanda atinge os 32%. Juros da dívida de Portugal baixam mais que da Irlanda. Crise irlandesa abana a Europa. A ira dos irlandeses é o sabor da vida depois dos cortes. Políticos islandeses têm de fugir de protestantes irados. Corte nos salários do sector público empresarial é ilegal. Governo altera o código do trabalho para cortar salários.

Hoje vou “fugir” um pouco do cerne do tema do momento, as medidas de austeridade que vão ser aprovadas no orçamento para 2011, e mostrar outro lado da mesma crise, lado esse que anda a ser engolido pelas notícias do que se passa em Portugal.

A Irlanda.
A Irlanda tem sido a companheira de Portugal no que diz respeito à crise das finanças públicas e no défice excessivo.
Ontem e hoje ficámos a saber que o défice irlandês para este ano será na melhor das hipóteses de 32%… 32%!!!!!!!!!!!!!
32% representa 1\3 de toda a riqueza gerada por lá em 2009.
Depois de quase um mês de um silêncio quase sabático em relação à Irlanda os meios de comunicação mundiais tiveram de voltar a mostrar um pouco mais da realidade quase inacreditável de um país em auto-destruição motivada pelos senhores do costume: BANCA!
A história dessa História está por aqui: E se a Grécia for a Irlanda e Esta o Mundo? e A Irlanda e o Fim da Linha
É quase inqualificável o comportamento dos políticos “bananas” que grassam na sociedade moderna. Preferem conduzir à ruína o seu país a deixarem falir um banco. Para quem ainda tenha dúvidas de e para quem trabalham estes políticos “bananas”, basta ver a realidade da Irlanda… e para quem gosta de acreditar que em Portugal é diferente, que na Europa é diferente, que nos países do mundo desenvolvido é diferente, só lhes consigo desejar muito boa sorte…
32%!

Bem e como a Irlanda é mesmo a melhor comparação com Portugal, vamos tendo direito à beleza artística dos nossos meios de informação e a sua capacidade de pintar de cor-de-rosa aquilo que de rosa não tem nada.
Hoje o jornal Público teve o descaramento de publicar uma noticia com este título absolutamente recortado de um sonho que na realidade é um pesadelo monumental. Eles por vezes nem conseguem reparar nas estupidezes que escrevem, ora vejam lá:

Juros da dívida de Portugal baixam mais do que juros da Irlanda

In Público

Sabem que esta notícia sobre o défice de 32% da Irlanda saiu quase em simultâneo com a divulgação das medidas de austeridade que vão ser aprovadas no Orçamento de Estado para 2011?
Sabem que os juros para Portugal já estavam marginalmente abaixo dos da Irlanda e agora estão em 6,377% em comparação com 6,599% na Irlanda?
Acham que os mercados responderam às diferenças abismais de notícias entre Portugal e a Irlanda?
Pensem só nisto. Imaginem que seria Portugal a apresentar um défice de 32%, como acham que estaria a comparação dos juros da dívida pública entre Portugal e a Irlanda? Acham que a diferença seria assim tão marginal?
O que nos dizem os mercados internacionais?
Que a Irlanda mesmo tendo um défice de 32% é quase tão fiável como Portugal que irá apresentar um défice, dizem eles, de 7,3% – menos 24,7%!
Onde está o cor-de-rosa da comparação entre Portugal e a Irlanda? Onde?
Bem sei que não é fácil encontrar pontos positivos na actual conjuntura para amaciar a mente do Zé Povinho, mas pelo menos façam um pouco mais de esforço para não se tornarem ridículos…

Portugal é quase tão insignificante que em nenhum meio de comunicação social encontrei algo ou alguém a falar sobre a quase inacreditável proximidade dos juros cobrados a Portugal e à Irlanda, quando os seus cenários económico são monumentalmente diferentes.
Continuamos a ouvir dizer que os 50 mil milhões de euros injectados pelo governo irlandês até ao momento são muito mais perigosos para a Europa do que o caso português. Mas então qual a razão dos mercados internacionais não revelarem isso nos juros?
Deixo esta pergunta no ar porque nos próximos tempos iremos começar a ter respostas para ela… de certeza…

E uma nova onda está a ganhar força na Europa: os protestos sociais estão a transformar-se em convulsões sociais… que simpaticamente são usualmente apelidadas pelos meios de comunicação social como protestos.
Já todos(?) sabem o que se passa na Grécia… mortos. Anteontem, em Espanha, durante uma greve geral, mortos. Na Islândia os políticos têm de fugir dos manifestantes porque já deixaram de ser “mansinhos”. Na Irlanda a calma está a dar lugar à ira, e como todos sabemos o IRA ainda é uma lembrança muito recente.
O que acham que poderá vir a ser o Portugal social daqui para a frente? Irá ser diferente? Irão os portugueses manter a calma?
Estaremos cá para assistir.

E fazendo um pouco de futurologia, como acham que irá reagir o Estado se for violentamente confrontado e colocado sobre pressão, principalmente colocado em causa o status quo de algumas instituições e políticos “bananas”?

Por acaso hoje até tivémos acesso a uma pequena demonstração de como poderão vir a tentar resolver essas contrariedades.
O Estado como quer baixar os ordenados dos empregados públicos das empresas do Estado, e como isso é ilegal por lei, não vai de modos e altera a lei à pressa de forma que isso passe a ser exequível.
Poderia ficar aqui a escrever linhas sobre a superficialidade dessa acção, mas quero falar sobre ela de forma mais profunda.
As leis só são benéficas para a sociedade quando são feitas para defender a sociedade. Quando as leis passam a ser instrumentos políticos deixam de ser leis e passam a ser veículos de propaganda. Este tipo de veículos de propaganda são uma das armas de todos os Estados não democráticos.
Um dos maiores perigos que enfrentamos actualmente é o da degradação da acção das leis que regem a nossa sociedade, podendo estar a ser desenvolvidas para defender uma pequena minoria em desfavor da maioria, ou seja, beneficiando uns mais que outros. (Acho que já sabem quem são os “uns”…)

Então vou fechar este artigo dando um exemplo estúpido de como o status quo “político-bananeiro” pode transformar uma das suas acções primordiais numa das coisas mais banais e perigosas de forma a defender os seus interesses:
Se por acaso a Assembleia da República aprovar que é proibido usar camisolas amarelas, todos os que usarem camisolas amarelas serão criminosos.
A linha que separa um Estado democrático social de um demo-crático é mesmo muito ténue, e caso tenham achado que o exemplo que dei é estúpido demais, lembrem-se da proibição imposta em França ao uso do véu por parte das mulheres muçulmanas…
Sabem a estupidez é parte integrante da mentalidade da nossa sociedade, por isso…

Ai, como o mundo é tão complicadamente simples…

Notícia do OJE – Défice irlandês atinge 32% com resgate bancário
Notícia doPúblico – Juros da dívida de Portugal baixam mais do que juros da Irlanda
Notícia do The Wall Street Journal – Irish Crisis Shakes Europe
Notícia do The Wall Street Journal – Is Europe Heading Back to the Brink?
Notícia do Buenos Aires Herald – Ireland faces ‘horrendous’ bank bill
Notícia do The Guardian – Iceland’s politicians forced to flee from angry protesters
Notícia do The Guardian – Ireland’s anger a taste of life after cuts
Notícia do Jornal de Negócios – Corte dos salários no sector público empresarial é ilegal
Notícia do Jornal de Negócios – Governo mexe no Código do Trabalho para cortar salários
Notícias de Apoio:
Notícia da BBC – Protestos na Grécia deixam três mortos
Notícia do Jornal de Notícias – Nove feridos e tiros para o ar em confrontos nos arredores de Madrid
Notícia do Público – Protestos de rua na Islândia acabam em violência
Notícia da BBC – Senado da França proíbe o uso de véus islâmicos em público

Os Malabarismos e a Imagem do Estado Social a Desvanecer

Fundos de pensões da PT salva o défice de 2010. Governo corta nas despesas de saúde no IRS e nos benefícios fiscais das empresas. Governo congela pensões e corta no abono de família. Portugueses podem vir a pagar o triplo pelos medicamentos. Consumidores e função pública pagam a maior factura do défice. Governo estuda novo imposto sobre o sector financeiro

Hoje foi o dia sobre o qual tenho vindo a alertar desde que abri a mOsca.

Hoje foi para muitos um dia recheado de notícias que caíram tipo bomba nuclear nas suas perspectivas de vida num futuro mais próximo…
Para mim?
Bem… acho que estas medidas não serão suficientes para resolver a situação do país neste sistema financeiro, apenas, e talvez só apenas, um adiar…
Mais tarde terei tempo de começar a aprofundar o porquê de pensar desta forma… quase de certeza que irão começar a surgir notícias em relação a isso…

Vivemos realmente num circo onde os malabarismos dos “bananas” que nos (des)governam são montados e usados de forma a escamotear e obscurecer a realidade da vida deles… que por inerência acaba por ser a nossa vida…

Ficamos então a saber que o défice para 2010 de 7,3% irá(?) ser cumprido usando um malabarismos artístico-financeiro onde o fundo de pensões da PT passará para as contas correntes do Estado ainda este ano de forma a abater o défice do corrente ano… 2,6 mil milhões de euros.
Fantástico!

Este não é um malabarismo novo, o mesmo tipo de acção circense foi usada para mascarar o défice em 2003 com o fundo de pensões dos CTT e em 2004 com o fundo de pensões da CGD.
(Não vos “cheira” a Grécia?????)

(…)o ministro das Finanças justificou a transferência do fundo de pensões da Portugal Telecom para o Estado com “a despesa extraordinária relativa à aquisição dos submarinos (contrato celebrado em 2004) e a execução abaixo do previsto da receita não fiscal”.

In Diário de Notícias

Viva os submarinos!

Até quando irá o Estado conseguir mascarar com malabarismos as contas do défice?

E o que falar sobre os impostos que nos são vendidos como não sendo impostos?

Vamos todos assistir a uma redução das deduções fiscais com a saúde no IRS e a um aumento do preço dos medicamentos.
Daqui a uns tempos adoecer poderá ser apenas coisa para os mais abastados, porque muitos mais alguns terão de ceder na sua saúde de modo a conseguirem colocar uma “buchazita” no estômago.
Fantástico!
O imposto mais bem escondido – até agora – nas medidas aprovadas para o combate ao despesismo deles é a redução das comparticipações do Estado nos medicamentos, o que irá obrigar a maioria das pessoas a pagar até o dobro daquilo que pagava por medicamentos e os beneficiários mais pobres a pagar o triplo. A isto chamo “a chegada sem meias medidas do fim do Estado Social“… os mais pobres serão uma vez mais aqueles que mais terão de pagar por este imposto “escondido”.
Talvez agora consiga compreender melhor o porquê do Ministério da Saúde ter aprovado legislação que não obriga as embalagens dos medicamentos comparticipados a ter preço… é indubitavelmente para que as pessoas não consigam saber sequer se o medicamento chega a ser comparticipado… como poderão… não conseguirão fazer a comparação com o preço na embalagem…
Mais malabarismos!
Fantástico!

E alguém ouviu falar de impostos sobre a banca? Sobre os movimentos de capitais? Alguém?
É verdade… hoje saiu uma notícia que diz que o governo está a preparar um imposto sobre o sector financeiro…
Todos os outros impostos já estavam preparados menos o imposto sobre o sector financeiro?
Não sei se hei-de rir ou chorar com o descaramento destas “bestas”…
Vai uma aposta que isto é apenas uma notícia para acalmar as mentes que reclamam justiça fiscal e social num país chamado Portugal que se intitula democrático?
Vai uma aposta que isto é uma montanha que irá parir um rato?
Daqui a uns tempos irei certamente voltar a falar deste tema…

E depois, pois claro, o congelamento das pensões e o corte dos abonos de família dos agregados com um salário bruto acima de 630 euros é uma realidade inquestionável… para quê pensar nisso… corta, corta, corta… “esses” não nos dão DINHEIRO só despesa (mente das “bestas”)… corta, corta, corta…
Uma família com 630 euros brutos por mês é considerada rica e não terá direito ao abono de família… São 630 euros sem descontar o IRS e o IVA, e sem os 23% de IVA que terá de pagar por muito do pão que terá de comprar para comer… e sem contabilizar o aumento do preço dos medicamentos… esses já são RICOS… 630 euros!!!!!!
Fantástico!
As pensões congeladas? Meu Deus… congelem as pensões acima dos 1000 euros, e reduzam as acima de 1500 euros, agora não aumentar 2% as pensões de 250 euros por mês é do mais baixo e reles possível e imaginário!
Estas “bestas” são realmente insanas e ingratas!
Fantástico!

E é assim, a imagem do Estado Social a desvanecer e a realidade de uma vida com cada vez menos de excedente a ganhar contornos de inevitabilidade, de modo que os vícios de um aparelho que alimenta as ânsias de ganância de 1% da população possa continuar de vento em popa.

Notícia do Correio da Manhã – Fundos de pensões da PT no Estado garantem metas do défice
Notícia do Jornal de Negócios – PT “salva” défice de 2010 (act)
Notícia do Diário de Notícias – Défice de 7,3% com ‘ajuda’ do fundo de pensões da PT
Notícia do Público – Governo quer cortar nas despesas de saúde no IRS e nos benefícios fiscais das empresas
Notícia do Jornal de Negócios – Governo congela pensões em 2011 e corta no abono de família
Notícia do Jornal de Negócios – Rendimentos superiores a 630 euros perdem abono de família
Notícia do Diário Económico – Portugueses podem pagar o triplo pelos medicamentos
Notícia do Jornal de Negócios – Cortes na despesa com medicamentos e exames na ordem dos 500 milhões
Notícia do Jornal de Negócios – Consumidores e Função Pública pagam a maior factura do défice
Notícia do Expresso – Novo imposto sobre o setor financeiro