Ao Ritmo do Casino

Uma pergunta tem-me perseguido nestes últimos tempos. Porque razão existe um silêncio quase ensurdecedor sobre o que está a acontecer aos casinos europeus (banca) nos meios de comunicação em português?
Não é que já não tenha assistido as situações que tal… e não é que tais situações não sejam recorrentes – infelizmente… e não é que os mesmos meios de comunicação não sejam na sua grande maioria pertença directa ou indirecta de um ou de outro casino. A surpresa advém do facto de desta vez poder ser mesmo a estocada final na economia global, e que mesmo assim pouco, ou nada mesmo, do que está a sair nos nossos ditos guardiões da democracia quase não revelar mais que meros detalhes da situação. Estarão os casinos portugueses todos com a cabeça enfiada na guilhotina tal o silêncio imposto?
Esta é uma pergunta válida perante o tamanho deste silêncio que preenche as paginas e ondas da comunicação social em português, e muito provavelmente só iremos obter a resposta quando pouco ou nada houver a fazer…

Há uns tempos quando escrevi o artigo A Tempestade Perfeita, demarquei quatro sintomas que estavam à época conjuntamente a fazer pressão sobre a economia mundial, e que bastava um desses sintomas evoluir de uma pressão para a implosão para que todo o mundo fosse arrastado numa espiral que poderá fazer a Grande Depressão da década de 1930 parecer um mero recreio.
E para pouco variar… serão novamente os casinos que pautam este sistema económico que irão lançar o foguete final?

Os bancos têm evidentemente imensos fundos para empréstimos, como evidencia o elevado volume de depósitos efectuados nas últimas semanas no BCE.
In The Wall Street Journal

A ser verdade o que é afirmado aqui nesta peça deste jornal de referência do mundo dos casinos, porque razão a Zona Euro estará, aparentemente, por entre portas e travessas a preparar…

[…]um “plano radical” para prevenir um novo aperto no crédito pan-europeu.
In CNBC

Uma destas duas informação não reflecte a verdade, ou a reflectir, na melhor das hipóteses, uma parte dos casinos andará a fugir da outra parte… uns depositam e outros não têm fundos.

[…]este movimento surge depois de a vários bancos europeus lhes terem sido encerradas as portas dos mercados internacionais de dinheiro.
In CNBC

E enquanto a maioria dos Zé Esquecidos tem andado entretido com a crise das dívidas soberanas, foi-se lentamente esquecendo da raiz que lançou as bases para a crise que enfrentamos actualmente… e essa raiz tem um nome: Casinos!!!
Terão os problemas nos casinos do mundo sido resolvidos desde 2008 para cá e mais especificamente os dos casinos na Europa?

Os esforços para evitar defaults nas dívidas soberanas foram em larga medida impulsionados não pela preocupação com os países. […] Ao invés, os esforços foram dirigidos como um bailout pela porta das traseiras aos bancos, os quais têm em sua posse muita da dívida soberana.
In CNBC

Em parte têm sido resolvidos através da errónea sensação de transição da dívida dos privados – bancos – para o público – BCE. E isso é erróneo porque quase nenhuma dívida, se é que alguma, foi realmente saldada, apenas transitou de um lado para outro, do privado para o público. Os problemas continuam a ser exactamente os mesmos e pior, agora a solução poderá vir a ser…

Isto poderá salvar os bancos europeus enquanto os países mais fracos serão deixados cair, o que irá atingir os detentores de créditos que ainda não se conseguiram livrar da dívida soberana.
In CNBC

Começa a cair a máscara que o bananal tem usado para distrair o Zé Esquecido do problema central, do problema com os casinos e casineiros. Sempre a mesma fonte central de problemas!
E quem já veio a terreiro “gritar” que nem um doido por salvação?

O regulador da banca europeia (EBA, na sigla do inglês) está a preparar um esquema para ajudar os bancos a conseguirem financiamento de médio e longo prazo no mercado.
Entre as propostas que estão em consideração, enumeradas pelo «Financial Times» está um novo esquema de garantias para as obrigações bancárias, uma medida controversa que implicaria a atribuição de mais poderes ao fundo europeu de estabilização financeira (FEEF),[…]

In Agência Financeira

Ora nem mais, afinal ainda vamos acabar por saber que o FEEF – fundo de apoio às dívidas soberanas – era na sua essência afinal um fundo de apoio aos casineiros. Cai de vez a máscara? Já não dá para esconder e enganar mais?
Hmmm… até lá o bananal ainda deverá conseguir encontrar uma nova forma de amolecer a mente dos Zé Esquecidos…

Há quatro anos, os gigantes fundos financeiros americanos pareciam ser um dos actores mais sem sabor na cena financeira global. Mas em 2007, sem ninguém dar por nada eles ajudaram a despoletar a crise do mercado imobiliário mundial quando silenciosamente deixaram de adquirir as obrigações imobiliárias. […] nas últimas semanas estes fundos têm estado silenciosamente a afastar-se dos bancos europeus, recusando-lhes empréstimos, ou cortando nas maturidades dos fundos que providenciam. […] Por exemplo, a Morgan Stanley calcula que dos 8 biliões de dívida que estão actualmente a cargo dos 91 maiores bancos da Zona Euro, cerca de 58% terá de ser pago nos próximos dois anos. Ainda mais impressionante é que cerca de 47% desses fundos tem menos de um ano de maturidade.
In CNBC

Quase 4 BILIÕES!!! Quase 4 biliões que terão de ser refinanciados no espaço de UM ANO!!! Isto é a verdadeira montanha da dívida!! Não são os 220 mil milhões da Grécia, ou os 90 mil milhões da Irlanda, muito menos os 75 mil milhões de Portugal que fazem tremer a economia mundial!!!
O problema está onde sempre esteve, na insanidade de uns casinos que jogaram alto demais durante décadas a mais!!! E por muito que se deseje salvar a economia mundial dos laivos de insanidade destes casineiros, a montanha já é muito maior que o mundo… não há solução… ou a única solução que existe e que está a ser praticada é a de retirar riqueza dos Zé Esquecidos para tentar tapar um buraco que somando todos os casinos da alta finança global poderá ir daqui à lua e voltar milhares de vezes!!!
Infelizmente este nosso mundo precisa de voltar à estaca zero e recomeçar tudo de novo. Não é possível sustentar algo onde todos devem dinheiro a todos e poucos, se mesmo alguns, terão dinheiro para pagar a todos!!!

E quem e por onde irá estalar o verniz?!? Quem e qual irá ser o ponto de partida para a chegada final?!?

Nos últimos 20 meses, os bancos do país sofreram um levantamento de depósitos sem precedentes. Dezenas de milhares de gregos-dos mais abastados até aos mais pobres- movimentaram as suas poupanças para fora do país, ou guardaram-nas em um cofre, ou colocaram-nas debaixo do colchão, afirmam os banqueiros.
In The Wall Street Journal

Será pelos bancos gregos?!?! Talvez, mas talvez também sejam quase insignificantes… talvez, ou talvez não…
Sabemos que os bancos gregos andam em fusões aceleradas para tentar conter os prejuízos. Irá isso resultar?

Banco grego já perdeu em bolsa o que ganhou com anúncio da fusão
In Jornal de Negócios

Não!!!
Então o que resta aos casinos gregos?

Numa medida descrita como “o último sustento para os bancos gregos”, o banco central do país em crise activou pela primeira vez a Assistência de Liquidez de Emergência (ELA) na quarta-feira. […] A ELA foi criada apoiada em regras da Europa para permitir que os bancos centrais nacionais possam providenciar liquidez aos seus bancos nacionais quando estes ficam sem colaterais de qualidade para serem usados para se financiarem junto do BCE. É uma ferramenta obscura que é suposto ser temporária e ser utilizada como último recurso para os bancos endividados.
In The Telegraph

Já nada mais resta a não ser a falência… do Estado…

E se o foguete final não partir da Grécia? E se for em Inglaterra?

O custo para assegurar dívida júnior do Royal Bank of Scotland atingiu um recorde porque os investidores de mercado estão cada vez mais nervosos sobre o financiamento dos grandes bancos ocidentais. […] “a demarcada subida nos CDS é indicativo do crescendo de preocupações dos investidores sobre a qualidade dos bens dos bancos numa perspectiva de enfraquecimento do crescimento económico e preocupações com a crise da dívida soberana na Zona Euro,”[…]
In The Telegraph

Hmmm…

E que tal se for em Itália? E em Espanha? Na França? Em Portugal? Na Alemanha? Na Noruega?
Todos estes países, e mais alguns não aqui mencionados, estão a contas com as contas travessas dos seus casinos e dos seus insanos casineiros.
As pontas estão soltas e alguma irá ser puxada e quando o for será o princípio do precipício já conhecido de todos os bananas e casineiros, só desconhecido dos Zé Esquecidos, porque na realidade o sistema financeiro europeu está há muito…

“[…] insolvente” […] “Se compararmos os bens dos bancos europeus com o mercado, as responsabilidades dos bancos excedem em muito o valor dos bens e do seu colchão de capital”, afirma Minerd. “A realidade é que todas as soluções que estão a ser avançadas pelos fazedores de políticas é mais e mais liquidez, e a realidade é que isto não é um problema de liquidez, é um problema estrutural.” […] “O sistema está tão instável que qualquer indicador de que o bailout [Grécia] está a ruir envia imediatamente ondas de choque pelos mercados. Existe um nível elevado de desconfiança e suspeita que a Europa não irá conseguir apresentar uma reestruturação de sucesso.”
In CNBC

Pois… presos por arames e no arame. Presos e suspensos no casino e pelos casineiros. Até a “pequena” Grécia, caso entre em incumprimento, fará muito provavelmente ruir o edifício financeiro insano e tresloucado de um sistema que há muito é gerido como se o amanhã pudesse sempre ser gasto hoje. Mas quem tudo gasta hoje no amanhã nada terá!!!
E o resultado irá chegar através de…

[…] um crash mais severo do que o despoletado pelo colapso do Lehman Brothers […] Os seguros da dívida de alguns dos maiores bancos europeus atingiram níveis históricos, mais elevados do que os registados durante a crise financeira causada pela implosão de um grupo financeiro americano, há quase três anos. Os CDS sobre as obrigações do Royal Bank of Scotland, BNP Paribas, Deutsche Bank e Intesa Sanpaolo, entre outros, deixaram sinais de alerta na quinta-feira. […] “Acho que estamos a caminhar para um choque nos mercados, em Setembro ou Outubro, que irá superar tudo o que já vimos até agora”[…]
In The Telegraph

Conclusão:
Silêncio um pouco por todo o lado… Silêncio que culpa quem cala… Silêncio ao ritmo dos… Casinos que nadam em nada… Dinheiro que não nada com eles… Uns que têm e outros que pelam e depenam… Um sistema sem sistema num projecto sem destino… Um destino já marcado mas desmarcado nos discursos… Sejam ricos ou pobres, os países, os seus donos são sempre os mesmos… Donos de um mundo sem noção e perdido na ilusão… Tudo reflexo em um espelho sempre feito e vivido ao ritmo dos casinos!!!

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Posted on 31/08/2011, in Artigos, Banca, Corrupção, Economia. Bookmark the permalink. Deixe um comentário.

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